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Para o novo presidente da EBC, a União Latino-americana de Agências de Notícias vai reforçar a região

Publicado em 21.12.11 - Por União Latino-americana de Agências de Notícias

Título original: “A ULAN vai reforçar a região”, diz Nelson Breve

A União Latino-americana de Agências de Notícias entrevistou o novo presidente da Empresa Brasil de Comunicação. Segundo ele, a ULAN será fundamental para fortalecer o papel da América Latina no mapa geopolítico mundial.

Breve analisou o panorama dos meios de comunicação no Brasil e afirmou que o país precisa de uma programação que represente as vozes de todos os setores da população e que esse vazio deve ser ocupado pelas rádios, Tvs e agências de notícias públicas. Ele disse também que a legislação da radiodifusão brasileira é muito defasada e precisa ser atualizada. Nelson Breve descreveu detalhadamente o funcionamento da EBC, que agrupa a TV Brasil, a Agência Brasil e oito emissoras de rádio.

Em que momento político, histórico foi criada a empresa?

Aqui no Brasil, na década de 80, quando nós saímos da ditadura militar e foi instalada uma Comissão Nacional Constituinte, os constituintes estabeleceram na Constituição, após muitos debates, que deveria haver, de forma complementar aos sistemas privado e estatal de radiodifusão, um sistema público. Só que isso não foi implementado, levou muitos anos para ser implementado.

No início da década de 2000, começou um movimento de regulamentação da Constituição, para que fosse implementada a comunicação pública, e esse movimento constituiu o Fórum Nacional da TV Pública. Um movimento da sociedade civil que se reunia e esteve com o presidente Lula no seu primeiro mandato, pedindo para que fosse regulamentada e criada uma rede nacional pública de televisão.

Finalmente, Lula colocou isso na plataforma de seu governo para o segundo mandato e logo ele deu status de ministro ao secretario de comunicação social. Ele chamou para esse cargo o jornalista Franklin Martins e deu a ele a missão de instituir a TV Pública Federal que seria uma espécie de aglutinador de toda a rede nacional pública de comunicação. Foi esse o contexto em que foi formado um grupo de trabalho que estudou todos os modelos, estudou a nossa realidade brasileira e instituiu a TV Pública e posteriormente a rede pública de televisão.

Que lugar tem os meios de comunicação social, a mídia pública no seu país e que âmbito ocupa, até onde chega a Agência no seu país e a nível internacional?

Bom, a nossa agência não está espalhada em todo o país. O meio de divulgação dela é pela internet e ela é muito concentrada em Brasília, no Rio de Janeiro e São Paulo. Não conseguimos ainda os recursos para ramificar a agência em todo o território nacional. Ela funciona muito também para divulgar e distribuir conteúdos e informações relevantes de interesse público e imagens também feitas aqui, principalmente, no Distrito Federal, as imagens da cobertura do poder executivo, legislativo e judiciário federal para os meios de comunicação que não têm recursos suficientes para ter correspondentes em Brasília, que aproveitam muito esse material, esse conteúdo em suas publicações.

A EBC, além da agência, ela tem a rede nacional pública constituída por rádio e televisão. A nossa televisão, por intermédio de canais próprios ou parcerias com universidades federais e emissoras públicas estaduais alcança hoje 23 das 27 províncias, aqui existentes no Brasil. Tem quatro estados que nós não estamos presentes, portanto, estamos nos espalhando por todo o território nacional, distribuindo também por intermédio da banda C de parabólicas, banda C é satelital.

As nossas emissoras de rádio também têm parcerias; não estamos em todo o território nacional, mas estamos presentes em toda a Amazônia com a nossa rádio de ondas curtas e parceria em outros estados que aproveitam o material e distribuem pela internet também.

Como vocês constroem, criam a agenda informativa; a news agenda do dia a dia da agência?

A Nossa agência trabalha com independência. Ela sucede a uma agência que era estatal, mas agora nós temos um Conselho Curador formado, majoritariamente, por representantes da sociedade civil, que acompanha para que ela observe os princípios da comunicação pública e, portanto, não há nenhum tipo de interferência do Poder Executivo Federal na produção do material jornalístico da agência.

Pode nos falar sobre o debate da lei de comunicação que se está dando no Brasil, em que instancia está?

A área de radiodifusão aqui no Brasil, ela está com a legislação muito defasada, ainda dos anos 60. Então, esse marco legal, precisa ser atualizado, modernizado. Há uma proposta que está sendo aprofundada e avaliada no âmbito do Ministério das Comunicações e eu acredito que em breve ela será levada a consulta pública para a sociedade. Eu acredito, além disso, que ela vai prever alguma instancia para que haja uma participação maior da sociedade no acompanhamento da política de comunicação do país.

Que você pensa do funcionamento dos meios em seu país?

A rede privada dos meios de comunicação, que se instalou primeiro no nosso país e, portanto, construiu uma tradição e cativou o público com seus conteúdos. No entanto, há uma carência no país de uma programação que seja mais plural, que represente mais a nossa diversidade, uma comunicação de nível nacional que dê mais voz aos setores que hoje não são tão ouvidos para falar de políticas públicas e dos problemas nacionais. Há também carência de uma comunicação voltada para a formação da criança e da cidadania. Então, esse é o espaço que os meios públicos de comunicação devem ocupar, a meu entender.

O que significa para a EBC a criação da ULAN e em que vocês consideram que isso pode beneficiar a EBC?

A criação da ULAN, guardadas as proporções, ela se assemelha à criação da EBC, da nossa rede nacional pública, aqui no Brasil. Então, é uma oportunidade de você trocar informações, conhecer melhor a cultura dos nossos vizinhos e também proporcionar a eles que nos conheçam melhor também e tenham acesso às informações com o nosso ponto de vista.

É importante porque a América Latina sempre teve grandes dificuldades de ter essa integração que a torna mais forte. A integração das noticias dos países latino-americanos vai ser fundamental para fortalecer o papel dos países sul-americanos, desse pedaço do mundo, na geopolítica mundial.

Empresa Brasil de Comunicação (EBC)

Na EBC trabalham 600 jornalistas, dos que 50 trabalham para a Agência Brasil.

A EBC possui uma diretoria-geral, que cuida da programação, da distribuição dos conteúdos por radiodifusão e multimídia. Também temos uma diretoria de produção, que cuida de todos os conteúdos que vão ao ar na televisão, com exceção daqueles relacionados com jornalismo; a diretoria de suporte que cuida de toda a parte da engenharia e operações de rádio e televisão; a uma diretoria jurídica; a diretoria de serviços que trata de todos os nossos serviços de radiodifusão e especialmente aqueles que nós prestamos ao governo federal (a comunicação feita pelo governo federal na televisão a cabo, a NBR, e também programas como ‘A voz do Brasil’, ‘Café com a presidenta’, ‘Bom dia ministro’); a diretoria de jornalismo que é a nossa agência.

No caso da televisão, temos a TV Brasil e a TV Brasil Internacional, que também estão na web. Ela cuida também das Rádio Nacional e Rádio MEC (a MEC foi a primeira rádio pública do país, instalada na década de 30). Temos a Rádio Nacional no Alto Solimões e rádio de ondas curtas.


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 NPC - Núcleo Piratininga de Comunicação * Arte: Cris Fernandes * Automação: Micro P@ge