A grande imprensa brasileira vem levando ao extremo sua tentativa de criar falsos fatos políticos (factóides) a partir de situações bastante vagas, transformadas em crimes contra o patrimônio nacional (num pais em que este patrimônio é dilapidado por personagens protegidos por esta mesma imprensa, quando não diretamente por ela que recebe bilhões de reais do Estado para produzir falsas notícias e comentários da pior qualidade).
Mais grave ainda, esta imprensa vem tentando transformar ações corriqueiras do governo que pretende combater em ameaças colossais à liberdade de imprensa e processos de ocupação do Estado por uma gangue petista contra a qual concentra seus ataques. Parece claro que esta guerra psicológica busca criar condições para golpes de Estado ou legislações antidemocráticas, sempre com o objetivo de subverter o poder democrático conseguido pelas lutas antiditatoriais encetadas por ossos povos com um altíssimo custo humano.
É lamentável que se apresente uma imprensa monopolizada, a partir do apoio que lhe foi dado pela ditadura (e que seus defensores pretendem que é um absurdo relembrar) , por um grupo familiar oligárquico como exemplo de livre expressão. É difícil concordar com a idéia de que “livre expressão” é defender de maneira brutalmente mentirosa os interesses de um punhado de corruptos que se locupletam sistematicamente com os recursos criados pelos trabalhadores brasileiros e que utilizam concessões publicas para perpetuar seu poder. É grave ainda ver como esta imprensa, aliada a similares internacionais, produz uma visão deformada sistematicamente de regimes, governos e líderes que estão ao lado dos setores populares em todo o mundo. Ridículo é ver como estes exemplos de poder autocrático se apresentam como defensores da “democracia” por eles associadas com o também inexistente “livre mercado” e não com o voto universal e a participação ativa dos povos na gestão de seus próprios destinos. Realidade que eles abominam sistematicamente e do fundo de seu egoísmo de classe e seus preconceitos racistas.
[Theotônio dos Santos é professor do curso de Ciências Sociais da Universidade Federal Fluminense - UFF]