Por NPC
Claudia Costa: A comunicação sindical deve ser adequada à realidade do trabalhador
Em
entrevista ao BoletimNPC, Claudia Costa,
jornalista e uma das palestrantes do 16° Curso Anual do NPC, afirma que
é preciso que os sindicatos façam um jornalismo diferente, colocando em pauta também o dia a dia do trabalhador. Para ela, pautar
não apenas o meio trabalhista e sindical é válido: é preciso mostrar
nos meios de comunicação sindicais o lazer, a
cultura, a vida de cada trabalhador. Ele mesmo enviar sugestões,
vídeos, áudios, fazer deste trabalhador um colaborador do sindicato.
Por Gizele Martins
Há quanto tempo você levanta essa bandeira de uma nova forma de fazer jornalismo nos meios de comunicação sindical? Eu
comecei a trabalhar no meio sindical em 1987, anos depois entrei na
militância. Nos anos 90, tive uma experiência muito interessante, que
foi a de preparar um material de oposição de bancário de São Paulo - o Vito Giannotti estava nessa equipe. Depois disso descobri que os meios de comunicação sindical poderiam
ser mais amplos, mais voltado para a do realidade do trabalhador.
Especifique os tipos de assuntos que podem ser abordados nos meios de comunicação sindical? Não
podemos trabalhar a comunicação como um assunto fechado. Temos que
trabalhar com interfaces, com as iniciativas culturais. A formação dos
sindicatos tem que ter ligação com os trabalhadores, fazer com que eles entendam aquela linguagem, fazer dessas pautas um
ambiente mais aberto. É preciso a gente sair do meio sindical, do mundo
do trabalho, e tratar mais a realidade do trabalhador, a cultura, o
esporte, o lazer, a saúde, dentre outros temas da vida diária de cada
cidadão.
Além
desses novos assuntos, de que outra forma, o sindicato pode se
aproximar do trabalhador? O trabalhador
passa oito horas em seu local de trabalho. Depois dali, ele quer
descansar. Quando ele chega em casa, liga a TV e acaba tendo contato
com outros tipos de emissoras que apenas têm o objetivo de alienar, e
nisso, podemos ser derrotados na batalha ideológica. Por isso,
precisamos também ocupar este espaço da vida do trabalhador com
notícias que sejam parte do lazer, da vida dele.
É
preciso ainda trabalho de base, retomar a organização de base dos
sindicatos. Além disso, o trabalhador pode participar da notícia, fazer
seus vídeos e passar a ser um colaborador do sindicato. Isso é a
democratização da comunicação. Ele
pode levar essas pautas para o sindicato. Se tiver atividades
esportivas, ou folclóricas, ou qualquer outra coisa, ele pode filmar,
gravar, escrever e levar até o sindicato para ser postado no site, no
blog. A ideia é ultrapassar o espaço do trabalho, precisamos estar
presentes para não sermos derrotados na batalha ideológica. E isso vai
além, é a expansão da comunicação, as novas mídias são ótimas
ferramentas para isso. Precisamos saber usá-las.
Dê algumas dicas de como melhorar a técnica jornalística para que o trabalhador entenda mais os jornais sindicais: O
jornalismo antes era opinativo. Aos poucos ele foi mudando, sendo mais
técnico, curto, e isso foi cada vez mais adotado porque estamos numa
sociedade mais rápida, sem tempo e sem hábito de ler. Defendo que temos que escrever com técnica. O movimento sindical
tem que deixar de escrever com o seu politiquês, com a ideia de
querer colocar o mesmo discurso sempre, isso deixa a matéria cansativa.
É certo que não temos que escrever a matéria só com técnica, temos
que trazer humanidade e emoção para elas. Temos que combinar técnica,
emoção e realidade.
Núcleo
Piratininga
de Comunicação
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