Como a internet, a tecnologia de informação e a nova mídia estão moldando a classe trabalhadora mundial
Publicado em 29.11.12 - Por Steve Zeltzer - LaborNet, publicado no GISWatch 2011
Tradução: Aray Nabuco, na Caros Amigos
De
trabalhadores da fábrica têxtil no Egito às fábricas têxteis de
Mahalla, aos trabalhadores chineses em fábricas da Honda, aos
funcionários públicos de Wisconsin: redes sociais, internet e novas
tecnologias de comunicação estão desempenhando um papel fundamental na
ligação de trabalhadores em nível local, nacional e internacionalmente.
Em cada uma dessas lutas o uso de mensagens de texto via celular,
Twitter, YouTube e transmissões de vídeo está desempenhando um papel
vital em ajudar a passar a palavra, defendendo contra a repressão e
articulação com os trabalhadores em toda parte do mundo.
A
economia global e a busca por maior rentabilidade é a força motriz no
desenvolvimento de tecnologia de comunicações. Linhas de produção
internacionais estão ligados através da internet, e a exportação e
transferência de trabalho através da rede é endêmica.
A
ampliação da cobertura pela telefonia móvel tem sido vital para aqueles
que trabalham globalmente. Em 2010 existiam 4,6 bilhões de telefones
celulares em serviço, que passou a 5 bilhões em 2011. Mesmo em partes da
África onde apenas 5% da população tem eletricidade, trabalhadores
globais, e particularmente trabalhadores estrangeiros, agora estão
linkados através de seus telefones celulares.
Pioneiros
Um
dos primeiros usos da internet pelos trabalhadores para a educação e
solidariedade foi o dos estivadores de Liverpool, na Inglaterra, em
1995. Os 500 trabalhadores que eram líderes locais e membros da
Transport and General Workers Union (TGWU) se recusaram a atravessar a
linha estabelecida para os piquetes. Esta atitude foi considerada ilegal
sob as leis antitrabalhistas de Thatcher e os estivadores não apenas
enfrentaram as leis governamentais, mas também a aceitação delas pela
seu sindicato. Os trabalhadores tinham que quebrar o bloqueio da
informação. LaborNet, em colaboração com a GreenNet, membro no Reino
Unido da Association for Progressive Communications (APC), dos Estados
Unidos, desenvolveram com o trabalho de Chris Bailey e Greg Dropkin o
primeiro web site para apoiar as lutas globais.
A
página da web permitiu aos estivadores de Liverpool levar sua luta para
os australianos, assim como para trabalhadores portuários de todo o
mundo. O trabalho incluía mensagens de solidariedade e ajudou a
solidificar uma campanha internacional de defesa que envolveu igualmente
ações de estivadores nos Estados Unidos, Canadá e Japão contra o navio
Neptune Jade.
Uma
das lições desta luta para as classes trabalhadoras foi que as leis
antitrabalhistas, as restrições à solidariedade e as ações das
corporações para impedir o conhecimento das lutas dos trabalhadores
poderiam ser superadas utilizando-se a internet. De fato, durante o
boicote ao Neptune, navio a serviço de uma empresa considerada
perseguidora de sindicatos, imagens em vídeo foram providenciadas para a
CNN no Reino Unido e pela primeira vez a emissora mostrou que o boicote
tinha apoio internacional.
Este
uso multimídia de computadores tem sido replicado muitas vezes através
da rede mundial e o crescimento das redes sociais e transmissões ao vivo
fazem desta ferramenta um serviço de 24 horas por dia.
Trabalhadores temporários e comunicação
Capitalistas
também têm procurado usar a tecnologia para o controle dos
trabalhadores temporários. Um documento chamado "A Revolução Beeper da
Coréia" mostra como os trabalhadores eram contratados sendo bipados
através de seus telefones móveis e não tinham contato com outros
trabalhadores. Isto também os impediu de unirem-se e começar a se
organizar. A atomização dos trabalhadores, que não estão trabalhando
juntos no mesmo local como antigamente, mas apenas quando bipados ou
chamado ao telefone, é um grande obstáculo à organização dos
trabalhadores.
