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Livro “O Rio São Francisco e as Águas no Sertão” é documentário fotográfico sobre o Velho Chico
Uma bela viagem pelas águas do rio São Francisco e do Sertão Nordestino. Isso mesmo! Belos e inundados açudes, no sertão para onde o governo promete levar as águas do São Francisco. “O governo diz que vai levar água para os pobres. Mas ela vai mesmo é para onde já tem água”, afirma João Zinclar. E prova, através de um maravilhoso documentário fotográfico, recém publicado: O Rio São Francisco e as Águas no Sertão. São 70 mil açudes espalhados pelo sertão, com enormes espelhos d’água. Depois de percorrer boa parte deles, seguindo o trajeto da transposição das águas do Velho Chico, o fotógrafo constatou: “Falta água para a população porque ela está sendo usada nas grandes plantações e na produção de camarão”. Portanto, a solução para a falta de água, segundo o repórter fotográfico, é a racionalização e democratização de seu uso. Nos lugares onde realmente não tem água, ela não vai chegar. “Quem vai se beneficiar é o agronegócio exportador”, garante Zinclar. Entre 2005 e 2010, João Zinclar fez dezenas de viagens ao longo das margens do Velho Chico e pelo sertão nordestino. Documentou a natureza e o ser humano. Água, vegetação, animais selvagens, festas, vida e luta das comunidades tradicionais. Também documentou a poluição do Chico pela indústria e pelo agronegócio, o assoreamento do rio e o início das obras de transposição. “O rio precisaria de uma revitalização”. Já a transposição, segundo Zinclar, “é uma obra da oligarquia nordestina!”. O livro começou com uma proposta apenas documental e terminou como um manifesto contra a transposição do rio São Francisco. Recebeu apoio do jornal Brasil de Fato e de vários jornalistas e o financiamento de sindicatos. “Me sinto cutucando a onça com vara curta”, brinca o ex-dirigente sindical do movimento metalúrgico de São Paulo. “Posso ter que fazer autocrítica mais tarde, se a água realmente chegar para os pobres...” pondera João Zinclar. Mas seu olhar expressa a segurança de quem acredita em sua militância. “Existem apenas duas verdades absolutas: a morte e a água”, explica Zinclar. “A morte é certa para todos. A água, indispensável à vida”. Portanto, para Zinclar, o movimento sindical tem que incorporar as questões ambientais e, entre elas, o conflito sobre o uso e controle da água. Seu livro-fotográfico é, antes, um documentário que revela a importância da luta de quilombolas, índios e trabalhadores rurais pela terra e pela água. “Eu me considero um marxista”, se explica, antes de concluir que aprendeu, no convívio com essas comunidades, “que a luta de classes não é só entre o capital e o trabalho”. O livro é, portanto um belo passei pelo interior do país. Belo pelas imagens e pelas mensagens. Sensível à estética, à vida e às lutas. Vale à pena! Para obter mais informações e comprar o livro, entre em contato com o fotógrafo João Zinclar pelo telefone (19) 9121 8425 ou pelo e-mail joaozinclar@yahoo.com.br. Veja esta matéria com fotos no Blog do NPC: blogdonpc.wordpress.com
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