PolÃtica
A revolução começa no teclado
Internet mostra sua força e tem papel central em protesto ao redor do mundo
Por Sindicato Químicos Unificados
As imagens de milhares de pessoas protestando por melhores condições de
vida nas ruas e praças da Tunísia e depois milhões no Egito
surpreenderam os governos e as pessoas nos países ocidentais,
principalmente os Estados Unidos e a Europa.
Acostumados com a
“passividade” das populações dos países árabes, que em sua maioria vive
sob ditaduras sanguinárias, os governos ocidentais não enxergaram a
crescente insatisfação na região e foram pegos de surpresa pela
Revolução de Jasmim, como ficou conhecida a revolta que após 23 anos de
regime autoritário na Tunísia derrubou do poder o ditador Ben Ali. Pela
primeira vez os meios digitais tiveram papel central na derrubada de um
governo.
Além da força e transformação de pensamento dos povos
árabes, a Revolução de Jasmim apresentou ao mundo, na prática, o poder
da internet, e como pela rede milhares de pessoas organizaram-se para
derrubar o governo.
Fraudes e meio ambiente
Desde
a popularização do e-mail, das mensagens por SMS no celular, e
posteriormente o surgimento das redes sociais na internet como Orkut,
Facebook e Twitter, estudiosos falam sobre a força que esses novos
meios de comunicação podem ter.
Alguns exemplos em menor escala
já haviam ocorrido, como o papel dos blogs e Twitter na divulgação da
revolta no Irã em junho de 2009 (por fraudes nas eleições) e protestos
relâmpagos organizados por Organizações Não Governamentais (ONGs)
ligadas ao meio ambiente na Alemanha e Inglaterra.
Ficha limpa
No
Brasil, o site ativista Avaaz coletou mais de 2 milhões de assinaturas
a favor do projeto Ficha Limpa em menos de uma semana. E um jovem
morador do Complexo do Alemão postou em tempo real informações precisas
sobre a operação policial realizada nas favelas da região em novembro
do ano passado.
Revolução.com
.A
publicação de telegramas da embaixada norte-americana com exemplos de
corrupção do ditador Ben Ali pelo site Wikileaks foi a gota dágua para
o povo tunisiano se revoltar contra a ditadura.
Jovens
insatisfeitos com a crise econômica atravessada pelo país, e pela falta
de democracia do regime de Ben Ali, passaram a organizar protestos
pelas redes sociais.
Quando o governo se deu conta, milhares de
pessoas tomavam as ruas e mostravam a força de suas reivindicações. O
exército deixou de apoiar o regime e em poucos dias o ditador fugiu
para a Arábia Saudita.
Vídeos no Youtube, textos em blogs,
cobertura da mídia internacional, e o final vitorioso da revolução na
Tunísia fez com que outros povos da região passassem a questionar a
legitimidade de seus governos autoritários.
No Egito, país em
que mais de 30% da população tem menos de 20 anos, milhares tomaram as
ruas e, em duas semanas de protestos, chegaram a superar a casa do
milhão.
No poder havia 29 anos, o ditador Hosni Mubarak percebeu
a força dos protestos e em uma tentativa desesperada de se manter no
poder cortou a conexão de internet e celulares no país, não surtiu
efeito. Ele terminou por renunciar no dia 11 de fevereiro.
No
Iêmen o governo balança, na Cisjordânia o governo da Autoridade
Nacional Palestina (ANP) garante que em breve marcará data para
eleições (o mandato acabou, mas o presidente e os parlamentares se
mantiveram no cargo) e na Jordânia o rei Abdullah dissolveu o governo e
prometeu reformas política.
Tentativa de AI 5 digital
Com
diversos pretextos, e muitas vezes utilizando bandeiras reconhecidas
pela sociedade, como o combate à pedofilia, é cada vez mais comum o
surgimento de projetos de lei no Brasil e em diversos países do mundo
que de alguma forma controlem as informações na internet.
Apelidado
por especialistas de AI 5 digital, em uma referência ao Ato
Institucional número 5 decretado pela ditadura brasileira em 1968 que
instituiu a censura e proibiu qualquer manifestação popular, circula no
Congresso Nacional há mais de 10 anos um projeto apresentado pelo
ex-senador Eduardo Azeredo (PSDB).
Muito além do falado combate
à pedofilia, o projeto transforma em crime a troca de arquivos entre
usuários, o transporte de músicas em Ipods e outros dispositivos
musicais, a gravação de filmes que passam na TV, o arquivamento de
fotos sem autorização no computador, pen drive e qualquer outro
dispositivo.
Wikileaks, o site bomba
Com
mais de 250 mil documentos confidenciais, em grande parte segredos de
estado dos Estados Unidos, o site colaborativo Wikileaks ganhou
notoriedade e levou a transparência na internet para outro patamar.
O
site divulga documentos oficiais obtidos por meio de informantes -
funcionários dispostos a revelar segredos que sejam de interesse
público.
Foi a divulgação de documentos pelo Wikileaks o estopim
da crise na Tunísia. O site publicou telegramas da embaixada
norte-americana falando sobre a corrupção no país, e a falta de ação na
solução dos problemas enfrentados pela população.
Brasil
O
Brasil já apareceu citado diversas vezes em documentos publicados no
site. Em uma delas, Brasília é citada como espaço aéreo vulnerável para
ataques. Em outra, o Rio de Janeiro aparece como possível alvo de
terrorismo internacional.
Além disso, a pequena cidade de
Araxá, em Minas Gerais, surge como de importância vital para os
norte-americanos. A cidade concentra cerca de 75% da produção de
Nióbio, minério raro utilizado na indústria espacial
Núcleo
Piratininga
de Comunicação
—
Voltar —
Topo
—
Imprimir
|