Este
é especialmente o caso com o uso de trabalhadores temporários em nível
global, como na Espanha e outras partes da Europa, bem como na Coréia,
onde 30% ou mais da força de trabalho são temporários. No Japão, onde
estes trabalhadores, na sua maioria jovens, são chamados Freeta, a sua
marginalização através de seu isolamento é uma política consciente das
corporações e governo. Eles têm feito isso através da desregulamentação e
de leis antissindicais, que inibem a sindicalização e a ação coletiva.
Vigilância
Em
um documento chamado "Trabalhadores sob vigilância e controle"
("Workers Under Surveillance and Control: Background"), apresentado pelo
professor coreano Kang Soo-dol, da Universidade da Coreia na Terceira
Conferência Anual Internacional de Trabalho com Mídia de Seul (Third
Annual Seoul International Labor Media) de mídia em 2001, foi salientado
que este meio de controlar e utilizar o trabalho era extremamente
ligado ao uso de tecnologias digitais e de comunicação.
O
grande temor do capital é que através de seu poder coletivo, o
trabalhador irá se recusar controle de gestão e ameaçar o seu poder para
governar. Este medo foi confirmado na greve geral de 1997 na Coreia do
Sul, quando a jovem Confederação Coreana de Sindicatos (KCTU) liderou
uma greve geral, em parte através do uso de redes de computadores. Na
segunda edição da conferência em Seul, foram apresentados relatórios
sobre o uso pelo Sindicato dos Metroviários de Seul de um grupo de
usuários de computador (CUG) para ajudar a organizar a greve geral.
Sindicalistas relataram que tinham que ir de metrô para realizar a
greve, e fez isso através do uso de redes de computador para manter a
comunicação aberta na greve bem sucedida. Esta foi também a primeira
greve geral em que os trabalhadores usaram de vídeo para documentar o
movimento em todo o país com o desenvolvimento de uma estação de
trabalho em vídeo.
Festivais de trabalhadores
O
crescimento do LaborFests, festival de cinema dedicado à classe
operária, e de outros festivais de cinema e vídeo, também se tornaram
uma ferramenta para a expansão da comunicação e do conhecimento sobre o
trabalho e as lutas democráticas dos trabalhadores em todo o mundo. O
LaborFest, primeiro em San Francisco em 1994, agora se expandiu
internacionalmente, com festivais de cinema na Turquia, Coréia, Japão,
Argentina, África do Sul e outros países. Estes vídeos também podem ser
transmitidos ao vivo e o desenvolvimento de um canal internacional de
vídeo do trabalho na internet e TV a cabo seria um poderoso veículo para
a construção da solidariedade e o incremento da educação.
O
uso de uma variedade de tecnologias de comunicação nas lutas do
trabalho é uma lição vital da nova era das telecomunicações. Este foi
também o caso com os trabalhadores egípcios de Mahalla que usaram seus
celulares para organizar suas ações e superar o controle governamental
da informação. Como sugerido, o uso de telefones celulares tornou-se um
veículo histórico para os trabalhadores e das lutas dos povos em todo o
mundo. Hoje, os trabalhadores de Mahalla não apenas usam seus telefones
móveis para a mobilização, como também sites de redes sociais, como o
YouTube, para divulgar seus planos de ação.
Papel fundamental
Outro
relatório, elaborado por Hossam El-Homalawy, um jornalista e ativista,
mostra como o papel do telefone celular e redes de computadores foi
fundamental na construção do movimento operário no Egito - e de fato
levou à fundação do movimento de massas que tirou Mubarak do poder.
