Filmes
Filme Da Margem ao Centro mostra o outro lado do desenvolvimento
[Por Sheila Jacob] Da Margem ao Centro
é um filme produzido pelo Instituto de Políticas Alternativas para o
Cone Sul (PACS) com direção de Márcia Shoo. O vídeo apresenta os
prejuízos do modelo de desenvolvimento adotado no Brasil e nos países
capitalistas a partir de análises de especialistas e de depoimentos
emocionados e emocionantes dos moradores diretamente atingidos pelos
grandes empreendimentos.
As
imagens iniciais de peixes mortos da Baía de Sepetiba, Zona Oeste do
Rio, mostram a diferença entre o passado, quando “havia muita fartura”,
e o presente, marcado por grandes indústrias que geram poluição
atmosférica, contaminação das águas e fim das atividades tradicionais
orientadas à sobrevivência, como a pesca. Além de Sepetiba, o filme
mostra os danos causados em Pedra de Guaratiba, Itaguaí, Ilha da
Madeira, Praia do Sono, e outras localidades no estado do Rio. Os
principais responsáveis por prejuízos ambientais nessas áreas são
grandes empresas como a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), Companhia
Siderúrgica do Atlântico (CSA), Vale do Rio Doce, além de condomínios
luxuosos e mansões que invadem terrenos e excluem grande parte dos
moradores. Um dos casos que exemplificam essa situação é o da população
quilombola da Ilha da Madeira, que luta por um modelo que a considere,
ao invés da exploração predatória de suas terras.
O que Da Margem ao Centro
nos mostra é que são muitos os prejudicados e marginalizados pela
economia capitalista, que transforma a natureza em mercadoria, deixando
de ser um bem coletivo para se tornar um bem individual. Os testemunhos
dos atingidos nos fazem enxergar o sistema cruel em que vivemos,
orientado para uma produção cada vez maior e mais intensa que, ao mesmo
tempo, não é distribuída para todos. Suas falas também nos mostram que,
pelo menos para uma grande parcela de pessoas, as indústrias e empresas
não trazem tantos benefícios como o anunciado nas propagandas e nas
notícias divulgadas pela mídia burguesa. Além disso, o filme nos ajuda
a perceber que existe uma distribuição desigual dos prejuízos, pois
percebemos que os locais que concentram os empreendimentos mais
danosos, chamados “zonas de sacrifício”, são sempre os mais pobres. Ou
seja: os impactos sociais são distribuídos de acordo com as classes
sociais.
Da Margem ao Centro
emociona e gera indignação. Esta é uma boa dica para quem quer se
informar sobre os danos ao meio-ambiente e às populações, mostrando ser
urgente um outro modelo de produção. “Existe um outro caminho, e não
apenas o que dizem ser o único”, adverte a economista Sandra Quintela,
do PACS, durante o filme. A mensagem que fica é a necessidade de se
combater o atual “desenvolvimento”, prejudicial, e defender aquele que
garanta a felicidade de todos e todas, como orienta Marcos Arruda,
também do PACS.
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Piratininga
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