M�dia
País precisa repensar com urgência a radiodifusão
Publicado em 01.04.11 - Por Venício A. de Lima (original publicado em 28.03.11, na Folha de S.Paulo)
Decretos
de 1995 e 1996 estenderam para as concessões de radiodifusão as
licitações válidas para a prestação de outros serviços públicos.
Acreditava-se que teria fim a utilização das concessões de rádio e TV
como moeda de barganha política.
Logo
se viu, todavia, que pelo menos duas "brechas" legais permitiriam a
continuidade do "coronelismo eletrônico": as outorgas de radiodifusão
educativa e as chamadas "retransmissoras mistas" de rádio e TV estavam
dispensadas de licitação. Além disso, uma lei de 1998 também excluiu a
radiodifusão comunitária.
Catorze anos depois que as primeiras licitações foram realizadas, a avaliação que se pode fazer é, no mínimo, constrangedora.
Em artigo recente no Observatório da Imprensa (ver "Critérios técnicos não servem para nada"),
o consultor legislativo Cristiano Lopes mostrou que mais de 93% das
licitações concluídas desde 1997 foram vencidas pela empresa que
apresentou a melhor oferta.
Os
critérios técnicos – tempo destinado na programação a conteúdos
jornalísticos, educativos e culturais; e programas produzidos na própria
área de prestação do serviço- são sempre incluídos nas propostas.
Mais
de 90% das propostas técnicas apresentadas obtiveram nota máxima. Na
maior parte das licitações os concorrentes empatam na avaliação técnica e
é apenas a proposta de preço que define o vencedor.
Marco regulatório
Como
inexiste a fiscalização do Estado no que se refere ao cumprimento
daquilo que é proposto, as empresas vencedoras simplesmente não cumprem a
proposta.
A
reportagem de ontem [27/3] da Folha revela agora um outro lado do total
fracasso das licitações: não há nenhum controle do Estado em relação a
quem de fato se candidata, vence ou coloca em operação uma emissora de
rádio e televisão.
A
reportagem levanta três hipóteses para explicar o uso de laranjas:
lavagem de dinheiro; evitar acusações de exploração política e burlar a
regra que impede igrejas de serem concessionárias.
Qualquer delas constitui ilícito e deveria ser objeto de investigação. Ou não?
Confirma-se
a necessidade urgente de que a radiodifusão seja repensada e o Estado
proponha, finalmente, um marco regulatório para o setor de comunicações.
Núcleo
Piratininga
de Comunicação
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