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Experiências em comunicação sindical mostram que é possível disputar hegemonia

[Publicado em 30.11.10 - Por Najla Passos - NPC]

O relato de experiências bem-sucedidas no campo da comunicação popular pautou o debate realizado no início da tarde de sábado (27/11), no 16º Curso de Comunicação Sindical e Popular do NPC, no Rio de Janeiro (RJ). Na mesa, exemplos de conquistas dos trabalhadores em diferentes veículos mostraram como é possível disputar a hegemonia com a mídia controlada pelo grande capital.

O jornalista Edo Cerri  relatou a experiência do jornal do Sindicato dos Químicos de Osasco que, conforme pesquisa qualitativa independente encomendada pela entidade, agrada a 92% da categoria e informa a 82% dos seus leitores.

O jornalista deu especial destaque à importância da profissionalização da linguagem.  “’A luta continua’ e ‘Juntos somos fortes’ eram expressões que a gente escrevia em 1960. Hoje, é preciso dados concretos para que o trabalhador saiba que a causa que o jornal está defendendo é justa. Ditar regras não funciona. O jornal não pode ser gritado como se o dirigente estivesse em um caminhão. É preciso respeitar o projeto gráfico, o tamanho dos títulos, não se pode adjetivar os textos.”, recomendou.

Para Cerri, o jornal deve apresentar um viés classista, mas é preciso discutir como fazer isso. “O fato de produzir o jornal e entregá-lo na mão do outro não assegura que a comunicação esteja estabelecida. É preciso conhecer o seu leitor. Muitos  dirigentes sindicais só enxergam o trabalhador como trabalhador. Esquecem que, nas outras 16 horas diárias, esse trabalhador é pai, é mãe, é esportista, é cidadão, etc”.

Ele alertou, ainda, que o jornalista não pode se comportar como datilógrafo do pensamento do dirigente sindical. “O jornalista tem que ser chato, tem que insistir, tem que lutar, tem que tentar convencer os dirigentes a fazer jornalismo de forma profissional”.

União nas ondas do Rádio
O jornalista Anderson Engels, da Rádio Fortaleza, de Blumenau (SC), contou como dez sindicatos do município se uniram, há três anos, para colocar uma rádio comunitária no ar, diariamente, de 6 a 22 horas, com música, jornalismo, programas de cultura, variedade, saúde, segurança e prestação de serviços, dentre outros.

Segundo ele, os representantes dos sindicatos se reúnem de 15 em 15 dias para discutir a pauta, tocada por dois jornalistas no cotidiano, com o apoio dos moradores da cidade. “Não aceitamos apoio empresarial para não colocar em risco a independência da rádio. O apoio que buscamos é dos sindicatos. E isso é muito importante para ampliar a comunicação com os trabalhadores”.
Mais informações www.comunitariafortaleza.com.br.

Comunicação para a família
A jornalista e professora universitária Claudia Costa, assessora de comunicação da CSP-Conlutas, falou sobre sua experiência a frente do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos, onde participou da criação do jornal Metalúrgico em Família, na década de 1990.
“Foi um período conturbado, com a implantação do neoliberalismo, em que nós observamos que trabalhadores de outras categorias estavam aderindo a este discurso. Nós avaliamos que apenas o jornal direcionado ao trabalhador não daria conta de disputar a hegemonia, e decidimos criar um veículo que abrangesse toda a família do nosso sindicalizado”
No início da década de 90, com o neoliberalismo, nós percebemos que iríamos ter que enfrentar um período difícil. Em várias categorias, os trabalhadores estavam absorvendo esse falso discurso da modernidade. Por isso, trabalhamos a ideia de criar um veículo de comunicação para a família do trabalhador, com matérias gerais. Esse jornal existe até hoje”.
 
