Mdia
Cobertura mostra rearranjo das frações burguesas
[Roberto Leher*] A cobertura das eleições pela imprensa corporativa tornou-se um grande tema. O enorme rearranjo das frações burguesas em curso desde o final da ditadura civil-militar está claramente expresso nesses grandes meios de comunicação. As frações burguesas que se organizam nas organizações Globo, Folha, Estadão e na Veja, ao atacarem a candidatura Dilma, deixaram de traduzir os anseios dos grandes grupos econômicos e dos principais setores dominantes. Isso se deve, a meu ver, tanto a competição intracapitalista pelo controle da informação e do mercado de comunicação, como pela perda de poder de algumas frações burguesas locais diante da maior internacionalização da economia. Existem setores econômicos que estão perdendo espaço, mas estes são mais frágeis, como se depreende do escasso apoio das principais frações ao candidato do PSDB e ao DEM. O bloco de poder gerenciado pelo governo Lula da Silva incorporou segmentos da mídia até então secundários e os turbinou. Exemplo claro disso é o apoio de emissoras como a Record cujo partido dito Republicano compõe o referido bloco, por meio da Igreja Universal. Cabe salientar que essas tensões intraburguesas não abriram espaço para o debate da esquerda, confirmando que, conflitos à parte, a esquerda segue sendo o inimigo comum. Os meios de comunicação vinculados aos movimentos sociais cumprem um papel importante nesse embate, mas ainda aquém de suas possibilidades. Precisamos perseverar na tarefa de construir iniciativas de comunicação popular que dialoguem pedagogicamente com o conjunto da classe que vive do próprio trabalho e é explorada. [*Roberto Leher é professor de Escola de Educação da UFRJ]
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