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17.06 - Delegação haitiana denuncia ocupação das tropas da ONU e brasileira
Três haitianos chegaram ao Brasil nesta terça-feira, 16 de junho. Eles vieram
denunciar a situação pela qual passa seu país depois da presença das tropas da
ONU, cuja ocupação já dura cinco anos. Carole Pierre Paul-Jacob é dirigente da
organização Solidariedade das Mulheres Haitianas – SOFA; Frantz Dupuche é membro
da Plataforma Haitiana em Defesa de um Desenvolvimento Alternativo – PAPDA; e
Didier Dominique é membro da Central Sindical e Popular Batay Ouvriyer. Eles
chegam ao Brasil em um momento complicado da luta dos trabalhadores e estudantes
haitianos por melhores condições de vida e trabalho.
Os haitianos ficam no Brasil até o próximo dia 26. Nos dias 16, 17 e
18 de junho permanecem em Brasilia e participam de diversas atividades. Uma delas é a
audiência pública no Senado Federal no dia 17, às 10h. Eles também têm uma
audiência no Itamaraty e estão sendo organizadas audiências na CNBB e na OAB. A
delegação participa, ainda, do protesto nacional que será realizado pelos
servidores públicos nesta data na capital federal e faz debate no Sindmetrô.
De 18 a 25/6, eles se dividem e partem para participar de atividades diversas
em todas as regiões do país.
A delegação chega ao Brasil a convite da Conlutas e outras entidades, entre
elas, Jubileu Sul, MST, Intersindical e vários setores do Movimento Negro.
Situação no Haiti - Ao mesmo tempo em que contabilizam
exatos cinco anos da ocupação do país, os haitianos saem às ruas para pedir o
reajuste do salário mínimo vigente, congelado desde 2003. No dia 4/6, dezenas de
estudantes universitários foram presos ou ficaram feridos, e um deles foi
baleado na cabeça, durante manifestações na capital do país. Os tiros partiram
da Polícia local, e também da Minustah.
Dirceu Travesso, dirigente da Conlutas, conta que a repressão policial no
Haiti piorou muito nos últimos dias, em função dos protestos pelo aumento dos
salários. Segundo ele, o salário-mínimo haitiano vale, hoje, 70 gourdes, o
equivalente a U$ 1,7 diários, ou menos do que R$ 100 por mês. O valor é o mesmo
pago desde 2003, quando houve o congelamento.
Entretanto, o custo de vida no Haiti vem subindo muito, principalmente após
2007. E é a própria legislação trabalhista haitiana que prevê que, caso a
inflação ultrapasse 10%, o valor do salário-mínimo tem que ser reajustado. Dessa
forma, com a pressão popular, o parlamento haitiano aprovou, em abril passado,
uma lei que aumenta o mínimo para 200 gourdes, ou U$ 4 por dia, ou ainda, menos
de R$ 200 por mês.
As manifestações que têm ocorrido no país são justamente para que essa Lei
entre em vigor, embora os trabalhadores reconheçam que o valor fica aquém do
necessário para recuperar o poder de compra verificado há 15 anos. O ideal seria
entre 550 e 600 gourdes diários. Ainda assim, o presidente do Haiti se recusa a
promulgar a Lei.
“A ocupação do Haiti, desde 2004, sob o comando das tropas brasileiras, só
tem agravado a situação de extrema miséria e repressão em que vive o povo
haitiano. Por isso, nós, brasileiros, não podemos nos furtar de apoiá-los na
luta contra a retirada das tropas da ONU daquele país”, afirma o 1º
vice-presidente do ANDES-SN, Antônio Lisboa, que esteve no Haiti, ao lado de
outros companheiros da Conlutas, representando os trabalhadores brasileiros,
durante as atividades do 1º de Maio, o Dia do Trabalhadores.
Fonte: Conlutas
Núcleo
Piratininga
de Comunicação
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