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Hist�ria
Imprensa Negra

Publicado em 29.11.11 – Por Claudia Santiago-NPC

Poucos sabem disso, mas o Brasil teve uma imprensa negra forte e atuante no início do século passado. Uma imprensa que funcionou como instrumento de reivindicação de direitos e de combate à exclusão sóciopolítico- econômica do negro, principalmente no Estado de São Paulo. Os jornais estão entre os primeiros focos resistência à desigualdade reinante. De acordo com alguns estudiosos do tema, a predisposição para o associativismo entre os negros foi um componente desta imprensa. Para estes, o associativismo foi um traço identitário das populações negras no novo mundo, desde os primórdios da escravidão. O período em que essa imprensa se desenvolveu abrangeu de 1889 a 1932. Cerca de 20 jornais circularam na cidade de S. Paulo e mais de 30 em todo o estado. De acordo com José Correa Leite, ela era feita pelos negros e para os negros.

Conheça o que diz sobre a Imprensa Negra, o blog http://omenelicksegundoato.blogspot.com/

“Foi ainda no período colonial que o tipógrafo negro Francisco de Paula Brito fundou O Homem de Cor (1833), depois denominado O Mulato, no Rio de Janeiro, primeiro jornal de combate à discriminação racial no Brasil, precursor daquilo que mais tarde iria se chamar “imprensa negra”.

Porém, antes mesmo da iniciativa de Paula Brito, em 1798, pessoas negras em Salvador, na Bahia, haviam organizado a Revolta dos Búzios, utilizando como veículo aglutinador manifestos colados em paredes da cidade, o que hoje se chama jornal mural. Houve ainda a experiência primeira do jornal O Bahiano, do jurista Antonio Pereira Rebouças, que circulou sob sua responsabilidade de 1828 a 1831.

No entanto, na visão do antropólogo francês Roger Bastide, que em 1973 publicou o estudo A imprensa negra do Estado de São Paulo, e da socióloga Miriam Nicolau Ferrara, que em 1981 apresentou a tese A imprensa negra paulista 1915-1963, responsáveis pelas duas principais pesquisas acerca do tema, foi o lançamento do jornal O Menelick, em 1915, o marco fundador da imprensa negra paulista.

Difundindo aquilo que os seus redatores achavam mais interessante para a vida social e cultural dos negros, O Menelick conseguiu grande prestígio na comunidade negra paulista. Após o início da sua circulação, outros periódicos se sucederam na seguinte ordem: A rua e O Xauter, 1916; O Alfi nete, 1918; O Bandeirante, 1919; A Liberdade, 1919; A Sentinela, 1920; O Kosmos, 1922; O Getulino, 1923; O Clarim da Alvorada e Elite, 1924; Auriverde, O Patrocínio e O Progresso, 1928; Chibata, 1932; A Evolução e A Voz da Raça, 1933; O Clarim, O Estímulo, A Raça e Tribuna Negra, 1935; A Alvorada, 1936; Senzala, 1946; Mundo Novo, 1950; O Novo Horizonte, 1954; Notícias de Ébano, 1957; O Mutirão, 1958; Hífen e Niger, 1960; Nosso Jornal, 1961; e Correio d’Ébano, 1963.”



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