Telefones
celulares também têm o potencial de serem usado para espionar os
trabalhadores e para impedir a sua luta por união pelos direitos
trabalhistas. O caso mais chocante é também na Coréia, onde os
trabalhadores da Samsung tentavam se organizar. Eles conversaram com seu
advogado para saber seus direitos e quando voltaram para a fábrica, seu
chefe repetiu palavra por palavra o que tinham conversado. Seus
telefones haviam sido usados pela virulentamente anti-trabalhista
Samsung para rastrear suas localizações e gravar o seu encontro privado
com o advogado.
Novamente,
o trabalho de mídia independente do movimento foi capaz de produzir um
vídeo sobre como os telefones móveis estão sendo utilizados contra os
trabalhadores. Baseado em Seoul, o Laboratório de Produção de Notícias
fez um documentário chamado de "Big Brother Está Olhando: O Outro Lado
da Samsung" (2006), que também foi exibido para os trabalhadores de todo
o mundo, incluindo na Turquia, Argentina e EUA.
Rastreando trabalhadores na internet
Outro
uso perigoso das novas tecnologias de comunicação é o uso da internet
no rastreamento de ativistas sindicais e seus organizadores, bem como de
trabalhadores doentes ou feridos, para permitir que seus empregadores
recolham informações que irão ajudá-los a rescindir os seus contratos.
Hoje, tudo que é feito na internet permanece no mundo da internet.
Ações, incluindo assembléias trabalhistas, greves e outras atividades
estão sendo gravadas tanto pela grande mídia, quanto pelos jornalistas
independentes e este material, uma vez postado, é rastreável em um nível
global.
Inteligência
artificial desenvolvido pela Google e outras corporações agora está
sendo aproveitada para coletar e analisar, de forma eficaz, dados das
pessoas para determinar sobre o que eles estão interessados visando a
venda futura de produtos. Isto inclui editoras como a Amazon e outras
empresas de consumo on-line. As informações sobre os livros que você
compra ou olha nos sites agora estão sendo captadas por empresas
privadas que têm interesses particulares. E alguma desta informação
torna-se pública. Para saber se um trabalhador está buscando livros
sobre a história do trabalho, por exemplo, você poderia fazer uma busca
sob as leis dos EUA e outras leis em todo o mundo.
Digitalização da indústria da saúde ameaça os direitos à privacidade
Em
um mundo com controle privado dos tratamentos de saúde, este é
especialmente o caso com a digitalização de prontuários médicos por
empresas privadas e os capitalistas, que procuram limitar suas
obrigações. Um poderoso exemplo disso é o recente caso do Sistema Único
de Saúde Adventista. A trabalhadora em TI Patricia Moleski foi destacada
pela empresa para excluir os registros eletrônicos de trabalhadores
lesionados para negar compensação trabalhista devida a eles. Ela também
foi ordenada a excluir registros de mortes e outras práticas ilícitas,
operação que seria atribuída a uma falha de computador. A falha em ter
gravações de segurança (backups) em um sistema médico eletrônico e a
falta de qualquer regulamentação série pode potencialmente permitir a
manipulação em massa de informações, ameaçando os direitos humanos
básicos de trabalhadores e pacientes.
O
desenvolvimento da tecnologia das comunicações e da digitalização de
nossa sociedade tem, geralmente, deixado organizações trabalhistas para
trás, apesar do trabalho que tem sido feito. A maioria dos sindicatos no
mundo não fazem treinamento de mídia e não educam os seus membros no
uso da tecnologia e sobre os perigos que representam para os seus
sindicatos e público. Questões da neutralidade da rede e apelos para uma
mídia forte e independente que iria apoiar causas dos trabalhadores
geralmente não são abordadas.
