MANAUS/AM - Um tema que sempre agita os jornalistas e os dirigentes sindicais nos encontros da Fenajufe é o que trata da comunicação produzida hoje pela Federação e seus sindicatos filiados. Este foi o assunto do último painel do 5º Encontro Nacional de Comunicação, realizado nesta quinta-feira [04], em Manaus.
Com o tema Comunicação pública e imprensa sindical, os jornalistas Caio Teixeira [diretor do programa Justiça em Movimento e apresentador do programa Justiça do Trabalho na TV, produzidos pela Assessoria de Comunicação do TRT/SC], Beto Almeida [da TV Senado e âncora dos programas Cidadania, Espaço Cultural e Memória Brasileira] e Cláudia Santiago [coordenadora do Núcleo Piratininga de Comunicação] falaram da importância da comunicação pública e sindical para a luta dos trabalhadores.
Para Caio Teixeira, as entidades sindicais devem ocupar os espaços dos canais de TVs e rádios públicas e garantir uma programação voltada para os trabalhadores. Como proposta, ele citou a TV Justiça como um exemplo de canal que deve ser disputado pela Fenajufe e seus sindicatos filiados. “Os movimentos sociais têm que se organizar para ter espaços nos canais públicos, mas para isso precisamos produzir. E temos que fazer disputa contra hegemônica com qualidade”, afirmou.
O jornalista Beto Almeida, que é diretor da Tele Sul no Brasil, reforçou a intervenção de Caio Teixeira, afirmando que a sociedade precisa se apropriar dos meios de comunicação. Para ele, somente a comunicação pública expressará os interesses dos setores populares, e jamais os veículos privados. Beto Almeida avalia a Conferência de Comunicação como um espaço importante de disputa e espera que o resultado desse processo aponte uma agenda de lutas. “Os empresários terão que se expor, terão que se comprometer e mostrar a cara na Conferência”, afirmou. Ele pontuou quatro pontos que a Fenajufe deve apresentar na Comissão Organizadora e que devem estar pautados na Conferência, como: expansão e fortalecimento de todas as formas de comunicação pública, inclusive as estatais; formação de um programa de jornalismo público; financiamento público e abertura de todos os canais públicos, que hoje estão confinados à Lei do Cabo.
Imprensa sindical não é corporativa e sim de classe
Cláudia Santiago, do NPC, abriu sua fala afirmando que os trabalhadores e as organizações sindicais não devem se iludir com a imprensa burguesa e, por isso, devem garantir os seus próprios veículos de comunicação. “A grande imprensa tem lado, tem classe e tem seus interesses: que é a manutenção do sistema vigente”, ressaltou. Sobre a Conferência de Comunicação, a jornalista avalia que mesmo com uma correlação de forças desfavorável aos movimentos sociais, as entidades sindicais, como a Fenajufe e seus sindicatos filiados, devem participar desse processo em seus Estados.
Para reforçar sua afirmação de como os grandes veículos de comunicação manipulam os fatos a favor da burguesia, Cláudia citou exemplos da cobertura dos jornais cariocas contra as populações das comunidades pobres e das favelas do Rio de Janeiro. “A imprensa é estratégica para a disputa de idéias e precisamos, nos jornais de nossos sindicatos, falar das coisas que mexem com o povo. A imprensa sindical não pode ser vista como uma imprensa corporativa, mas uma imprensa de classe”, finalizou.
Após a exposição dos palestrantes foi aberto o debate, com várias intervenções e também apresentação de propostas. O 5º Encontro Nacional de Comunicação da Fenajufe foi encerrado com a leitura das sugestões apresentadas durante todo o dia, que serão apreciadas na XV Plenária Nacional da Fenajufe durante a votação do Plano de Lutas.
Leonor Costa – De Manaus