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Entrevistas
Mídia representa de forma preconceituosa grupo LGBT

A tese de mestrado Do armário à tela global: a representação social da homossexualidade na telenovela brasileira, de Luiz Eduardo Neves Peret, defendida em 2005, tem como objetivo, como o próprio título já sugere, identificar e estudar a representação social da população homossexual nas telenovelas brasileiras, com enfoque em “Mulheres Apaixonadas”, novela escrita por Manuel Carlos, exibida em horário nobre em 2003, e que apresentava o casal lésbico Clara e Rafaela.

 

Em entrevista exclusiva para a Agenc, o autor do trabalho afirma, quando questionado sobre as mudanças ocorridas no padrão midiático abordado, que “as abordagens sobre a diversidade sexual, numa forma geral, e da população LGBT em particular, mudaram muito pouco, especialmente na TV aberta e nos jornais impressos. Os jornais impressos continuam sensacionalistas, pegando por aquele lado do crime ou então pelo lado do exótico. Se você encontra uma travesti em capa de jornal, por exemplo, ela morreu ou foi presa”.

 

Um ponto fundamental tratado na tese é a questão da visibilidade: “Se você é invisível, não há por que cobrar direitos sociais pra você”, declara o autor. “A maioria dos direitos negados (cerca de setenta e oito) à população LGBT se refere à questão da formalização do núcleo familiar e ao casamento”, comenta Eduardo. O problema é que “existe uma idéia equivocada de que o casamento é um sacramento religioso e que ele está acima dos direitos civis, o que, na verdade, é o contrário. A Constituição determina que o casamento é uma instituição civil que altera o estado civil de solteiro para casado, e que uma instituição religiosa só pode celebrar casamentos se houver registro civil, senão não há validade”, completa Peret.

 

Ainda conforme o autor, “os povos latinos, num geral, tem uma religiosidade muito grande, são muito cristianizados. Nós ainda temos um aspecto judaico-cristão muito machista, que determina a submissão da mulher e uma série de outras imposições. E é aí que surge o problema dos estereótipos: o homem homossexual é visto como feminino, e por conta disso, não assume o lugar dele de homem entre os heterossexuais já que é tratado como inferior. A mulher homossexual é vista como uma mulher que não está no lugar verdadeiro dela, ou seja, o de submissa. Ela é vista como ‘falsa masculina’. Quando são representadas em telenovelas, é como se houvesse apenas dois pólos: a ‘lésbica masculina’ assexuada e o casal ‘lesbian chic’ – em que as personagens são belíssimas, bem resolvidas e ricas, ao passo que toda a sociedade ‘engole’ porque elas têm dinheiro. Isso demonstra também a representatividade do casal lésbico, que não é exatamente a mesma coisa que visibilidade, é de fato a forma de alimentar o fetiche masculino”.

 

Enquanto isso, ele alerta que as travestis e os transexuais “são tratadas como pessoas absolutamente doentes, loucas, que não sabem o que querem da vida. E a bissexual é indecisa, moderna, ‘colorida’. Então você tem todo um conjunto de estereótipos. A mídia, principalmente a humorística, reproduz esses padrões ofensivos pautada na afirmativa de que são consagrados na sociedade. Mas eu, como homossexual, não me vejo representado por esses estereótipos, aliás, várias pessoas não se vêem”.

 

 O pesquisador critica o conservadorismo das redes de TV, em especial as líderes de audiência, também são apontadas no trabalho. Ele cita como exemplo as novelas, que “são feitas para um público ‘purista’, para as donas de casa. Ricardo Linhares, autor de telenovelas brasileiro, confirmou esse fato, ao dizer que a Globo, por exemplo, ainda faz análise de recepção utilizando como grupo focal sempre as donas de casa”.

 

Luiz comenta que “em pleno ano de 2010, a polêmica gerada pelo beijo gay em telenovelas brasileiras, é a mesma que um simples beijo na boca suscitava no público dos ‘Anos Dourados’ da década de 50”, e lamenta: “acho que na TV aberta, numa minissérie que não seja depois das onze horas da noite, que não seja num programa especial, uma plataforma de partido político, ou num programa de TV a cabo, essa representação ainda vai demorar para acontecer”.

 

Porém, “talvez agora com o censo apresentando ‘cônjuge do mesmo sexo’ como uma das possibilidades de estabelecer relacionamento entre a pessoa entrevistada e as pessoas que moram com ela, e posteriormente a divulgação dos dados de quantos casais homoafetivos existem de fato no país, a coisa mude um pouco, sendo provável então que não só autores e diretores de novela, como a própria sociedade se sinta um pouco mais pressionada, e perceba que existe uma demanda por aceitação. O Brasil precisa perceber que a comunidade LGBT existe de verdade, quer ser respeitada e exige seus direitos”, finaliza o autor, que promete continuar “na luta por um mundo mais igualitário, combatendo a discriminação, principalmente a homofobia”.

 

Serviços: Existe uma campanha pela aprovação do Projeto de Lei da Câmara 122/2006, que "define os crimes resultantes de discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião, procedência nacional, gênero, sexo, orientação sexual e identidade de gênero", segundo o site da ABGLT (Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais). Quem tiver interesse em apoiar a campanha, pode contribuir assinando o abaixo-assinado que se encontra no site: http://www.abglt.org.br/port/ecamp01.php.

Mais informações à respeito do PLC 122/2006: http://www.naohomofobia.com.br/lei/index.php

26/10/2010


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 NPC - Núcleo Piratininga de Comunicação * Arte: Cris Fernandes * Automação: Micro P@ge