Por Sarah Fontenelle Santos *Publicado no Adital
01/04/09
A Executiva Nacional dos Estudantes de Comunicação Social (Enecos)
existe há 18 anos e surgiu a partir dos anseios de vários estudantes de
comunicação em debater e discutir ações a respeito da Comunicação
Social. E como anseios estudantis, não mensuramos apenas as pautas de
educação, como também a relevância da comunicação como instrumento de
transformação social.
A Enecos entende a Comunicação enquanto direito humano e bem
popular. Em torno disso, tenta levar as discussões e intervir na
sociedade. Entender princípios como esse é o que nos leva a considerar
os meios de comunicação como instrumento de fortalecimento na luta por
direitos fundamentais e um meio de reverberar idéias, anseios e
denunciar injustiças sociais. Esse seria o papel do comunicador, se ele
realmente se pretendesse social.
Para tentar fazer
chegar esse entendimento aos mais escondidos - e muitas vezes sufocados
cantos do país -, foi necessária a organização e mobilização
estudantil. Acreditamos ser importante levar essa idéia para as escolas
e, então, romper os muros das universidades, onde muitas vezes o que
vem em primeiro lugar é a vontade de reproduzir. Com a integração do
movimento estudantil de comunicação aos outros movimentos sociais,
rumamos para garantir a comunicação como um direito humano.
Assim, a Executiva aceitando o desafio de andar nesse campo minado
entende que é necessário ir à raiz daquilo que impede a integração com
os movimentos sociais e cumpramos realmente com nossas funções.
Discutir, por exemplo, a qualidade do comunicador que as universidades
estão formando (ou quem sabe, deformando) é um ponto que não pode
passar despercebido.
Ou se privilegia a educação para libertação ou se terá a decadência
do ser. E a decadência do ser, como sujeito de um processo
participativo na comunicação, pode significar a decadência de uma
sociedade. Democratizar a comunicação tem sido uma de nossas frentes de
luta. A democratização da comunicação não passa apenas pela quebra do
oligopólio dos meios de comunicação. No Brasil, isso significa,
principalmente, democratizar para que o indivíduo possa ter acesso aos
meios e a produção dos discursos sociais. Assumir que o indivíduo não é
apenas espectador desse espetáculo, mas deveria ser antes de tudo um
produtor-comunicador.
Na luta por essa tão sonhada democratização e participação social,
nessa rede ainda dominada por poucos, um dos desafios tem sido
justamente o de entender que a comunicação não é um privilegio de
conglomerados privados. Nesse caso, torna-se impossível vislumbrar
outro amanhã se não for em conjunto com os movimentos sociais. Ter
acesso e participação nesse processo não é um sonho, como querem nos
fazer acreditar, é antes de tudo um direito. E por mais que queiram
sufocar nossas vozes no meio da afonia do dilúvio informacional, ainda
haverá vozes que gritem.