Pol%EDtica
Serra compra 220 mil assinaturas da Abril
- Por Altamiro Borges
Correio do Brasil
15/04/09
A cumplicidade entre os “barões da mídia” é algo impressionante. Primeiro, os
blogs de Paulo Henrique Amorim e Luis Nassif, entre outros, revelaram que o
governo de São Paulo comprou 220 mil assinaturas anuais da revista Nova Escola,
publicada pela Editora Abril – a mesma que produz a Veja, porta-voz dos tucanos
e do “império do mal”. Na seqüência, a denúncia chegou ao Congresso Nacional num
pronunciamento contundente do deputado Ivan Valente (PSOL-SP). Apesar da
gravidade do assunto, que pode confirmar o conluio entre o presidenciável tucano
e a revista de maior circulação no país, os jornalões e emissoras de TV
evitam abordar o caso.
No seu discurso, o deputado Ivan Valente informou que protocolou uma
representação junto ao Ministério Público de São Paulo questionando o contrato
firmado entre a Secretaria Estadual de Educação e a Fundação Victor Civita do
Grupo Abril para a distribuição da revista Nova Escola aos docentes da rede
oficial. Ele questiona o fato da milionária aquisição ter sido realizada sem
licitação pública e do governo estadual ainda ter repassado à empresa privada os
endereços dos professores, sem qualquer comunicado ou pedido de autorização dos
mesmos, o que é ilegal.
Contrato de R$ 3,7 milhões
“Nenhuma consulta a respeito de qual publicação melhor atenderia às
necessidades pedagógicas para o exercício de sua atividade profissional foi
feita aos professores. Parece mais razoável que haja assinaturas de vários
títulos de revistas, assegurando a maior pluralidade possível de pontos de vista
no debate educacional e a livre escolha do professor... Cabe questionar também o
porque do fornecimento do mesmo título para professores de diferentes séries e
modalidades, que variam da primeira série do ensino fundamental à terceira do
ensino médio. Esta opção deliberada desconsidera as particularidades dos
profissionais de educação”, acrescentou o parlamentar.
Segundo a denúncia, o contrato representa quase 25% da tiragem total desta
revista e garantiu à empresa R$ 3,7 milhões. “Este, porém, não é o único
compromisso existente entre a Secretaria de Educação e o Grupo Abril. Outro
absurdo, que merece ação urgente, é a proposta curricular que reduz o número de
aulas de história, geografia e artes do ensino médio e obriga a inclusão de
aulas baseadas em edições encalhadas do Guia do Estudante, também da Abril. Cada
vez mais, a editora ocupa espaço nas escolas de São Paulo, tendo até mesmo
publicações adotadas como material didático. Isso totaliza, hoje, cerca de R$ 10
milhões de recursos públicos destinados a esta instituição privada, considerado
apenas o segundo semestre de 2008”.
Para Ivan Valente, o governo tucano tem uma “preferência deliberada pela
editora contratada... São claros os indícios de crime contra a administração
pública. A assinatura do contrato feriu os princípios constitucionais da
legalidade, impessoalidade, moralidade e eficiência, além do que feriu o
princípio da supremacia do interesse público sobre o privado, na medida em que
há benefícios para a Fundação Victor Civita e prejuízos aos cofres públicos. É
isto que esperamos que o Ministério Público investigue, assim como solicitamos
que tome as providências legais cabíveis para fazer cessar imediatamente o
pagamento das próximas parcelas do contrato”.
Núcleo
Piratininga
de Comunicação
—
Voltar —
Topo
—
Imprimir
|