ltimas Notcias Mais uma vez mídia e ruralistas investem contra o MST
A Coordenação Nacional da CPT veio a público para
manifestar sua estranheza diante do “requentamento” por toda a grande mídia de
um fato ocorrido no dia 28 de setembro. Foi noticiado naquela ocasião, mas voltou
com maior destaque, uma semana depois, a partir do dia 5 de outubro. Trata-se
do seguinte: no dia 28, integrantes do MST ocuparam a Fazenda Capim, que
abrange os municípios de Iaras, Lençóis Paulista e Borebi, região central do
estado de São Paulo. A fazenda foi grilada pela Cutrale para a monocultura de
laranja. A Cutrale é uma das maiores empresas produtora de suco de laranja do
mundo. O MST destruiu dois hectares de laranjeiras para neles plantar alimentos
básicos. A ação tinha por objetivo chamar a atenção para o fato de uma terra
pública ter sido grilada por uma grande empresa. Também quis pressionar o
judiciário, já que, há anos, o Incra entrou com ação pela posse destas terras,
que são da União.
As imagens da TV, feitas de helicóptero, mostram um
trator destruindo as plantas. As reações vieram inclusive de pessoas do governo,
mas, sobretudo, de membros da bancada ruralista que acusam o movimento de
criminoso e terrorista. Mas, afinal de contas, a quem interessa a repetição da
notícia, uma semana depois? A ação do MST do dia 28 poderia dar a munição
necessária para novamente se propor uma CPI contra o MST.
Pode parecer radical, mas a ação do Movimento escancara
a realidade brasileira. Enquanto milhares de famílias sem terra continuam acampadas
Brasil afora, grandes empresas praticam a grilagem e ainda conseguem a
cobertura do poder público. Por que a imprensa não dá destaque à grilagem da
Cutrale? Por que a bancada ruralista se empenha tanto em querer destruir os
movimentos dos trabalhadores rurais? Por que não se propõe uma grande
investigação parlamentar sobre os recursos repassados às entidades do
agronegócio, ao perdão rotineiro das dívidas dos grandes produtores que não
honram seus compromissos com as instituições financeiras? São perguntas que a
Coordenação Nacional da CPT gostaria de ver respondidas.