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Trabalhadores
Atingidos e atingidas pela Vale de todo o mundo dão seus depoimentos

Por Sheila Jacob

As ações predatórias da Vale nos diversos países em que está presente ficaram bem evidentes na parte da tarde de terça-feira, quando houve uma rodada de depoimentos de representantes dos seguintes países: Canadá, Brasil, Indonésia, Nova Caledônia, Chile, Peru, Argentina, Moçambique... Cada pessoa foi à frente para apresentar a situação de sua região, além de relatar as ações individuais e coletivas de enfrentamento à política predatória dessa empresa.

“Vimos aqui que a ética da Vale é o lucro, e ela qualquer coisa para alcançar isso. Se for necessário destruir a vida das pessoas ou o meio ambiente, eles vão fazer. Eles também coibem as manifestações contrárias com o uso da força, ou então buscam dividir e cooptar os setores que podem resistir e se opor. A metodologia de atuação, em qualquer lugar, é a mesma”, resumiu Dirceu Travassos, o Didi da Conlutas, que estava coordenando a mesa. Para ele, a greve do Canadá, que completou seus nove meses neste 13 de abril, é o símbolo maior das diversas formas de resistência que acontecem em todo o mundo.

Confira trechos de alguns dos depoimentos. Optamos por não divulgar os nomes:

Brasil

Minas Gerais – região de Congonhas, Ouro Preto, Inconfidentes.

"Trabalhei durante 24 anos na Vale do Rio Doce. Acho que o único ponto vulnerável da Vale é a sua imagem. A Vale, para se estabelecer na minha região, trocou alguns bairros de lugar sem levar em consideração o histórico do povo. Nós podemos e devemos arranhar essa imagem".


"Em Congonhas (MG), não apenas a Vale, mas também outras gigantes exercem uma ação predatória. Isso porque essa região possui jazida muito grade minério de ferro, e varias empresas estão disputando a água, o minério, o meio ambiente e até a vida das pessoas. Já estão secando nascentes nessa região. Não sabemos como será nosso futuro, principalmente em Congonhas, pois a estimativa é que, com o desenvolvimento dos investimentos previstos, haverá desapropriações de áreas com nascentes, de pequenos proprietários de terra, que não têm para onde ir. Lá já existem doenças respiratórias provocadas pela própria mina, o que significa que não atinge somente a saúde dos trabalhadores, mas também a da população. Ficamos indignados porque a Prefeitura assinou esse mega-investimento, já que o modelo é perverso. Só tira riqueza e deixa pobreza e prejuízo para as populações".


Região Norte: Pará e Maranhão

O sistema PA/MA está tentando articular a resistência das comunidades atingidas pelos impactos da mineração e siderurgia no sistema Norte da Vale, principalmente através da Campanha Justiça nos Trilhos, criada em 2007. São vários os conflitos na região. O primeiro deles é a SAÚDE DO TRABALHO. Foram contabilizados numerosos acidentes, e só em Parauapebas (PA), região das minas, foram mais de 8000 causas trabalhistas, além de numerosos problemas de saúde.

Nessa região nós criamos uma Associação em Defesa de Reclamantes e Vitimados por Doenças do Trabalho na Cadeia Produtiva do Alumínio e afins. Existe lá uma verdadeira máfia que se envolve na questão do INSS e do próprio plano de saúde, pois não  costumam fazer diagnostico da atividade do trabalho. Nossa estratégia tem sido participar dos conselhos e comissões do Estado e do Município que assessoram a saúde do trabalhador, para discutir a situação daqueles trabalhadores envolvidos na cadeia produtiva do alumínio e mineração. A partir desses espaços estimulamos a promoção de polítias públicas que podem complementar os diagnóstico e exames complementares.


Outro conflito é o do CAMPO, principalmente nas zonas Sul e Sudeste do Pará, onde a mineração compete com a agricultura familiar. Também há problemas de desmatamento do território, rachaduras das casas devido aos explosivos das minas, além de conflitos ligados à produção de eucalipto, em função da produção do carvão para o ciclo siderúrgico, que vai roubando terras das famílias.

A Vale possui três projetos no nosso município de Canaã dos Carajás, além de dois que estão se iniciando. A agricultura familiar praticamente caiu para zero na região, porque muitos dos companheiros foram deslocados. A previsão é que 75% da nossa área será praticamente da Vale para projetos de cobre e alumínio. Esse quadro é muito preocupante, porque outros vários produtores não poderão estar mais lá.

A CIDADE também tem sido impactada por todos esses projetos, principalmente pelos trabalhadores que migram para os espaços urbanos por causa das promessas dos investimentos em mineração. Cidades como Parauapebas (PA), Marabá (PA) e Açailândia (MA) estão crescendo desmedidamente, devido a promessas de trabalho que não se realizam. As periferias abam ficando desestruturadas, e apresentam forte índice de prostituição e violência. Esse é o resultado desse processo de degeneração.

Outro problema é o IMPACTO SOCIO-AMBIENTAL no ciclo da mineração e siderurgia:

Moramos em um povoado na periferia de Açailandia (MA). Nós chegamos lá em 1969. Em 1984 começaram a se instalar cinco grandes siderúrgicas ao redor desse povoado. Dentre os efeitos estão as erosões causadas pela preparação do solo, além de estarem acabando com os leitos do nosso rio. A Vale tem poço onde chegam todos os dias toneladas de minério para as siderúrgicas ao redor do nosso povoado, o que causa graves problemas de saúde na população.


Canadá


Os canadenses foram saudados por quase todos, já que neste dia 13 de abril a greve dos trabalhadores da Vale no país completou seus nove meses. Notícias atualizadas da greve dos canadenses: www.fairdealnow.ca

Trabalho na Vale Inco, e nossa greve começou nove meses atrás. Estamos nas ruas, fazendo piquete a 20 graus abaixo de zero para exigir respeito da Vale com os trabalhadores. O único jeito de conseguir isso é nos mantermos unidos contra ela.

Quando penso nas diferenças entre nossa cultura e a brasileira, fico impressionado como vocês se tratam, se cumprimentam, se beijam nas bochechas... Com isso, mas não com a cultura da Vale no Brasil.

One day longer, one day stronger (Um dia a mais, um dia mais forte).


Nova Caledônia

A Vale para a gente é uma espécie de novo poder colonial. Está lá por meio da Inco Canadense, comprada pela Vale em 2006. Será que vocês no Brasil já se perguntaram por que o Governo brasileiro tem comprado armas militares da França, quando a Vale está sendo instalada sem fiscalização alguma na Nova Caledônia? (A N. Caledônia é uma ilha situada na Oceania)

 
Indonésia

A Vale está na região de Soroako, em Sulawesi, sul da Indonésia, e tem causado problemas ambientas sérios, principalmente em relação ao Lago Matano, o mais profundo do país. Existe uma espécie de peixe que só é encontrada lá, por exemplo, mas hoje já apresenta problemas, como poluição das águas e diminuição da fauna aquática. As promessas às populações não são cumpridas, e as pessoas têm se manifestado contra a Vale no local.
                  [Este depoimento foi dado por uma canadense, que acompanha a Vale na Indonésia]



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 NPC - Núcleo Piratininga de Comunicação * Arte: Cris Fernandes * Automação: Micro P@ge