Direitos Humanos
Para Marcelo Freixo, implantação das UPPs no Rio pode ser usada para garantir modelo excludente de cidade
Publicado em 28.10.11 - Por Marina Schneider
As Unidades de Polícia Pacificadora (UPP) foram tema de debate no dia 21 de outubro na OAB-RJ. Analisando o impacto das UPPs, o deputado estadual Marcelo Freixo, que participou da mesa, disse que mesmo com a ausência de armas e do tráfico, a redução de homicídios não significa que as coisas estejam resolvidas. “Se pensarmos à luz de uma concepção de cidade, veremos que não é uma questão de polícia”, disse. Segundo Freixo, o mapa de implantação da UPPs tem a ver com a Copa do Mundo e com as Olimpíadas e não com um mapa de enfrentamento do crime. “É um mapa do investimento do grande capital privado”, explicou. “É preciso ser dito que os megaeventos são a razão da pacificação de territórios estratégicos. O que justifica a existência de quatro UPPs em Copacabana e nenhum na Baixada Fluminense ou em territórios dominados por milícias?”. Questionou. Ele defendeu um debate aberto na sociedade, com ampla participação da população, sobre as UPPs. “A UPP pode ser usada na defesa de uma cidade que é para poucos e em que as milícias são vistas e tratadas como um mal menor. Ela pode ser usada para garantir um modelo excludente de cidade”, completou.
O Subsecretário de Planejamento e Integração Operacional da Secretaria Estadual de Segurança, Roberto Sá, disse que a implatanção de UPPs é uma estratégia que ainda precisa de ajustes. “Não temos a pretensão de achar que onde a UPP é implantada vai acabar o tráfico de drogas”, disse. Ele fez um histórico da criminalidade no Rio de Janeiro desde a década de 1970 e falou que até 2014 o objetivo da Secretaria de Segurança é que 165 comunidades sejam atendidas por UPPs. Para isso, até lá deverá haver 45 unidades na cidade. O professor de direito penal econômico José Carlos Tórtima, que também participou do debate, disse que acabar com o tráfico armado dentro das comunidades atingidas pela política foi um dos grandes trunfos da UPP, mas criticou a qualidade profissional dos policiais. “Nossa polícia mantém o mandonismo e o autoritarismo”, disse. O mediador do debate foi o advogado Ivan Vieira, da Comissão de Direitos Humanos da OAB. O debate fez parte da programação da XI Conferência dos Advogados do Rio de Janeiro, que aconteceu nos dias 20 e 21 de outubro.
Núcleo
Piratininga
de Comunicação
—
Voltar —
Topo
—
Imprimir
|