Mdia
A imprensa quer emparedar a Dilma?
[Por Reginaldo Moraes] Se o cálculo é esse, o de transformar a Dilma numa Rainha da Inglaterra, o papel parece que não encaixa na pessoa. Dilma nunca teve esse tipo de inclinação. Mas devemos aproveitar essa idéia para pensar nos motivos pelos quais a mídia tomou do PSDB e do demo (para não dizer de Serra) o papel de centroavante. Os grandes jornais e grandes redes de tevê-rádio estão percebendo que perdem paulatinamente o monopólio de produção da noticia e, pior ainda, de produção da pauta, o tal de agenda setting. Serra e seus amigos estão certos, a seu modo: existe no ar uma ameaça à liberdade de imprensa, se por isso entendemos o monopólio que uma certa imprensa julga que deve ter sobre o que se divulga e como se divulga. Em outras circunstâncias, o circuito de metástase da mentira seria arrasador. Sem pudor e... sem medo. Agora, parece que não. Aquilo que Serra&Cia vêem como ameaça totalitária à liberdade de imprensa é, de fato, um purificador de uma certa imprensa, através do acesso de mais gente ao levantamento e a difusão de informações. Se estou certo nessa análise, os blogueiros, os movimentos populares, sindicatos, rádios livres, todos os que formam opinião de fato precisam explorar essa revelação. E o novo governo também, para impedir que a mídia (hoje verdadeiro partido conservador, partido do status quo) recupere seu antigo espaço É preciso ter uma política de democratização das comunicações A imprensa "alinhada" continuará com a cantilena, independente do resultado eleitoral que já prevêem. Contam com o dia seguinte, isto é, com o terceiro turno, a batalha midiática (e judicial, não esqueçamos) que consiste em inviabilizar o provável governo Dilma. Dilma vai precisar de uma Lei de meios de comunicação, como há em outros países democráticos? Sim, mas vai precisar de mais ainda. Vai precisar de uma "politica de meios", isto é, de uma politica que altere a correlação de forças nesse campo, o da comunicação. Não se trata apenas de uma lei, mas de práticas relativas a estimular algumas coisas e deixar de estimular outras. Algo já vem sendo feito, nos últimos três anos, principalmente. Mas o que vem sendo feito é pouco, bem pouco. Esse é um tema muito importante a ser debatido pelos blogueiros progressistas mas também pelas comunidades envolvidas em atividades de comunicação (sejam os impressos de movimentos, associações, sindicatos, sejam as rádios livres). *Reginaldo Moraes é cientista político
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