Filmes
Novo filme de Silvio Tendler aborda perigo dos agrotóxicos
Publicado em 26.07.11 - Por Sheila Jacob

O Teatro Casa Grande, no Leblon, ficou lotado no dia 25 de julho para o
lançamento de O veneno está na mesa,
o mais novo documentário do cineasta Silvio Tendler. O filme, feito para a Campanha Contra os Agrotóxicos e pela Vida, mostra em apenas 50 minutos os enormes prejuízos causados por um modelo agrário baseado no agronegócio.
Além dos ataques ao meio ambiente, os venenos cada vez mais utilizados nas
plantações causam sérios riscos à saúde tanto do consumidor final quanto de agricultores
expostos diariamente à intoxicação. Nessa história toda, só quem lucra são as grandes
empresas transnacionais, como a Monsanto, Syngenta, Bayer, Dow, DuPont, dentre
outras.
O documentário aborda como
a chamada Revolução Verde do pós-guerra acabou com a herança da agricultura tradicional.
No lugar, implantou um modelo que ameaça a fertilidade do solo, os mananciais
de água e a biodiversidade, contaminando pessoas e o ar. Nós somos as grandes
vítimas dessa triste realidade, já que o Brasil é o país do mundo que mais
consome os venenos: são 5,2 litros/ano por habitante. A
ANVISA denuncia que, em 2009, quase 30% dos mais de 3000 alimentos analisados
apresentaram resultados insatisfatórios, com níveis de agrotóxicos muito acima
da quantidade tolerável. Os produtos orgânicos, mais indicados, são de difícil
acesso à população em geral devido ao alto custo.
Apesar do quadro negativo,
o filme aponta pequenas iniciativas em defesa de um outro modelo de produção
agrícola. Este é o caso de Adonai, um jovem agricultor que individualmente faz
questão de plantar o milho sem veneno, enfrentando inclusive programas de
financiamento do governo que tem como condição o uso desses agrotóxicos. Outro
exemplo vem da Argentina: em 2009, a presidenta Cristina Kirchner ordenou à
ministra da saúde, Graciela Ocaña, a abertura de uma investigação oficial
sobre o impacto, na saúde, do uso de agrotóxicos nas lavouras. Enquanto isso,
no Brasil, há incentivo fiscal para quem usa esses produtos, gerando uma contradição
entre a saúde da população e a economia do país, com privilégio da segunda.
Debatedores destacam a importância do filme para divulgação do assunto
Foto por Diana Helene, do SOLTEC/UFRJ
 O cineasta Silvio Tendler, em debate após o filme
Em debate realizado após a
exibição, o cineasta lembrou que o teatro Casa Grande nesta noite reiterou
seu papel de resistência: enquanto na época da ditadura civil-militar reunia
estudantes e militantes contra o inimigo fardado, “hoje o espaço serve para
combater um inimigo invisível, que está diariamente em nossas mesas”. Letícia
da Silva, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), destacou o
papel fundamental do filme para a divulgação e a conscientização de um perigo
que a gente nem sabe que corre. “Estamos aqui inclusive na luta por democracia,
já que só as transnacionais são ouvidas neste assunto”.
Alexandre Pessoa, da
Escola Politécnica Joaquim Venâncio (EPSJV/FIOCRUZ), afirmou que esta é uma
luta não apenas contra os venenos, mas sim por um outro modelo de desenvolvimento,
que priorize a vida e não os lucros. “Em julho do ano que vem o Brasil será
sede de um encontro organizado pela ONU que irá discutir o modelo de
desenvolvimento de vários países. Trata-se do Rio +20, momento apropriado para
que os movimentos sociais exponham para o mundo o modelo que queremos, em
contraste com o que está sendo desenvolvido”. Por fim, Nívia Regina, do MST,
falou sobre a Campanha Permanente Contra os
Agrotóxicos e Pela Vida, lançada em 7 de abril, Dia Mundial da
Saúde. O objetivo é unir movimentos sociais e instituições públicas
comprometidas para fazer críticas e propor alternativas
ao atual modelo perverso de desenvolvimento do campo.
O
Veneno está na mesa será em breve distribuído gratuitamente, além de ser exibido pela
internet. Pelo BoletimNPC divulgaremos como adquirir o vídeo, importante instrumento
de denúncia e de conscientização para uma ameaça presente diariamente em nossas
mesas.
Núcleo
Piratininga
de Comunicação
—
Voltar —
Topo
—
Imprimir
|