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Giannotti diz que comunicação deve ajudar a mudar cultura do trabalhador
Publicado em 20.10.10 - Por Fritz R. Nunes (Ass. de Impr. da SEDUFSM) A comunicação de um sindicato não deve ser feita apenas através do jornal, do site ou com boletins para rádio ou imprensa comercial. O ideal é usar todos os instrumentos de comunicação possíveis, buscando disputar a hegemonia, ou seja, a visão sobre os fatos, que é feita de forma massiva pela mídia comercial. Isso seria uma forma de, aos poucos, mudar a visão, a cultura dos trabalhadores. O pensamento é do escritor Vito Giannotti, do Núcleo Piratininga de Comunicação (NPC), que na manhã desta quarta, 20, ministrou a primeira parte do curso de “Comunicação Sindical”, no auditório da Seção Sindical dos Docentes da Universidade Federal de Santa Maria (SEDUFSM). O evento teve a participação de 50 pessoas, mesclando estudantes de Comunicação, profissionais de assessoria de imprensa, diretores de entidades sindicais e alguns professores. Giannotti, após a saudação inicial feita pelo presidente da SEDUFSM, professor Rondon de Castro, trouxe um pouco da história da imprensa em âmbito mundial. Os jornais surgem no final do século XVIII, a partir do advento da Revolução Industrial, que lançaria as bases para o Capitalismo. Desde o início, ressalta o escritor do NPC, os jornais surgem comprometidos com a visão da nova classe que se formara a partir da Revolução Industrial – a burguesia. O século XIX vai representar a disseminação dos jornais, em todo o planeta, sempre usados como instrumento de disputa de hegemonia, quer dizer, que passavam a visão da classe dominante – os capitalistas. Mas é também em meados do século XIX, quando surgem as fábricas e os operários, que vão ser criados os sindicatos e, a partir daí, os jornais vinculados a esses sindicatos, bem como a partidos políticos que se contrapunham a essa visão dos jornais dos donos das fábricas. O século XX vai propiciar um salto em termos de evolução da comunicação. O primeiro grande avanço é a invenção do rádio, em meados da década de 1920. O processo evolutivo na área se amplifica ainda mais na década de 1950, com o aparecimento da televisão. O casamento entre áudio e imagem celebrará avanços estupendos à comunicação, com o uso comercial, mas também político. O novo salto na comunicação acaba sendo em meados da década de 1990, com o surgimento e popularização da internet, que tornará as informações “on line”, ou seja, em tempo real. E é esse o quadro em que se encontram a sociedade e os sindicatos. É preciso disputar a visão de mundo dos trabalhadores em meio a um aparato comunicacional da mídia comercial, que não faz concessões a quem se opõe a ela. Partido do Capital Assim como a classe ascendente após a Revolução Industrial - burguesia -, procurou formar uma cultura em favor dos ideais liberais e do pensamento favorável ao Capitalismo, nos dias atuais, essa mesma classe se utiliza da mídia para defender os seus interesses. Vito Giannotti qualifica a mídia como “o verdadeiro Partido do Capital”. E é através da mídia que se organizam para defender os interesses do Capital. Um exemplo citado por ele foi o encontro dos principais diretores de meios de comunicação do país, no início de 2010, no Instituto Millenium, em São Paulo. Na oportunidade, os empresários e seus representantes decidiram que iriam combater o Plano de Direitos Humanos (PNDH) do governo Lula, que propunha, entre outras coisas, a taxação das grandes fortunas, a revisão da lei anistia (punição dos torturadores) e a revisão das concessões de rádio e tevê. Vito Giannotti desmitifica um dos temas bastante discutidos em relação à imprensa, que é o da “neutralidade”. Segundo ele, “a mídia não é neutra”, pois ela “defende o Capital sempre”. O projeto político da mídia empresarial seria “defender toda a estrutura de sociedade de classe que existe a 500 anos, no Brasil”. Por isso, segundo ele, a importância de os sindicatos terem boas estruturas de Comunicação. A luta institucional, como por exemplo, pela democratização da Comunicação ou pela legalização das rádios comunitárias, precisa ser feita, mas “sem ilusões”, diz Giannotti. “Somente teremos mudanças com pressão popular”, aconselha ele. O integrante do NPC ministrará a segunda parte do curso de “Comunicação Sindical” nesta quinta, a partir das 8h, no auditório da SEDUFSM (André Marques, 665). Ainda nesta quarta, só que às 18h, Vito Giannotti falará aos alunos de Comunicação Social da UFSM, na programação da 35ª Semana Acadêmica. O escritor abordará o tema “Comunicação e Disputa de Hegemonia”.
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