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Segurança no Rio: moradores querem influir nas decisões

Publicado em 03.01.2011 - Por: Ana Lúcia Vaz, Claudia Santiago, Gizele Martins e Sheila Jacob, na Revista do Brasil 
 
A apatia encontrada nas favelas ocupadas não é generalizada. No Alemão, moradores vêm se reunindo para pensar sobre suas vidas

Alan Pinheiros, coordenador do Instituto Raízes em Movimento, que promove atividades sociais e culturais na região, compara a invasão da polícia em 2007 com esta de 2010.
“Em 2007 tivemos o auge da história de opressão na forma de abordagem policial. Foi mais brutal do que agora. A ação de 2010, embora feita com outra expectativa, não foi trabalhada com cuidado. Eles trabalharam com a ideia da inteligência, mas serviu e está servindo apenas para alguns pontos onde a presença dos comandantes é maior. Em outras partes das favelas, o desrespeito acontece”, disse.

Segundo Alan, esta nova forma de os policiais entrarem nas favelas não significa que é porque estão reconhecendo que ali vivem cidadãos. “Em uma casa, três meninas que moram sozinhas, foram chamadas de prostitutas. Todos os jovens que não têm trabalho formal, ou que estão desempregados, são taxados como suporte do tráfico. Houve mudanças pontuais, mas não é uma mudança que deve ser aplaudida”, completou.

Para Alan, o nome UPP é contraditório. “A polícia, como um todo já deveria ser pacificadora. Não se faz nenhum trabalho nessas favelas para acabar com o tráfico. Na Baía de Guanabara, não tem UPP, mas é por lá que as armas e as drogas entram. O tráfico mesmo não foi abalado em nada”, analisa. Em sua opinião, a UPP trará a militarização do território e a ação mercadológica. “O estado não procura os pequenos negócios dentro dessas favelas ocupadas e investem neles. Ele não produz uma economia solidária para o local, o que ajudaria muitos comerciantes. Ocorre o contrário, o deslocamento para outros territórios, outras empresas passam a atuar nestes espaços. E se eles não procurarem a alternativa da economia solidária, tudo, a pobreza vai continuar da forma que está e nada será resolvido. É preciso trabalhar com a ideia do curto, médio e longo prazo. Além disso, há os limites impostos nestes locais que têm UPP, de eventos, de músicas”, afirmou Alan.

No mesmo dia em que o morro foi ocupado pelas forças armadas, a luz, a água e diversas outras coisas passaram a ser legalizadas. “Ele já trouxe alguns prejuízos para os moradores, invasão de casas, moradores roubados. Tínhamos o gatonet que, mesmo ilegal, dava para pagar. Não ganhamos nem um salário mínimo. Pagávamos R$ 25 e agora temos que para R$ 50 porque a imagem da TV não pega direito aqui. Isso é uma exploração. Veio a paz, mas junto com ela veio a exploração”, opina Diquinho, participante do Conselho Popular do Alemão e coordenador do Jornal “O Guerreiro”, que circula há um ano na favela.

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