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Cidades
Manifestantes denunciam descaso do poder público e afirmam que a favela não é culpada!

                                                             Foto: Ratão Diniz – Favela em Foco foto_Ratao_Diniz


Por Gizele Martins


Em cada palavra, em cada frase, em cada grito que saía daquelas mais de duas mil pessoas que estavam na caminhada Luto por Nitérói, realizada na tarde do dia 15 de abril, no centro de Niterói, se expressava aquilo que centenas de famílias estão passando hoje no Rio: a dor de ter perdido seus lares, seus parentes, amigos e vizinhos. Além disso, a manifestação, organizada por aproximadamente 13 favelas que sofreram com os desabamentos, mostrou a dor de sentir mais uma vez o abandono das autoridades governamentais, que disseram apenas que os favelados são os "culpados" por tamanha tragédia.

Mais de 170 pessoas morreram nos desabamentos que ocorreram nas favelas de Niterói. Segundo moradores, o Prefeito Jorge Ribeiro Silveira apresentou um projeto assim que assumiu a prefeitura, mas até hoje não foi iniciado. Os vereadores Renatinho (PSOL) e Valdeck Carneiro (PT) tentaram abrir uma CPI para investigar o orçamento de 50 mil reais do município destinadas a obras para melhorias da cidade. "Precisamos de seis votos, mas até agora só nós dois votamos", explicou o vereador Renatinho. 

Na passeata, fui recolhendo depoimentos de alguns moradores das diversas favelas que estavam ali representadas. Fiz isso como forma de mostrar que o descaso é o mesmo, mesmo que cada favela tenha os seus problemas particulares. Afinal, as autoridades governamentais, os responsáveis por tantos e tantos problemas, desastres, são os mesmos. Se não os mesmos nomes, as atitudes são as mesmas, idênticas até!

Depoimentos:

“Perdi minha casa. Perdi tudo. Estamos abrigados em um colégio, tem mais de 250 pessoas lá. Só consegui sair porque ouvi um barulho enorme, quando vi era a parte de trás da casa, daí chamei todo mundo e saímos correndo”, 
                                                    Celma Ferreira, de 55 anos, moradora do Morro do Bomfim.


"Perdi meu irmão, ele foi tentar salvar um outro morador, um vizinho nosso que a casa tinha caído em cima dele, mas o resto da casa desabou e não teve jeito, meu irmão acabou morrendo soterrado junto com o nosso vizinho. As pedras do morro caíram e ficamos desesperados sem saber o que fazer. Ao total morreram 10 pessoas. E o pior, aparece todo o dia na televisão que a prefeitura está atendendo a todo mundo, mas é mentira, até hoje ninguém apareceu lá”
                                                  Marinéia Andrade da Costa, moradora da Rua São José, 340.


"Próximo de minha casa caíram duas casas e um bar. Três pessoas morreram. O caminho que sobe o Morro do Arroz caiu. Não temos mais passagem. Imagina como é para os senhores de idade atravessar o morro para chegar em casa!? Fizemos um improvisado, mas a dificuldade de passar é grande. Minha sogra tem 63 anos, e ela não consegue passar, imagina os que tem mais idade, e as grávidas!?" 
                                               Daniela Ramalho de Suoza, 23 anos, moradora do Morro do Arroz.

“A Defesa Civil até hoje não foi lá, vai acabar morrendo mais pessoas. Ainda pode acontecer uma tragédia maior e ninguém faz nada. As casas estão lá, todas, todas rachadas!” 
                                                             Tereza Lopes, 50 anos, moradora do Morro do Bonfim.

“Caiu tudo, e a Defesa Civil nada de aparacer. O que aconteceu foi um desastre. Tem postes de luz até hoje no chão e ninguém vê isso, como pode, ninguém faz nada! Um homem que mora do outro lado do morro morreu porque encostou no poste e a fiação estava ligada! Olha só os riscos que ainda estamos sofrendo!?” 
                                                       Cíntia Ribeiro, 35 anos, moradora do Morro do Caramujo. 

"Eles querem oferecer para as famílias o aluguel social, ou vão remover todo mundo para lugares bem distintos. Só que não é isso o que os moradores querem, eles querem continuar nos lugares em que eles já construíram uma história. Lá no Morro do Bumba, por exemplo, tem uma garagem enorme que podem ser construídos vários prédios, cadê o investimento para programa de habitação aqui de Niterói, cadê!?” 
                                                    Pastor Bruno Borges, 38 anos, morador do Morro do Bumba.

"Graças a Deus lá no Morro não tiveram mortes, mas muitas casas caíram. Muitos deles estão espalhados na casa de parentes, outros não tem para onde ir e estão em igrejas, escolas, associações. Até agora a Defesa Civil não foi lá, ninguém até agora foi nos procurar, o que querem? O que eles estão esperando, cadê nossos governantes!?"  
                                                                 Rosilene Santos, 32 anos, moradora do Mackenzie.


“Sete pessoas morreram, quatro crianças e três adolescentes. Um deles era meu cunhado. Estamos abrigados na escola Paulo Freire. Na verdade, estamos é esquecidos, abandonados. Só ouvíamos falar desse aluguel social pela TV, nada mais. Estamos comendo desde o dia do desabamento só sopa e pão mofado. Ontem tiraram o último corpo. Agora mesmo que vamos ficar esquecidos!” 
                                                                         Aldini de Souza, 20 anos, moradora da 340.


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 NPC - Núcleo Piratininga de Comunicação * Arte: Cris Fernandes * Automação: Micro P@ge