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O racismo explícito da Folha e O Globo
Por Altamiro Borges altamiroborges.blogspot.com
E ainda tem gente que acha que não existe racismo no Brasil. Mas a
própria mídia elitista desmente os adeptos desta tese fajuta – pregada,
entre outros, pelo “senhor das trevas” da Rede Globo, Ali Kamel. Nos
últimos dias, ela cometeu dois crimes de racismo. O jornal O Globo
simplesmente vetou a publicação de um anúncio pago (pago!) do movimento
Afirme-se, que defende as cotas nas universidades brasileiras. Já a FSP
(Folha Serra Presidente) se meteu numa enrascada ao dar espaço para o
racista Demétrio Magnoli, que esculhambou dois repórteres do próprio
jornal.
A peça publicitária do movimento Afirme-se, produzida
pela agência baiana Propeg, enfatizava que 60% dos brasileiros apóiam
as políticas afirmativas e defendia a manutenção das cotas. O anúncio
visava interferir nos debates da audiência pública do Supremo Tribunal
Federal (STF) sobre o tema. Ele foi publicado em vários veículos ao
custo médio de R$ 40 mil. Já o jornal da família Marinho, que antes
havia orçado a publicação em R$ 54.163,200, ao saber do conteúdo da
campanha elevou o preço para R$ 712.608,00 – um aumento de 1.300%.
Preço elevado em 1.300% Diante deste evidente racismo, a entidade ingressou com representação no Ministério Público do Rio de Janeiro contra O Globo,
exigindo a “punição do veículo e a obrigatoriedade da publicação do
anúncio a preço simbólico ou gratuito”. Para o jornalista Fernando
Conceição, coordenador do Afirme-se, o majoração de 1.300% “é uma coisa
irracional, por isso ingressamos com uma representação por abuso de
poder econômico”. Segundo o advogado João Fontoura Filha, a atitude do
jornal atenta contra a liberdade de expressão e fere vários artigos da
Constituição.
Na ação enviada ao subprocurador-geral de Justiça
e Direitos Humanos, o advogado afirma que o anúncio visava “informar a
sociedade a respeito da constitucionalidade das cotas – tão atacadas
nos editoriais e artigos difundidos, entre outros, pelo O Globo”.
Mas o jornal preferiu vetar a sua difusão, confirmando a existência de
“uma verdadeira campanha que objetiva extinguir, vetar e destruir as
poucas iniciativas institucionais de ação afirmativa; e impedir,
bloquear e derrotar qualquer possibilidade de criação de novos
instrumentos legais de ação afirmativa”.
Magnoli, o novo jagunço das elites Na
mesma semana, os senhores da Casa Grande confirmaram que seguem
mandando na mídia. Após publicar matéria dos jornalistas Laura
Capriglione e Lucas Ferraz (“DEM responsabiliza negros pela
escravidão”), a Folha abriu espaço para o seu jagunço de
aluguel, Demétrio Magnoli, atacar seus dois repórteres. No artigo “O
jornalismo delinqüente”, o novo mercenário das elites se solidariza com
o discurso racista do senador demo Demóstenes Torres, que culpou os
escravos pela escravidão, e criticou covardemente os dois jornalistas,
sugerindo a sumária demissão.
A atitude da Folha, que
terceirizou as suas críticas à política de cotas, causou forte repulsa.
Um manifesto de solidariedade aos dois repórteres já circula nas
redações. Para o blogueiro Leandro Fortes, a Folha cometeu
suicídio editorial ao autorizar um “elemento estranho à redação (mas
não aos diretores) a chamar de ‘delinquentes’ dois repórteres do
jornal, autores de matéria sobre a singular visão do senador Demóstenes
Torres (DEM-GO) da miscigenação racial no Brasil. Vocês, eu não sei,
mas eu nunca vi isso na minha vida, nesses 24 anos de profissão. Nunca”.
Enquadramento de repórteres e editores “Das duas uma: ou a Folha
dá direito de resposta aos repórteres insultados, como, imagino, deve
prever o seu completíssimo manual de redação, ou encerra suas
atividades. Isso porque Magnoli, embora frequente os saraus do
Instituto Millenium, não entende nada de jornalismo e confundiu
reportagem com opinião”, opina Leandro Fortes. Para ele, o repulsivo
artigo de Magnoli visa a “intimidação pura e simples voltada para o
enquadramento de repórteres e editores, e não só da Folha, para os
tempos de guerra que se aproximam” –, referindo-se à batalha eleitoral
em curso.
A delinquência de Magnoli também atingiu um dos principais articulistas da Folha,
Elio Gaspari, que ironizou o demo: “Demóstenes Torres estudou história
com o professor de contabilidade de seu ex-correligionário Arruda. O
senador exibiu um pedaço do nível intelectual mobilizado no combate às
cotas”. Para o jagunço, a reportagem e, de quebra, a coluna de Gaspari
não deveriam ter sido publicadas sem prévia autorização da direção do
jornal. Ou seja: ele exige maior censura na decrépita Folha. Os racistas, bastante reais e atuantes, estão nervosos no combate às cotas.
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Piratininga
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