Trabalhadores
Oposição Sindical Metalúrgica é homenageada em São Paulo
Publicado em 18.10.2011 – Por Marina Schneider, Com informações do projeto Memória da OSM-SP
O último sábado (15.10) foi de muita emoção e reencontros para parentes, amigos e membros da Oposição Sindical Metalúrgica de São Paulo (OSM-SP). Dezenas de homens e mulheres que participaram da combativa organização foram homenageados no Memorial da Resistência, em São Paulo. O museu preserva a história da repressão e da resistência à ditadura civil-militar e funciona no prédio do antigo Departamento Estadual de Ordem Política e Social do Estado de São Paulo – Deops/SP. A organização da homenagem foi do Projeto Memória da Oposição Sindical Metalúrgica de São Paulo. O auditório ficou lotado, dezenas de pessoas acompanharam em pé, sentadas no chão e em um salão do lado de fora onde foi colocado um telão.
“Este espaço é nosso, não é dos torturadores. Nesta sala há militantes que continuam defendendo os trabalhadores e um mundo socialista”, disse Ivan Seixas, Diretor do Núcleo de Preservação da Memória Política. “A ponte entre passado e presente é fundamental para que a resistência seja passada para os jovens”, completou, durante a homenagem. Delmira Maria Izabel de Jesus (Delma) falou em nome das mulheres que participaram da organização e lembrou das especificidades da atuação delas como ter que lidar com o assédio sexual e dar conta da dupla jornada, além de dar força para os companheiros que também estavam na luta. “Ainda temos muitas batalhas para travar”, disse.
Waldemar Rossi, um dos fundadores da Oposição Metalúrgica, lembrou da inspiração que a OSM-SP teve dos anarquistas. “Eles trouxeram uma contribuição muito grande porque defendiam uma organização independente dos trabalhadores e a partir do local de trabalho”, disse. Para Rossi, a juventude de hoje tem que criar novos instrumentos de luta que estejam de acordo com o mundo atual e tem que ser capaz de construir algo para revolucionar o país. Sebastião Neto, coordenador do Projeto Memória OSM-SP, destacou a importância de se resgatar e tornar pública a memória da organização. Francisco Carlos (Chico Gordo) leu, emocionado, um carinhoso e-mail de Gilda Graciano, advogada de oposições sindicais que trabalhou com a organização, justificando a ausência no evento, pois hoje mora em Roma.
Durante o encontro foi distribuída a revista Oposição Metalúrgica: os militantes de A a Z – memória em imagens, que registra os rostos e biografias dos militantes e parte da história da OSM. Os “extras” do filme Braços Cruzados, Máquinas Paradas, com entrevistas recentes com os trabalhadores retratados no filme de 1978 foram exibidos e aplaudidos. Cartazes com fotos de Santo Dias, Luiz Hirata e Olavo Hansen, membros da OSM-SP assassinados durante a ditadura, permaneceram durante toda a homenagem no palco.
Sobre a Oposição Sindical Metalúrgica de São Paulo
Durante a ditadura civil-militar, alguns empresários implantaram nas fábricas um sistema brutal de exploração e opressão. Centenas de trabalhadores são presos e torturados, após reivindicar melhores condições de trabalho. Enquanto isso, a Oposição Sindical Metalúrgica de São Paulo (OSM-SP), mesmo agindo na clandestinidade, atuou sempre em defesa dos direitos sociais e humanos e teve vários de seus dirigentes presos no Deops/SP e alguns de seus militantes assassinados. Durante o processo de redemocratização, a Oposição participou de oito eleições sindicais e formou uma ampla rede de relações, tornando-se a representante do movimento operário brasileiro entre os anos 1967 e 1993. Em 2010, o Projeto lançou a campanha "Contemos nossa história" com o intuito de mobilizar os militantes da OSM-SP e sua rede política de apoio, colher depoimentos e reunir arquivos da trajetória pessoal, das iniciativas e atividades desse movimento.
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