Hist�ria Imprensa burguesa festejou o golpe civil-militar de 1964
[Fonte: Agência Carta Maior]
Aqui
está uma seleção do que foi destaque nos principais jornais do Brasil a partir
do 1º de abril de 1964. A pesquisa abaixo foi publicada
originalmente no blog da BrHistória, da jornalista Cristiane Costa.
Ressurge a Democracia! Vive a Nação dias
gloriosos. Porque souberam unir-se todos os patriotas, independentemente das
vinculações políticas simpáticas ou opinião sobre problemas isolados, para
salvar o que é de essencial: a democracia, a lei e a ordem. Graças à decisão
e ao heroísmo das Forças Armadas que, obedientes a seus chefes, demonstraram
a falta de visão dos que tentavam destruir a hierarquia e a disciplina, o
Brasil livrou-se do governo irresponsável, que insistia em arrastá-lo para rumos
contrários à sua vocação e tradições. Como dizíamos, no editorial de
anteontem, a legalidade não poderia ter a garantia da subversão, a ancora dos
agitadores, o anteparo da desordem. Em nome da legalidade não seria legítimo
admitir o assassínio das instituições, como se vinha fazendo, diante da Nação
horrorizada ... (O Globo - Rio de Janeiro - 4 de Abril de
1964)
Multidões em júbilo na Praça
da Liberdade. Ovacionados o governador do estado e chefes militares. O ponto
culminante das comemorações que ontem fizeram em Belo Horizonte, pela vitória do
movimento pela paz e pela democracia foi, sem dúvida, a concentração
popular defronte ao Palácio da Liberdade. Toda área localizada em frente à sede
do governo mineiro foi totalmente tomada por enorme multidão, que ali acorreu
para festejar o êxito da campanha deflagrada em Minas (...), formando uma das
maiores massas humanas já vistas na cidade (O Estado de Minas - Belo
Horizonte - 2 de abril de 1964)
Salvos da comunização que celeremente
se preparava, os brasileiros devem agradecer aos bravos militares que os
protegeram de seus inimigos. Este não foi um movimento partidário. Dele
participaram todos os setores conscientes da vida política brasileira, pois a
ninguém escapava o significado das manobras presidenciais (O Globo - Rio de
Janeiro - 2 de abril de 1964)
A
população de Copacabana saiu às ruas, em verdadeiro carnaval, saudando as
tropas do Exército. Chuvas de papéis picados caíam das janelas dos edifícios
enquanto o povo dava vazão, nas ruas, ao seu contentamento (O Dia - Rio de
Janeiro - 2 de abril de 1964)
Escorraçado, amordaçado e acovardado,
deixou o poder como imperativo de legítima vontade popular o Sr João Belchior
Marques Goulart, infame líder dos comuno-carreiristas -negocistas-
sindicalistas. Um dos maiores gatunos que a história brasileira já
registrou, o Sr João Goulart passa outra vez à história, agora também como um
dos grandes covardes que ela já conheceu. (Tribuna da Imprensa - Rio de
Janeiro - 2 de abril de 1964)
A paz alcançada. A vitória da
causa democrática abre o País a perspectiva de trabalhar em paz e de vencer
as graves dificuldades atuais. Não se pode, evidentemente, aceitar que essa
perspectiva seja toldada, que os ânimos sejam postos a fogo. Assim o querem as
Forças Armadas, assim o quer o povo brasileiro e assim deverá ser, pelo
bem do Brasil (Editorial de O Povo - Fortaleza - 3 de abril de
1964)
Desde ontem se instalou no País a verdadeira legalidade ...
Legalidade que o caudilho não quis preservar, violando-a no que de mais
fundamental ela tem: a disciplina e a hierarquia militares.
A legalidade está conosco e não com o
caudilho aliado dos comunistas. (Editorial do Jornal do Brasil - Rio de
Janeiro - 1º de abril de 1964)
Milhares de pessoas compareceram,
ontem, às solenidades que marcaram a posse do marechal Humberto Castelo Branco
na Presidência da República ... O ato de posse do presidente Castelo Branco
revestiu-se do mais alto sentido democrático, tal o apoio que
obteve. (Correio Braziliense - Brasília - 16 de abril de
1964)
Vibrante manifestação sem precedentes na história de Santa Maria
para homenagear as Forças Armadas. Cinquenta mil pessoas na Marcha Cívica do
Agradecimento (A Razão - Santa Maria [RS] - 17 de abril de 1964)
[...] um governo sério, responsável, respeitável
e com indiscutível apoio popular, está levando o Brasil pelos seguros
caminhos do desenvolvimento com justiça social - realidade que nenhum
brasileiro lúcido pode negar, e que o mundo todo reconhece e proclama [...].
(Editorial da Folha de S.Paulo por Octavio Frias de Oliveira - 22 de
setembro de 1971)
Vive o País, há nove
anos, um desses períodos férteis em programas e inspirações, graças à
transposição do desejo para a vontade de crescer e afirmar-se. Negue-se tudo a
essa revolução brasileira, menos que ela não moveu o País, com o apoio de
todas as classes representativas, numa direção que já a destaca entre as
nações com parcela maior de responsabilidades. (Editorial do Jornal do Brasil
- Rio de Janeiro - 31 de março de 1973)
Golpe? É crime só punível pela
deposição pura e simples do Presidente. Atentar contra a Federação é crime de
lesa-pátria. Aqui acusamos o Sr. João Goulart de crime de lesa-pátria.
Jogou-nos na luta fratricida, desordem social e corrupção
generalizada. (Jornal do Brasil, edição de 1 de abril de
1964.)
Participamos da Revolução de 1964 identificados com os
anseios nacionais de preservação das instituições democráticas, ameaçadas
pela radicalização ideológica, greves, desordem social e corrupção
generalizada. (Editorial do jornalista Roberto Marinho, publicado no
jornal O Globo, edição de 7 de outubro de 1984, sob o título: "Julgamento da
Revolução").
Mais algumas manchetes:
31/03/64 – Correio da Manhã (do editorial “Basta!”): O Brasil já
sofreu demasiado com o governo atual. Agora, basta!
1°/04/64 – Correio da
Manhã (do editorial, “Fora!”): Só há uma coisa a dizer ao Sr. João Goulart:
Saia!
1º/04/64 – O Estado de S.Paulo (do editorial São Paulo repete 32):
Minas desta vez está conosco... dentro de poucas horas, essas forças não serão
mais do que uma parcela mínima da incontável legião de brasileiros que
anseiam por demonstrar definitivamente ao caudilho que a nação jamais se vergará
às suas imposições.
02/04/64 – O Globo: Fugiu Goulart e a democracia
está sendo restaurada... atendendo aos anseios nacionais de paz,
tranqüilidade e progresso... as Forças Armadas chamaram a si a tarefa de
restaurar a Nação na integridade de seus direitos, livrando-a do amargo fim que
lhe estava reservado pelos vermelhos que haviam envolvido o Executivo
Federal.
02/04/64 – Correio da Manhã: Lacerda anuncia volta do país à
democracia.
05/04/64 – O Globo: A Revolução democrática antecedeu
em um mês a revolução comunista.
05/04/64 – O Estado de Minas: Feliz a
nação que pode contar com corporações militares de tão altos índices
cívicos. Os militares não deverão ensarilhar suas armas antes que emudeçam
as vozes da corrupção e da traição à pátria.
06/04/64 – Jornal do Brasil:
Pontes de Miranda diz que Forças Armadas violaram a Constituição para poder
salvá-la!
09/04/64 – Jornal do Brasil: Congresso concorda em aprovar
Ato Institucional.