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Liberdade de imprensa é ter Marco Regulatório das Comunicações
Publicado em 18.10.2011 - Por Instituto Telecom Resultado
de anos de debate, reivindicações e principalmente das resoluções
aprovadas na I Confecom (Conferência Nacional de Comunicação), a
Plataforma para um Novo Marco Regulatório das Comunicações, construída
pelos movimentos sociais, será lançada hoje, 18 de outubro, Dia Mundial
da Democratização da Comunicação, em atividades por todo o país.
Fruto
de uma Consulta Pública organizada pelas entidades da sociedade civil, a
Plataforma recebeu mais de 200 contribuições e é uma iniciativa
contundente na luta contra a fragmentada legislação do setor,
constituída por leis incoerentes e que não dialogam entre si. Um cenário
propício à formação dos oligopólios da mídia e à falta de liberdade de
comunicação, direito fundamental ainda não exercido pela população.
Embora
existam avanços, como a realização da I Confecom e a aprovação do PLC
116, que abre o mercado de TV a cabo e incentiva a produção nacional, 23
anos depois o país ainda aguarda a regulamentação de artigos
extremamente relevantes da Constituição Federal, como o 220, 221 e 223.
Estes tratam, respectivamente, da defesa da liberdade de expressão, da
proibição da formação de oligopólios e monopólios; dos princípios a
serem seguidos pelos meios de comunicação, como a promoção da cultura
nacional e regional e o estímulo à produção independente; e determina
que os sistemas privado, público e estatal de mídia devem ser
complementares.
O Brasil precisa urgentemente acompanhar os
passos de países vizinhos como Chile e Argentina. Esta última deu
exemplo de cidadania ao regulamentar, em outubro de 2009, a chamada nova
Lei de Serviços de Comunicação Audiovisual (Ley de Medios) que
substituiu o autoritário decreto-lei Nº 22.285, sancionado em 1980 pela
ditadura militar. Sim, porque grande parte das leis responsáveis pelas
comunicações que não passaram pelo processo necessário de reformulação,
não só estão defasadas como ainda guardam influências e interesses
defendidos pelos regimes ditatoriais dos anos 70/80.
A nova lei
argentina possui muitos elementos construtivos em matéria de regulação
democrática da comunicação. O principal destaque, e inédito no mundo, é a
reserva de 33% de todo o espectro eletromagnético para organizações sem
fins lucrativos. Inspirada na doutrina de direitos humanos, a
legislação garante maior pluralidade de vozes, pois apresenta uma
política que limita a concentração da propriedade dos meios. A nova
regulação também se mostrou essencial no combate a monopólios como o
conglomerado Clarín, que possui o jornal de maior circulação na
Argentina e é dono de uma rede de rádios e emissoras de televisão, com
cerca de 60 frequências de TVs regionais.
Aqui no Brasil, o
assunto foi tratado pela mídia com o desdém de sempre. Mas, em agosto de
2010, quase um ano depois da aprovação da lei argentina e quando
finalmente o governo brasileiro começou a se mostrar mais presente sobre
o tema, os grandes veículos brasileiros começaram a discutir a relação
entre imprensa e democracia na América Latina. E, naturalmente, a
rechaçar a aprovação do marco regulatório no país.
Mesmo
condenada pelos radiodifusores comerciais brasileiros, a experiência da
Argentina mostra que é possível regular a comunicação contemplando os
interesses de diversos setores: o governo, o empresariado e a sociedade
civil.
No Brasil, infelizmente, se mantém a concentração dos
meios de comunicação de grande audiência nas mãos de poucos
conglomerados, formados por famílias. Diferente de outros países, não
existe nenhum instrumento que impeça a propriedade cruzada destes meios.
E, como é sabido, as redes de televisão de maior audiência (todas elas
afiliadas da Rede Globo) são as mesmas proprietárias dos jornais e
rádios locais de maior circulação e audiência.
O Instituto
Telecom parabeniza as entidades civis responsáveis por promoverem a
Consulta Pública sobre a Plataforma de um Marco Regulatório da
Comunicação e conclama a sociedade civil a participar da Semana pela
Democratização da Comunicação, que começou no dia 13 e vai até o dia 20
de outubro. O evento acontece em todo território nacional e, no Rio,
você confere a programação em: www.falerio.org.br.
Núcleo
Piratininga
de Comunicação
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