Uso das tecnologias pelos trabalhadores cresce em todo o mundo
O
potencial para a organização dos trabalhadores através da tecnologia
está crescendo em nível mundial. Trabalhadores da IBM, que são
pró-sindicato, têm se organizado e lutas importantes foram desenvolvidas
em torno da liberdade de informação. Ken
Hamidi, um funcionário da Intel que instalava sistemas, foi ferido
quando dirigia durante o trabalho. Ele continuou a trabalhar até não
poder mais fazer o serviço, se queixando de problemas de saúde
crescentes. A Intel se recusou a cuidar de sua lesão e, como resultado,
Hamidi formou uma organização de funcionários e ex-funcionários chamada
FACE (Former and Current Employees of Intel). Ele foi provido por um
defensor da causa com os endereços de e-mail de mais de 30.000
trabalhadores e enviou mensagens para funcionários da Intel em todo o
mundo. Para esta ação, a Intel foi à Justiça e obteve uma liminar
acusando Hamidi de ter invadido um bem móvel por enviar as mensagens.
Com o apoio da federação dos sindicatos do comércio dos EUA, da Fundação
Fronteiras Eletrônicas, bem como da LaborNet, Hamidi foi bem-sucedido
em derrotar este esforço para reprimir a sua liberdade de expressão. O
esforço para evitar que trabalhadores e sindicatos enviem e-mail para
seus colegas de trabalho e obtenção de informações através do correio
eletrônico foi frustrado.
A
luta para defender os trabalhadores que fazem a tecnologia é
fundamental. As condições brutais enfrentados pelos trabalhadores da
Foxconn, na China, está levando a muitos suicídios e mostram a
verdadeira história por trás de iPhones e outras novas ferramentas de
comunicação. Trabalhadores e defensores dos direitos humanos têm se
mobilizado nacional e internacionalmente para exigir justiça para esses
trabalhadores.
Termo anti-suicídio
A
Foxconn ainda procurou forçar os trabalhadores a assinar documentos
prometendo que não iriam cometer suicídio, trabalho feito em conjunto
com a federação sindical governamental (ACFTU) em 2006. Mas isso
significa muito pouco quando se trata das condições dos trabalhadores na
planta da fábrica, onde estão em situação similar a escravos, que
continuaram as mesmas sob o novo "acordo de união".
Isto
não quer dizer que as condições dos trabalhadores, mesmo em empresas de
tecnologia como o Google, são apropriadas. Os funcionários do Google
são separados por emblemas coloridos e os de nível inferior são
discriminados na empresa em razão da cor do crachá que eles usam. Um
ex-cinegrafista do Google declarou: "Falando
por mim, o que me preocupa é que há, aparentemente, uma classe de
trabalhadores (amarelos) para os quais são negados privilégios que são
dados a outros trabalhadores de natureza equivalente não-qualificados ou
temporário (vermelhos)... A única diferença entre essas duas classes de
trabalhadores são a natureza exata de seu trabalho (de digitalizadores
versus, por exemplo, zeladores), e sua origem racial mestiça. Na minha
opinião, nenhum desses motivos é um motivo legítimo para retirar um
privilégio, como transporte gratuito para um grupo, enquanto garantem
esta mesma concessão para o outro grupo. Você, é claro, pode não
concordar." [Andrew Norman Wilson gravou a segregação de trabalhadores no Google; assista ]
Trabalho usando a mídia social: A espada de dois gumes
Não
há dúvida de que a mídia social se tornou ferramenta vital na proteção
dos direitos democráticos e de trabalho. Estas ferramentas têm ajudado a
articular sindicalistas e militantes de direitos humanos em todo o
mundo. Ao mesmo tempo, no entanto, os trabalhadores estão sendo
demitidos por seu chefe por colocar material sobre o seu trabalho em sua
página do Facebook em seu tempo livre.
Em
um caso recente na Junta Federal de Relações Trabalhistas, nos EUA, o
conselho decidiu que as ações de cinco trabalhadores que haviam sido
demitidos por usar o Facebook para divulgar más condições de trabalho
não eram motivo de demissão.
