Trabalhadores
OIT alerta para o surgimento de uma geração "traumatizada" por crise mundial de emprego juvenil
Publicado em 26.10.11 – Por Notícias da OIT
GENEBRA – A Organização Internacional do Trabalho (OIT) advertiu hoje sobre a possibilidade do surgimento de uma geração de trabalhadores jovens “traumatizada” por uma perigosa mistura de alto desemprego, crescente inatividade e trabalho precário nos países desenvolvidos e de um aumento do número de trabalhadores pobres nos países em desenvolvimento.
A “Atualização das Tendências Mundiais do Emprego Juvenil 2011” diz que “a má sorte de uma geração que ingressa no mercado laboral nos anos da Grande Recessão produz não somente a atual sensação de mal-estar provocada pelo desemprego, o subemprego ou a tensão de riscos sociais associados à falta de trabalho e à inatividade prolongada, como também poderia ter outras consequências a longo prazo em termos de salários mais baixos no futuro e desconfiança no sistema político e econômico”.
O relatório assinala que esta frustração coletiva dos jovens foi um dos fatores que contribuíram para o surgimento dos movimentos de protesto que tiveram lugar ao redor do mundo este ano, já que para os jovens está cada vez mais difícil encontrar um trabalho que não seja um emprego em tempo parcial ou temporal. O relatório acrescenta que no Oriente Médio e no Norte da África, por exemplo, durante aproximadamente os últimos 20 anos, um de cada quatro jovens estava desempregado, isso apesar dos progressos alcançados na educação de meninas e meninos.
O relatório diz que o número absoluto de jovens desempregados diminuiu levemente desde seu ponto mais alto em 2009 (passou de 75,8 milhões em 2009 para 75,1 milhões no final de 2010, o que equivale a uma taxa de desemprego de 12,7 por cento) e se espera que diminua para 74,6 milhões em 2011, isto é, uma taxa de 12,6 por cento. No entanto, o relatório atribui esta queda ao fato de que cada vez mais jovens se retiram do mercado laboral e não a que encontram um emprego. Isto é especialmente certo nas economias desenvolvidas e na região da União Européia.
O relatório mostra uma tendência preocupante na Irlanda, onde a taxa de desemprego juvenil (que aumentou de 9 por cento em 2007 para 27,5 por cento em 2011) poderia haver sido mais de 19,3 pontos percentuais superior se aqueles que ou se “escondem” no sistema educacional ou esperam em casa que a situação melhores, fossem considerados como desempregados.
Por outro lado, as economias de renda mais baixa estão presas em um círculo vicioso de pobreza laboral. O relatório diz que, se o desemprego juvenil fosse analisado separadamente, poder-se-ia supor erroneamente que os jovens da Ásia Meridional ou da África Subsaariana estão bem quando comparados com os das economia desenvolvidas. Mas, de fato, o alto nível da relação emprego-população dos jovens das regiões mais pobres significa que os pobres não têm outra opção do que trabalhar. “No mundo existem muito mais jovens que são trabalhadores pobres que jovens sem trabalho ou que buscam emprego”, diz o relatório.
“Estas novas estatísticas refletem a frustação e a ira que estão sentindo milhões de jovens no mundo”, disse José Manuel Salazar-Xirinachs, Diretor Executivo do Setor de Emprego da OIT. “Os governos se esforçam para encontrar soluções inovadas através de intervenções no mercado laboral, como por exemplo enfrentando os desajustes entre as qualificações que o mercado demanda e as que na verdade existem, o apoio à procura por trabalho, a formação empresarial, os subsídios ao emprego etc. Estas medidas podem fazer uma grande diferença, mas definitivamente o que precisamos é criar mais empregos através de medidas que estão além do mercado de trabalho e que apontam para remover os obstáculos da recuperação econômica. Isso inclui acelerar a reforma do sistema financeiro, a reestruturação e a recapitalização dos bancos, a fim de relançar o crédito às pequenas e médias empresas, e um verdadeiro progresso no reequilíbrio da demanda global”.
Outras conclusões importantes do relatório incluem: • Entre 2008 e 2009, o número de jovens desempregados no mundo registrou um aumento sem precedentes de 4,5 milhões. Este incremento extraordinário é melhor entendido se comparado com o aumento médio do período anterior à crise (1997-2007), que foi de menos de 100.000 pessoas por ano. • Durante a crise, a força de trabalho juvenil expandiu-se muito menos do que o esperado: em 2010, nos 56 países para os quais existem dados, havia 2,6 milhões menos jovens do que o previsto no mercado de trabalho com base nas tendências de longo prazo que existiam antes da crise. É provável que muitos destes 2,6 milhões sejam jovens desmotivados que estejam esperando que a situação melhore. E é provável que eles reingressem na força de trabalho como desempregados, o que significa que as cifras atuais oficiais subestimam o alcance real do problema nas economias desenvolvidas. • A proporção de desempregados que estão buscando trabalho por 12 meses ou mais é muito mais alta para os jovens do que para os adultos na maioria das economias desenvolvidas. Na Eslováquia, Grécia, Itália e Reino Unido, os jovens têm entre duas e três vezes mais probabilidade de serem afetados pelo desemprego de longa duração do que os adultos. • As taxas de trabalho em tempo parcial para os jovens aumentaram em todas as economias desenvolvidas entre 2007 e 2009, salvo na Alemanha. A magnitude do incremento em alguns países – 17 pontos percentuais na Irglanda e 8,8 pontos percentuais na Espanha, por exemplo – sugere que o trabalho em tempo parcial é adotado como a única opção possível para os jovens que procuram emprego. No final de 2010, um de cada dois jovens empregados trabalhava em tempo parcial no Canadá, Dinamarca, Noruega e Países Baixos. • A proporção de trabalhadores jovens que gostariam de trabalhar horas adicionais superou a proporção de trabalhadores adultos na mesma situação em todos os países da União Européia em 2009, exceto Alemanha e Áustria.
O relatório apresenta uma série de medidas políticas dirigidas a promover o emprego juvenil, entre elas: desenvolver uma estratégia integral de crescimento e criação de empregos que preste especial atenção aos jovens; melhorar a qualidade dos empregos através do fortalecimento das normas do trabalho; investir em educação e formação de qualidade; e, talvez o mais importante, levar adiante políticas financeiras e macroeconômicas que removam os obstáculos para a recuperação econômica.
Núcleo
Piratininga
de Comunicação
—
Voltar —
Topo
—
Imprimir
|