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Acampamento do MST no Paraná é atacado por milícia de ex-coronel
Por Ednubia Ghisi, de Ponta Grossa (PR) Brasil de Fato
Por volta das 15h30 deste último sábado, 13 de fevereiro, o ex-coronel condenado há mais
de 18 anos de prisão, Valdir Copetti Neves, tentou despejar à força as
famílias acampadas na Fazenda São Francisco II, em Ponta Grossa (PR). A fazenda pertence à Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e foi ocupada no dia 6 de fevereiro por cerca de 200
trabalhadores.
O conflito teve início quando o ex-coronel e capangas armados
cercaram o acampamento. Em
resposta à ofensiva, os trabalhadores sem terra se organizaram para
pressionar a saída dos invasores. Durante o confronto, Copetti tentou
intimidar as famílias alegando ainda ser o “mandante” da força policial
da região. Os trabalhadores do MST conseguiram manter o acampamento e
expulsaram o grupo, mas logo em seguida Copetti retornou acompanhado da
filha e de um número ainda maior de capangas, Além de atirarem contra os
trabalhadores, eles fizeram ameaças com seus carros, avançando sobre as pessoas
em alta velocidade.
A Patrulha Rural Comunitária e o Batalhão da Polícia Militar de
Ponta Grossa chegaram ao local pouco mais de 30 minutos depois do
início do conflito. Com o discurso de amenizar a disputa, a polícia
intermediou a negociação posicionando-se favorável ao
ex-coronel e agindo de forma violenta contra os integrantes do MST.
Durante a negociação, o tenente Azevedo usou de postura grosseira para
inibir os trabalhadores, exigindo conversar somente com representantes
e impedindo os demais trabalhadores de se aproximarem. A posição dos
policiais ficou explícita quando um deles, soldado Ronaldo,
atirou com bala de borracha contra o trabalhador Davi.
A resistência dos trabalhadores sem terra resultou no fortalecimento
da ocupação. Agora as famílias estão na maior parte da fazenda,
enquanto o ex-coronel e seu grupo estão próximos da divisa com a
Fazenda São Francisco I – área grilada por Copetti, que também pertence
à Embrapa. A Polícia Militar permanece próxima do local onde ficou
estabelecida a nova cerca. Para o MST, o caso da ocupação deve ser
resolvido pela justiça, e não de forma violenta, como vem tentando o
ex-coronel. A terra é reivindicada pelo movimento desde 2004, e o
processo de luta pela área resultou em três reintegrações de posse.
Ofensiva ruralista
Durante a semana passada o Sindicato Rural de Ponta Grossa, a
Confederação Nacional de Agricultura (CNA) e a União Democrática
Ruralista (UDR) se reuniram para articular reação contra o Movimento
dos Trabalhadores Sem Terra em apoio ao ex-coronel.
Em dezembro de 2009, Valdir Copetti Neves foi condenado pela Justiça
Federal a 18 anos e 8 meses de prisão, além da perda do posto na
corporação e multa de R$ 20 mil. Os crimes pelos quais o ex-coronel
deve pagar são o de formação de quadrilha, tráfico internacional de
armas de fogo e de droga. Trabalhadores sem terra foram perseguidos e
torturados pela milícia de Neves. [Fonte: Renajorp]
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