Direitos Humanos Moradores de comunidades denunciam abusos do chamado Choque de Ordem
Por Sheila Jacob
Na
tarde do dia 16 de fevereiro, militantes dos movimentos que lutam por habitação
e os moradores de comunidades se reuniram para enfrentar a chamada Operação
Choque de Ordem, do atual prefeito do Rio, Eduardo Paes. O encontro foi preparado
pelos defensores públicos Maria Lúcia de Pontes, Alexandre Mendes e Eliete
Jardim, do Núcleo de Terras e Habitação da Defensoria.
O
objetivo da reunião foi ouvir as angústias dos moradores em relação às ações da
Prefeitura do Rio, como a chamada operação limpeza. “Estamos aqui para ouvir o
que vocês vêm enfrentando ou testemunhando para pensarmos em uma solução”,
disse Maria Lúcia. Segundo os defensores, o foco é agir em casos de demolição
de casas que ocorrem de forma ilegal. “Entendemos que existe uma ameaça
constante das moradias que o poder público diz serem irregulares, e também do
trabalho informal. Queremos reunir diversos representantes para se defenderem
em conjunto”, disse Mendes.
Na
reunião foram feitos diversos relatos de violência praticada por policiais e
representantes do poder público nas comunidades. Além da expulsão das casas
para demolição, foram denunciadas as agressões físicas e a cumplicidade da
mídia comercial. “Nos jornais falam que nas comunidades só moram milicianos,
bandidos, crianças pedindo dinheiro no sinal. Mas quem chega lá vê que isso
tudo é uma grande mentira”, relatou Nazaré, da Comunidade Solar da Montanha, de
Jacarepaguá. “Nos últimos 28 dias fomos atacados pelo Estado. É uma tragédia.
Ninguém dorme, ninguém come direito. Eles chegam com um Batalhão preparados
para a guerra, com armas e segurança. Mas a nossa comunidade é pequena, tem
apenas 51 casas”, desabafou.
Nilton,
do Complexo do Alemão e do Conselho Popular, se juntou às críticas ao atual
prefeito. “Pensamos em eleger alguém que defendesse nossos direitos. Mas o que vemos
é o contrário: persegue os pobres, os trabalhadores, pessoas que só estão
trabalhando nas ruas porque não têm emprego. Parece que Choque de Ordem é só
contra os pobres do Eduardo Malvadeza”.
Além
da remoção de casas, foram feitas denúncias de violência física. “Além de
tirarem as casas, sabemos que estão agredindo as pessoas”, disse Maria Lucia.
Como muitos lembraram, o Estado quer aumentar a repressão para conter a justa
revolta do povo. “Hoje no Brasil pobre virou sinônimo de criminoso. O que vai
garantir a nossa sobrevivência é a união e a luta”.
Participaram da reunião membros do Conselho Popular e moradores de comunidades,
como Canal do Anil, Complexo do Alemão, Solar da Montanha e Vila Joana. E também
de ocupações, como Zumbi dos Palmares e Machado de Assis.