Este
esforço por parte dos empregadores e empresas para silenciar os seus
trabalhadores que usam o Facebook e a internet está crescendo.
Em
um caso recente no Reino Unido, a UK Uncut informou que o Facebook
havia retirado ilegalmente material e procurou mudar as páginas dos
trabalhadores.
Além
disso, os governos têm procurado fechar sites de organizações
trabalhistas e de direitos civis "em muitos países em todo o mundo,
incluindo o desligamento da internet no Egito durante a recente revolta.
Isso provavelmente vai acontecer novamente, como movimentos de massa
que buscam romper o bloqueio de informação. A probabilidade disso ser
feito na maioria dos países industrializados, porém, é muito pequena,
pois o desligamento da internet resultaria na paralisação completa de
toda a economia. Nos EUA e na Europa, o fechamento da internet seria
praticamente fechar a economia mundial das companhias aéreas para todas
as transações financeiras. Esta seria, obviamente, um cenário
apocalíptico para os governos, que têm contemplado estas táticas para
silenciar os críticos que usam a internet.
Ataques
Isso
inclui ataques a órgãos de comunicação independentes e, novamente na
Coréia, a supressão de grupos independentes de mídia, como MediAct
trouxe solidariedade internacional e protestos. A APC fez até uma
campanha internacional para defender essa comunidade media center.
O
crescimento mundial de plataformas de trabalho independente da mídia
levou a exemplos significativos e poderosos do uso de streaming para
defender as lutas dos trabalhadores. Sendika.org, um projeto da LaborNet
Turquia, apoiou a greve de fome por trabalhadores demitidos da Tobacco
Tekna, em Istambul, e ao vivo mostraram a greve e entrevistaram os
trabalhadores sobre por que eles estavam sem trabalhar. A transmissão ao
vivo chegou a um público internacional e a solidariedade foi expressa
através de mensagens de texto SMS.
Esta
foi uma expressão concreta de solidariedade internacional para a sua
greve de fome e mostrou como os trabalhadores podem ligar-se
diretamente. Vídeos sobre essas lutas também foram transmitidos em todo o
mundo, incluindo o entitulado "O Vento Sopra dos Trabalhadores".
Pizza do Egito na luta em Wisconsin: A revolução será televisionada?
O
exemplo mais recente das mídias sociais na luta de trabalhadores foi
uma grande batalha em Wisconsin para defender os funcionários públicos
contra os ataques do governador Scott Walker. Enquanto trabalhadores e
estudantes ocupavam o prédio do Capitólio, os defensores do trabalho e
da comunidade estavam usando tweets para angariar alimentos e outros
suprimentos. Dezenas de milhares de trabalhadores foram mobilizados
minuto a minuto para apoiar o piquete através do uso do Twitter e outras
mídias sociais, incluindo transmissão ao vivo por smartphones. [O uso
do smartphone para transmitir as lutas dos trabalhadores diretamente em
seus websites pode ser feito com o www.ustream.com e outros servidores.]
Houve também uma explosão de vídeos de músicas temáticas, dando uma
expressão cultural importante para essa luta, incluindo a música "Cidade
União" (clique e assista).
Quando
alguém no Egito ajudou a comprar uma pizza para os trabalhadores que
ocupavam o edifício do Capitólio, nos Estados Unidos, os trabalhadores
souberam que suas lutas estavam cruzando todas as fronteiras de uma
forma que era impossível no passado.
A
digitalização do mundo e a crescente conscientização da classe
trabalhadora mundial sobre como essas ferramentas de comunicação e mídia
pode ser usada para construir os seus sindicatos e obter apoio para
seus direitos democráticos só vai crescer no futuro. O desenvolvimento
de um poderoso movimento de massas da classe trabalhadora mundial
oferece o potencial para mudar a dinâmica fundamental de quem controla e
faz girar o mundo e essas ferramentas são fundamentais para este
desenvolvimento.
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Piratininga
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