O Chile vem assistindo a um dos maiores protestos estudantis desde o fim da ditadura. São milhares de jovens nas ruas, usando muita criatividade e bom humor.
Os estudantes reproduziram uma dança de “Thriller”, sucesso de Michael Jackson. Organizaram uma maratona de 1.800 horas em volta do Palácio do Governo.
A grande mídia tenta mostrar os protestos como apenas uma grande festa de adolescentes. Nada disso. A alegria das manifestações tem razões muito sérias.
Os estudantes exigem profundas reformas na educação. Entre elas, ensino universitário para todos. A tradicional Universidade do Chile é pública, mas cara. Um curso custa US$ 8.000 anuais. A renda média chilena não chega a US$ 700 mensais.
O Chile foi um dos primeiros países a adotar o modelo neoliberal. Tarefa imensamente facilitada pelo governo sangrento de Pinochet. O resultado é uma grande desigualdade social.
É o que mostram dados da reportagem de Lucas Ferraz para a Folha de S. Paulo, de 20/07: cerca de 60% dos 17 milhões de chilenos têm renda média inferior à de Angola. Enquanto isso, 20% vivem com renda semelhante à de países como Noruega e Dinamarca.
O atual governo é de direita. O anterior era formado por partidos de esquerda. Mas, limitou-se a participar dessa festa para poucos. Daí, a desilusão popular com as instituições oficiais e a opção pela política feita nas ruas.
Os chilenos aceitaram o convite feito pelos povos africanos, árabes e europeus. Invadiram as praças. E não abrem mão da alegria como parte da revolta. Mas, é preciso preparar a resistência. As forças da repressão odeiam folias.
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