Por NPC
Entrevista com editor do jornal O Guerreiro
Por Gizele Martins Entrevista com editor do jornal O Guerreiro Para morador do Alemão “fazer jornal é uma questão de cidadania” O militante Nilton Gomes Pereira, de 62 anos, começou a sua luta ainda na época da Ditadura Militar. Morador do Alemão há 44 anos, o mineiro é um dos responsáveis pela fundação do jornal “O Guerreiro”, em circulação há um ano nas 13 comunidades do Conjunto de Favelas do Alemão, local que concentra aproximadamente 200 mil moradores. “Este é um jornal politizado, mas acho que as pessoas não gostam de ler. Eu quero que ele se torne a voz do morador do Alemão”, disse Diquinho, como é conhecido na comunidade. Leia abaixo a entrevista: BoletimNPC. Como e quando surgiu o Conselho Popular do Morro do Alemão? Nilton Gomes Pereira (Diquinho) - O Conselho Popular do Conjunto de Favelas do Alemão nasceu há um ano. É formado por 25 pessoas e as reuniões são realizadas no último sábado de cada mês aqui na minha laje. A ideia era que formássemos secretarias de direitos humanos, de educação, de saúde, dentre outras necessidades que existem nas favelas. O objetivo do grupo é formar uma nova organização para debater coletivamente os problemas que atingem a comunidade. BoletimNPC. E o jornal “O Guerreiro”, como e quando foi criado? Diquinho - Estamos na segunda edição do jornal “O Guerreiro”, que é uma iniciativa do Conselho Popular. São quatro páginas e é gratuito. As pautas são discutidas nas reuniões do conselho e os assuntos são ligados à atualidade: eleições, educação, moradia, saúde, etc. São cinco mil exemplares distribuídos bimestralmente mão a mão nas 13 comunidades. O jornal sobrevive através de doações e contribuição dos editores, além disso, uma parte do jornal é dedicada à publicidade do comércio local. BoletimNPC. Você vê a comunicação comunitária como uma forma de politizar a comunidade? Diquinho - Sim, mas vejo que os moradores não se interessam tanto pela leitura. Parece que eles sempre dão mais atenção ao que é visual e ao que é em áudio. Quando passa um carro de som chamando todos e todas para algum evento é impressionante quantos aparecem. Mas, pretendemos continuar com o jornal e queremos que ele se torne a voz da favela. Vamos buscar novas alternativas para atingir o público. BoletimNPC. Além do “O Guerreiro” o que mais tem de projeto no Conselho Popular? Diquinho - No próximo sábado, dia 12 de fevereiro, será inaugurado o primeiro Pré-vestibular gratuito do nosso Conselho. São dez professores voluntários que vão ministrar aulas para 40 alunos na laje da minha casa. Em menos de um mês de divulgação já conseguimos lotar a turma e ainda tem gente na lista de espera. Recebi uma ligação de um morador de São João de Meriti que viu o anúncio do ônibus quando passou pela favela e viu nossa faixa. BoletimNPC. Na sua opinião, qual a importância do Conselho reunir o jornal e agora o pré-vestibular comunitário para os moradores do Alemão? Diquinho - Porque temos que mobilizar o povo, eles precisam saber que podem e devem se organizar e lutar pelos seus direitos. Mas isso depende de nós militantes, pois o povo está acostumado a esperar que o outro faça por ele. As reuniões do Conselho são abertas para que os moradores participem e saibam o que acontece na comunidade. No Conjunto de Favelas do Alemão já existem dois jornais populares, além de rádios comunitárias, sendo duas delas evangélicas. Para quem quiser saber mais sobre o Conselho Popular do Alemão, contribuir com o jornal e o pré-vestibular comunitário, é só entrar em contato pelo e-mail e telefone: conselhopopular@hotmail.com e 8725-3680 (Diquinho).
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