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Not�cias do NPC
Funk e hip hop no lançamento de Dicionário de Politiquês

[Por Gizele Martins e Jéssica Santos]

A noite do dia 28 de abril não poderia ser mais emocionante. No auditório lotado do Sindicato dos Metroviários, no Centro do Rio, Vito Giannotti e Sergio Domingues lançaram o Dicionário de Politiquês, a mais nova publicação da Editora NPC. Além dos autores, apresentaram o livro a editora do Jornal O Cidadão, Gizele Martins, o professor Gaudêncio Frigotto e os artistas MC Leonardo e Gas-PA.

O encontro começou por volta das 19h com as falas dos escritores mostrando a importância de se comunicar com as multidões. Giannotti citou exemplos de palavras que jornalistas, sindicalistas e acadêmicos utilizam no dia a dia, mas que nem sempre transmitem a mensagem de forma clara. “O problema da linguagem é a falta de escolaridade. É preciso usar palavras de gente normal, de gente que não teve a chance de estudar mais do que sete anos”, disse. Para ele, é possível dizer tudo, quando se sabe quem é o público, respeitando sua própria linguagem.

Sergio Domingues lembrou que a idéia não é tornar a linguagem simplista. “Não é simplificar, e sim trabalhar a linguagem para poder se comunicar com milhões”. Para ele, ao convidar um acadêmico e um artista para fazer a apresentação do livro, fica claro a ideia de respeitar tanto o que a universidade produz do ponto de vista crítico e ao mesmo tempo os que “cantam a luta”, com uma linguagem que a grande maioria pobre entende.

Em uma fala carregada de emoção, Gizele Martins, relatou sua experiência no jornal comunitário da Maré que, segundo ela, é parcial e defende o pobre e favelado. “Os nossos jornais de favela precisam trabalhar a linguagem com muito cuidado porque a maioria dos moradores de favela não sabem ler ou não conseguem entender. As palavras tem que respeitar a cultura daquelas pessoas para que elas possam compreender”, disse Gizele.

Gaudêncio Frigotto, da Faculdade de Educação da Uerj, afirmou ser muito comum “usarmos palavras que não atravessam a muralha da compreensão”. Para ele, “o valor do texto do Vito e do Sergio é que sem banalizar palavras, tentam traduzir um sentido que seja compreendido. E fazem isso ouvindo, pesquisando e lutando”. Frigotto destaca a importância do trabalho, já que acredita que “na luta contra exploração, uma das batalhas é a linguagem”.

 

 

Gas-Pa, do Coletivo de Hip Hop Lutarmada, refletiu sobre a dificuldade de lidar com conceitos e essa é uma grande muralha que existe para a compreensão. Ele destacou também a importância da linguagem na mobilização. “Enquanto ficarem usando termos e palavras difíceis, quem vai mobilizar é o Jornal Nacional", argumenta Gas-Pa.

Já MC Leonardo falou e cantou sobre como o funk é a expressão da realidade das favelas. “Eles estão falando deles para eles mesmos. Só quem pode fazer isso é o próprio jovem favelado e não a Fátima Bernardes, que não sabe nada sobre essa realidade”.

 

Leitores falam sobre o Dicionário

Viviane Oliveira, estudante de comunicação, quer fazer o Dicionário de Politiques o seu livro de cabeceira. “Quero utilizar o dicionário como ferramenta para que não haja ruídos na comunicação”. Para Viviane, o importante não é só escrever, é preciso que haja compreensão dos que estão lendo.

Já para Silvana Sá, jornalista da imprensa sindical, o livro é uma provocação na medida que traz a reflexão sobre que tipo de comunicação queremos fazer. “O Dicionário de Politiquês nos faz pensar se a comunicação que praticamos realmente atinge o objetivo de passar a mensagem e disputar hegemonia” afirma.

Maria Cristina Braga, da faculdade de Serviço Social da Uerj, lembra como a publicação também é importante para os acadêmicos. “Alguns acham bonito falar difícil. É preciso que se entenda como a linguagem é importante. O livro tem um formato leve e é interessante porque não necessariamente vão ser usadas as propostas que estão no Dicionário, mas fica a preocupação com o que se fala”.

Para Mimil, cantor do coletivo hip Hop Lutarmada, a ideia do livro é falar para as multidões, "Temos que aprender a falar para o povo na linguagem que eles entendwm. Não adianta achar que sabe escrecer ou falar bonito, é preciso comunicar", disse.

Laudelina de Almeida Ferreira, de 58 anos, moradora da Cidade de Deus, afirma que saber falar é importante. "Este livro vem como uma  ferramenta para que venhamos analisar aquilo que escrevemos. Achei a mesa uma maravilha, foi uma forma alegre e emocionante de lançar um livro tão voltado para o povo".

Elaine Freitas mestre em Políticas Públicas pela Uerj e aluna da primeira turma do curso de Comunicação Popular do NPC concorda. "Temos que saber usar esses mecanismos da linguagem para nos aproximarmos mais da nossa gente. A população precisa entender melhor tudo aquilo que discutimos para ela", conclui.

 

A noite encerrou com autógrafos ao som do hip hop do Lutarmada.


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 NPC - Núcleo Piratininga de Comunicação * Arte: Cris Fernandes * Automação: Micro P@ge