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As bandeiras vermelhas nasceram em Paris, em 1848
Por Vito Giannotti, abril de 2001 O ano de 1848, em muitos países da Europa, foi marcado por revoluções burguesas contra a aristocracia e a velha nobreza que tinha voltado ao poder após a derrota de Napoleão e o Congresso de Viena, em 1815.
A nova classe que era dona do capital era a nova burguesia das indústrias. E ela queria ter o poder político em suas mãos. Nesse contexto, em vários países europeus, naquele ano, explodiram verdadeiras revoluções dirigidas pela burguesia que se aliou aos trabalhadores para derrubar reis e imperadores. Isto aconteceu na Áustria, na Hungria, na Itália e, sobretudo, na França. A capital Paris, que era de longe a mais importante e a maior cidade do continente europeu, foi palco de uma grande revolução. Esta tirou o poder do rei e impôs um novo sistema político: a república. Os trabalhadores franceses entraram de cabeça nesta revolução dirigida e a serviço dos planos da burguesia que estava se tornando a verdadeira dona do país. Entraram de cabeça e pagaram muito caro por isso. Logo que a República Francesa foi vitoriosa contra o velho sistema monárquico, a classe trabalhadora apresentou suas reivindicações: salários que dessem para viver e redução da jornada de trabalho para 10 horas. Imediatamente a burguesia mostrou sua cara e o sentido da revolução de fevereiro: uma revolução a serviço única e exclusivamente de uma classe: a classe dos proprietários do novo capital industrial, comercial e bancário. Para os trabalhadores sobraram as balas de fuzil e de canhão. A primeira fase da revolução de 1848 foi contra a nobreza. A segunda será imediatamente contra os novos inimigos: os trabalhadores. Os trabalhadores resistiram, fizeram barricadas e inutilmente desfraldavam a bandeira tricolor para seus ex-aliados de ontem. Os canhões do general Cravaignac bombardearam os bairros operários e destruíram as barricadas. No final destas jornadas de resistência operária, do mês de junho de 1848, as bandeiras da República Francesa que estavam nas mãos dos mortos ou dos feridos não eram mais azul, branca e vermelha, mas tinham uma cor só. O vermelho do sangue operário francês, esmagado pela burguesia. A mesma que era dona das fábricas, das lojas e dos bancos onde estes revolucionários trabalhavam. Esta é a origem do vermelho das nossas bandeiras. Marx assim nos conta a origem e o simbolismo da bandeira que passará a ser a bandeira da classe trabalhadora mundial: "Após o esmagamento da revolução de 48, em Paris, somente depois que a bandeira tricolor foi empapada com o sangue dos insurretos de junho, a bandeira vermelha passou a ser a bandeira da revolução européia". Depois de 48, as bandeiras vermelhas começarão a aparecer nas lutas e manifestações. Pouco a pouco o vermelho será consagrado como a cor símbolo do socialismo e da luta operária. Durante a Comuna de Paris, há 130 anos, as bandeiras vermelhas do socialismo e pretas do anarquismo tremulavam sobre as barricadas e os prédios públicos de Paris. O triunfo do vermelho se dará com a Revolução Russa. A bandeira vermelha ganhará, então, a foice e o martelo, símbolo da aliança básica que deu a vitória àquela revolução: os operários e os camponeses.
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