Revista unifica sindicatos
Paulo Donizetti, editor da Revista do Brasil, dividiu a experiência de construir uma revista que tem aglutinado setores da luta sindical que, mesmo pertencendo à mesma corrente, não costumavam tocar grandes projetos juntos. “Nós precisamos nos convencer de que temos que levar ao trabalhador a informação que ele quer receber, e não a que o dirigente do Sindicato quer passar a ele”.

Jornalista há 22 anos, ele conta que, em 1992 começou a trabalhar na equipe de comunicação do Sindicato dos Bancários de São Paulo como redator. Em 1993, após pesquisar junto aos diretores como eles gostariam que fosse a publicação da entidade e verificar que interessava a eles informações de fora do local de trabalho, o sindicato criou a revista. “Eles queriam uma revista de atualidades”, disse. O primeiro editor da Revista dos Bancários foi Renato Rovai e, em 1995, Paulo Donizetti se tornou coordenador da secretaria de imprensa do Sindicato. Para ele, a edição da revista da Revista dos Bancários foi uma decisão política que permitiu que, pelo menos uma vez por mês, o Sindicato entrasse na casa daqueles trabalhadores para discutir assuntos que ele não encontra no trabalho e, muitas vezes, não tem acesso fora, na mídia convencional. A revista do Sindicato circulou durante 13 anos.

Em 2006, a partir de experiências com revistas, vários sindicatos decidiram dar início ao projeto que viria a ser a Rede Brasil Atual, começando pela revista, por já terem acumulado know how neste tipo de veículo. “Dezenove sindicatos se uniram para distribuir a revista, que chegou a editar 360 mil exemplares”, explicou.

Ele garante que, em 4,5 anos, a Revista do Brasil nunca teve interferência dos diretores na definição das pautas. “Nós temos conselho editorial, mas a concepção da revista é totalmente profissional e técnica.  Os jornalistas tocam a concepção gráfica, a pauta, tudo”, explicou.  O resultado é que, hoje, 60 sindicatos contribuem financeiramente para que a revista saia. “Depois do governo, o  movimento sindical hoje é a principal força social com capacidade para fazer uma comunicação independente. A medida que os sindicalistas perceberem a importância de socializar as informações com os trabalhadores, a partir de notícias que eles não tem acesso, esse movimento estará prestando serviço para ajudar a mudar o Brasil”.

A primeira TV dos trabalhadores
Diretor do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC e da CUT, Valter Sanches apresentou a experiência da TVT, inaugurada em agosto passado.  “Venho de um sindicato que já descobriu há muito tempo a importância de se investir na comunicação. É claro que a comunicação mais importante, insubstituível, é a comunicação olho no olho com o filiado. Mas é necessário também fazer comunicação de massa”.

Segundo ele, a luta pela concessão de um canal de TV começou em 1997. “Em 2005, conquistamos concessões de duas rádios e duas TVs. Só agora, conseguimos colocar a primeira TV no ar”. Segundo ele, foi um percurso difícil. “Para se ter uma emissora, é preciso ter um aporte financeiro para disputar chamada pública. No nosso caso, foi de R$ 15 milhões.  Depois, tivemos que passar pelo crive da Anatel e pelo Congresso. É um trâmite enorme e é por isso que quase todas as emissora do país estão ligadas a algum político”.

Sanches conta que a TVT possui, hoje, um quadro de 102 trabalhadores que geram uma programação diária de 19 às 20:30 horas, com programas diversos.  “Nós não pretendemos que a TVT  seja uma TV sindical. A ideia é que seja uma TV que dialogue com a sociedade, mas de forma a amplificar a voz dos movimentos sociais. Não é uma TV que pretenda concorrer com as comerciais ou educativas, mas que seja importante para dar voz aos movimentos sociais, que são tratados de forma negativa na mídia convencional”.

A TVT pode ser vista em 11 estados brasileiros e pela internet. Mais informações http://www.tvt.org.br/portal/.


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 NPC - Núcleo Piratininga de Comunicação * Arte: Cris Fernandes * Automação: Micro P@ge