Mdia
Parcela expressiva das classes dominantes brasileiras segue tendo um perfil autocrático, truculento e autoritário
[Por Virgínia Fontes*] O comportamento atual da grande imprensa proprietária lembra muito o das últimas eleições, quando agiu de maneira semelhante: truculenta, desqualificando todos os elementos populares que poderiam sobreviver nas candidaturas do PT - apesar deste partido já estar muito acomodado e distante do seu perfil original. Ao final das eleições de 2006, derrotados, Miriam Leitão e Merval Pereira amargamente se queixavam na rádio CBN de que a mídia perdera seu poder pois, depois de tantas agressões grotescas, não haviam conseguido demover o eleitorado. A população sabe de que lado está a mídia proprietária e não se deixa enganar por ela. Isso leva a mídia a subir de tom - apesar de ser beneficiária do governo - e a enveredar por manifestações espúrias. Este ano, para além de dossiês permanentes com denúncias unilaterais (ocultando-se as denúncias severas que pesam sobre o seu próprio candidato), o mais grave foi o caráter abertamente golpista, agindo inclusive junto a militares que, para nossa tristeza, ainda conservam a mancha das torturas realizadas sob a ditadura e nunca esclarecidas. Esse papel grotesco e ridículo indica que: a) parcela expressiva das classes dominantes brasileiras segue tendo um perfil autocrático, truculento e autoritário, caráter que se revela mais claramente na imprensa que as espelha. Procuram disseminar um padrão permanente de desqualificação e atemorização dos setores populares, de forma genérica; b) a agressividade revela a imposição de certas pautas regressivas como linha de conduta para a nova presidência da república. Em outras palavras, trata-se de nítida chantagem; c) para tais mídias proprietárias e as classes dominantes que integram, só é democrático o que corresponde imediatamente a seus interesses e, assim, continuam a abusar dos procedimentos ditatoriais de ameaça e de coerção. Em conjunto, essa situação aponta para a necessidade, a cada dia mais urgente, de uma imprensa verdadeiramente livre no país. [Virgínia Fontes é historiadora]
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