Comunica%E7%E3o Alternativa
Jornalismo de resistência
Por Elaine Tavares Brasil de Fato
Nada
é mais animador do que acompanhar a cobertura jornalística da Rádio
Globo de Honduras nestes dias de golpe de estado. Primeiro porque a
equipe chefiada por Don David Romero imediatamente tomou posição:
contrária ao golpe. Claramente, sem vacilação. E depois, pela
postura jornalística que esta mesma equipe tomou ao longo destes
meses. Os jornalistas noticiam dia e noite tudo o que acontece no
país. As mobilizações populares, as reuniões, os debates. Eles
abrem o microfone para todas as vozes, mesmo as golpistas.
A
rádio Globo e toda sua equipe está sendo nestes dias um ponto de
apoio para toda a população. As pessoas confiam nos repórteres,
ligam dos cantos mais remotos do país, passam informações, chamam
seus companheiros para mobilizações. Usam a rádio como um espaço
democrático e participativo de união e mobilização. E os
jornalistas não se furtam a passar sua opinião sobre os atos dos
golpistas.
Hoje,
dia 22 de setembro, eram cinco horas da manhã quando o exército
hondurenho chegou diante da embaixada brasileira e ali estavam os
repórteres da Rádio Globo, relatando tudo. E mais, chamando o povo
a sair de casa, a vir para a rua e se manifestar em apoio da
legalidade constitucional, que é o retorno de Zelaya ao governo.
Para quem vive num país onde a maioria dos jornalistas é cortesã
do poder, este é um momento de pura emoção. Os jornalistas
hondurenhos, pelo menos os da rádio Globo, estão do lado da maioria
das gentes. Eles não ficam protegidos pelo exército golpista. Eles
ficam no meio do povo, correndo os mesmos riscos.
Naquelas
primeiras horas da manhã, as gentes que vivem longe da capital,
congestionavam as linhas da rádio para passar informação. O país
inteiro se expressa pelas ondas livres desta emissora que, apesar de
privada e pertencer a um liberal, encontrou no seu corpo jornalístico
o esteio onde amparar a realidade vista pelos olhos do povo.
Para
nós, que somos informados pelo jornalismo entreguista e amorfo das
grandes redes do Brasil, ouvir a Rádio Globo de Honduras é quase
como sorver o néctar daquilo que devia ser o jornalismo em todos os
lugares. Um fazer absolutamente encarnado na vida real, das maiorias,
do povo. Um espaço de expressão de todas as vozes e não só de
algumas. A equipe de jornalistas da Rádio Globo me enche de orgulho
de ser o que sou: jornalista. Alguém comprometido e parcial. Porque
não dá para ser neutro diante de um golpe ou diante da destruição
da vida das gentes. Que vivam os jornalistas de Honduras, uma
categoria que tem o amor e a confiança do povo. Coisa rara e por
isso digna de nota.
http://radioglobohonduras.com/
Núcleo
Piratininga
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