Estão
sendo realizados protestos em 11 estados, com a ocupação de oito
superintendências do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma
Agrária), responsável pelo Pronera. O programa tem a missão de promover o acesso à
educação formal em todos os níveis aos trabalhadores das áreas de Reforma
Agrária, desenvolvendo ações de alfabetização; ensino fundamental e médio;
cursos profissionalizantes de Nível Médio, Superior e Especialização (leia abaixo o manifesto da jornada).
"O
corte no orçamento do Pronera é um grande retrocesso e caminha na contramão das
necessidades dos trabalhadores rurais. Precisamos fortalecer o programa, que
atende justamente aos camponeses, que foram historicamente excluídos do acesso a
educação no nosso país", afirma a integrante da direção nacional do MST, Edgar
Kolling, que coordena o setor de educação.
Em São Paulo, cerca de 400 Sem Terra ocuparam o
prédio da superintendência regional do Incra (Instituto Nacional de Colonização
e Reforma Agrária), na capital do estado. No Pontal do Paranapanema, também
acontece protesto em defesa da educação do campo.
Em Goiânia, 400 trabalhadores rurais ocuparam a
superintendência regional do Incra em Goiana.
No Ceará, 400 trabalhadores rurais ocuparam a
superintendência regional do Incra em Fortaleza.
No Piauí, 350 trabalhadores rurais ocuparam a
superintendência do Incra, em Teresina.
Em Santa Catarina, 250 estudantes das escolas
de ensino médio e fundamental dos assentamentos da Reforma Agrária fizeram uma
caminhada da praça central da
cidade de Chapecó até o Incra, que foi ocupado.
Os estudantes solicitam uma audiência para apresentar os pontos de
reivindicação.
Na Bahia, cerca de
200 estudantes de movimentos sociais do campo ocuparam a superintendência
regional do Incra, em Salvador. A ocupação está prevista para durar três
dias.
Em Pernambuco, estudantes e formados em cursos do Pronera ocuparam as
sedes do Incra em Recife e Petrolina
No
Paraná, cerca de 500 trabalhadores rurais fazem uma mobilização em frente
à superintendência Regional do Incra em Curitiba.
Em Minas Gerais, 200 educandos fazem
manifestação na superintendência regional do Incra em Belo
Horizonte.
No Rio Grande do Sul,
filhos de pequenos agricultores e assentados da reforma agrária fizeram
protesto em frente à superintendência do Incra, em Porto Alegre.
No Mato Grosso, estudantes do Pronera fazem
vigília em frente ao Incra em Cuiabá.
Sobre o Pronera
O Pronera é uma
conquista dos movimentos sociais do campo que lutam pela Reforma Agrária no
Brasil, resultado da demanda desses movimentos pela efetivação do direito
constitucional a uma educação de qualidade, que atenda as suas necessidades
sócio-culturais.
De 1998 a 2002, o Pronera foi responsável pela
escolarização e formação de 122.915 trabalhadores (as) rurais assentados (as).
De 2003 a 2008, promoveu acesso à escolarização e formação para cerca de 400 mil
jovens e adultos assentados.
Por meio de metodologias específicas, que
consideram o contexto sócio-ambiental e as diversidades culturais do campo, bem
como o envolvimento das comunidades onde estes trabalhadores rurais residem, o
Pronera buscar fortalecer o mundo rural como território de vida em todas as suas
dimensões: econômicas, sociais, ambientais, políticas culturais e
éticas.
Segundo estudo da organização Ação Educativa ("Programa Nacional
de Educação em Reforma Agrária em Perspectiva - dados básicos para uma
avaliação"), em pleno século XXI as populações do campo permanecem
marginalizadas do processo de escolarização, com acesso restrito mesmo à
educação básica.
Quando existe, a escola do campo é, na maioria das
vezes, uma escola isolada, de difícil acesso, composta por uma única sala de
aula, sem supervisão pedagógica, e que segue um currículo que privilegia uma
visão urbana da realidade. "A má qualidade da educação produzida nessas
condições reforça o imaginário social perverso de que a população do campo não
precisa conhecer as letras ou possuir uma formação geral básica para exercer seu
trabalho na terra", diz o estudo.
Fonte: MST