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1º Encontro Mundial de blogueiros: ativismo na rede precisa do “mundo real” para se concretizar
Publicado em 31.10.11 - por Opera Mundi
As batalhas travadas nas novas mídias devem ser apropriadas pelos
movimentos sociais e populares, pois as grandes transformações são
realizadas por meio da pressão nas ruas. Esse foi o consenso entre os
debatedores dos painéis que abordaram experiências na América Latina
durante o 1º Encontro Internacional de Blogueiros Progressistas em Foz do
Iguaçu, Paraná.
Apesar de reconhecerem o papel das redes sociais e da blogosfera, os
debatedores foram unânimes na opinião que “as revoluções devem
ultrapassar as barreiras da rede mundial de computadores”.
“Só teremos democratização da informação com a luta dos movimentos
sociais, com a atuação do movimento dos direitos humanos”, afirmou o
equatoriano Osvaldo Leon, editor da Agência Latinoamericana de
Informação (Alai).
Para ele, é importante os ciberativistas trazerem os movimentos sociais
para o debate sobre a comunicação, usando como exemplo o que vem
acontecendo em seu país com os povos camponeses e indígenas. “Estamos
trabalhando para que essas organizações assumam em suas lutas
programáticas a pauta da comunicação”, disse.
Um dos benefícios registrados é a incidência de rádios comunitárias no
Equador. “No Equador e a Bolívia temos rádios espalhadas por várias
comunidades”, destacou. Outra bandeira aderida pelos movimentos
populares equatorianos, segundo Leon, é da expansão da conectividade da
internet para todo o conjunto da população.
Web não é garantia
O cubano Iroel Sánchez, blogueiro da página La Pupila Insomne e do site
CubaDebate engrossou o coro de que as batalhas na blogosfera devem
ganhar às ruas. “A web por si só, não é a garantia da democracia”,
apontou. Ele usou como exemplo o bloqueio econômico imposto por Cuba
para exemplificar essa necessidade de organização: “os 50 anos seguidos
de agressão nos obrigaram a nos organizarmos.”
Esse cenário na ilha, segundo Sánchez, vem acontecendo no campo da
internet e das redes sociais por meio das redes de socialização de
tecnologia. “Os cubanos entendem que a internet e a blogosfera não são
redes de consumo, mas sim de conhecimento”, lembrando que os blogs
exercem a função de construir uma agenda aos silenciados dos movimentos
sociais.
O professor universitário argentino Martin Becerra também fez
restrições ao fato da blogosfera ainda não ser um movimento de massa. “A
blogosfera ainda não é uma rede massiva, diferente dos grandes meios
que atingem a comunicação de massa”. E completa. “A democratização das
informações passa pelas lutas no campo popular”.
Na mesma linha segue seu compatriota Martin Granovsky, editor do jornal
Página 12. “As conquistas de liberdades individuais são conquistas dos
povos”, citando como exemplo a aprovação da Lei de Serviços de
Comunicação Audiovisual, a chamada ‘Ley dos Medios’.
“A Lei dos Meios faz parte de um projeto de universalidade da
informação, obtido com o clamor dos movimentos organizados diante do
cenário de monopolização da comunicação”. Para o jornalista, a
blogosfera precisa “despertar as inquietações e revoltas
democratizantes, aos moldes do acontecido na região da Primavera
Árabe”.
"Zumbis"
Pela primeira vez na América do Sul, o canadense Jesse Freeston –
ativista dos direitos humanos que participou de redes de solidariedade
em Honduras – também apontou para a necessidade da aproximação dos
ciberativistas com os movimentos do campo popular, citando a luta dos
povos indígenas e dos povos pelo direito à terra.
O ativista fez uma analogia com o movimento Ocuppy iniciado nas redes
sociais. “Ocupação não é feita por meio de Ipad, Ipods ou notebooks, as
transformações não são feitas na internet, mas sim nas ruas”. Ele alerta
para o caminho alienante proporcionado pelo advento das mídias sociais.
“As pessoas estão parecendo ‘homos-cibernéticos’, vivendo como espécies
de zumbis digitais e com isso estão deixando de socializar”.
Carta de Foz
O I Encontro Mundial de Blogueiros Progressistas foi encerrado com a
aprovação da ‘Carta de Foz’, com expectativas de políticas públicas e
ações para a blogosfera para os próximos meses.
O documento amplo aponta prioridades como a democratização da
comunicação, liberdade ao direito humano da informação, luta contra
qualquer tipo de censura de poderes públicos, condenação a
judicialização da censura à internet, novo marco regulatório da
comunicação, bandeira do software livre, acesso universal a banda larga
de qualidade, entre outros pontos.
Os participantes também aprovaram a realização do II Encontro Mundial
de Blogueiros, em novembro de 2012, na cidade de Foz do Iguaçu. Segundo
os organizadores, o evento contou com 654 inscritos, de 17 estados
brasileiros e 23 países.
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Piratininga
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