A segunda-feira, 25/7, foi a data do que se tem chamado na mídia de "uma das maiores fugas de informação de inteligência militar da História. O site Wikileaks, iniciativa colaborativa mantida por ativistas online dedicada à publicação de dados vazados por fontes primárias, repassou uma informação a três meios de comunicação ocidentais — The Guardian (britânico), Der Spiegel (alemão) e The New York Times (Estados Unidos) — que envolve tropas americanas.
As ações detalhadas de mais de 90 mil incidentes publicados envolvem militares americanos, forças da Otan, tropas britânicas, francesas e polonesas e expõem um cenário sombrio e pouco convincente em relação aos "avanços" que, segundo o governo americano, teriam ocorrido no Afeganistão.
A divulgação desses documentos acontece em um momento delicado, já que aumentou a dúvida sobre a viabilidade da guerra no Afeganistão entre o público americano e certos setores do Congresso. Tensão esta que, há pouco, aumentou ainda mais com a renúncia do comandante das tropas no Afeganistão, Stanley McChrystal, por conta de declarações polêmicas sobre o governo dos EUA dadas à reportagem da revista estadunidense Rolling Stone. A própria existência dessa guerra e os métodos de contra-guerrilha estarão na mira de um questionamento mais profundo.
A reação da Casa Branca foi de criticar a publicação pelo Wikileaks, alegando que a divulgação dessa informação de inteligência coloca em perigo seus efetivos no Afeganistão e também a sua segurança nacional. O governo americano não fez nenhum esforço para ocultar o que é agora uma aberta perseguição aos criadores e informantes do Wikileaks. A Wikileaks colocou novamente o governo dos Estados Unidos na defensiva com esse vazamento de documentos secretos, desta vez relacionados com a ocupação do Afeganistão. O fundador do site, Julian Assange, explicou sua decisão de publicar os documentos como parte da obrigação de "bom jornalismo", que deve se encarregar de desmascarar os "abusos daqueles no poder" e que esses documentos iluminam "a verdadeira natureza da guerra", para que o público "no Afeganistão e em outros países conheçam a verdade e possam assim lidar com este problema".
Os incidentes redigidos em códigos e jargões militares detalham desde assassinatos de civis até uma quantidade inusual de incidentes de "fogo amigo", passando por numerosos incidentes de fogo entre tropas do Afeganistão e das forças de ocupação.
Os arquivos podem ser baixados