Pol�tica
Filósofo e ativista marxista Michael Löwy defende socialismo ecológico e democrático no FSM
Por Sheila Jacob
Em um painel promovido pela revista Margem Esquerda, da Boitempo Editorial, o sociólogo brasileiro radicado na França, Michael Löwy, destacou a questão ecológica como uma das crises mais preocupantes da atualidade – além das outras que vêm sendo discutidas, como a financeira, energética e alimentar. Desse
painel, chamado "Por onde anda o outro mundo possível?", participaram
ainda o mexicano Luiz Hernández Navarro, editor de opinião do jornal La
Jornada, e o cientista político brasileiro Emir Sader.
Löwy lembrou que o capitalismo não vai morrer de causa natural ou desaparecer sozinho, “mesmo que as atuais crises tenham desconstruído o mito de que o mercado resolve tudo”. Por isso, ele disse ser necessário pensar em medidas que atinjam a raiz do problema, “para frear o caminho suicida que o capitalismo predador vem trilhando”.
Löwy propôs, então, a construção de outro paradigma de sociedade: o "socialismo do século XXI", que seria democrático e ecológico. "O novo socialismo tem que vir de baixo para cima, respeitando sempre a nossa Mãe Terra", afirmou. Esse mundo seria conquistado com a luta dos movimentos sociais, como o de mulheres, dos camponeses, indígenas, operários, negros e estudantes, contando com o apoio de alguns governos progressistas, como Venezuela, Bolívia e Equador.
Para o sociólogo, são imprescindíveis as lutas contra o desmatamento e por meios públicos coletivos de transporte. Ele lembrou ainda José Carlos Mariátegui, Che Guevara, Farabundo Martí e Chico Mendes como expoentes latino-americanos do socialismo do século XXI. “Chico Mendes, por exemplo, porque era um militante socialista e ambientalista, preocupado com os povos da floresta, que são exatamente os quilombolas, ribeirinhos, extrativistas e indígenas, com quem temos muito a aprender a respeitar a natureza”.
Navarro e Emir Sader falam sobre a importância do FSM
Luis Hernandez Navarro, do jornal mexicano La Jornada, fez uma saudação à juventude presente no Fórum Social Mundial, e à diversidade de grupos presentes no encontro em Belém. O jornalista disse que considera o Fórum como um importante momento de diálogo, de troca de experiências e de conhecimentos.
“Para mim, esse Fórum tem servido principalmente como momento de internacionalização das agendas”, afirmou Navarro. Para ele, são três os atores fundamentais deste espaço: as ONGs, os movimentos sociais e os intelectuais presentes.
Já para Emir Sader, o Fórum é um espaço extraordinário de trocas e discussões para outros modelos e alternativas à crise, e é ao mesmo tempo uma frustração. Ele se afirmou preocupado com a ausência de proposições concretas em relação a três grandes temas que são essenciais: as guerras contra o Afeganistão, Iraque e principalmente o atual massacre na Faixa de Gaza; a concentração de riquezas, que causa cada vez mais injustiça social; e, finalmente, a ditadura dos grandes monopólios privados da mídia.
Para ele, esses são temas centrais que mereceriam maior destaque. “O Fórum tinha que discutir, por exemplo, como Bolívia e Venezuela conseguiram acabar com o analfabetismo; como os movimentos sociais bolivianos alcançaram a vitória com a tomada do poder por um índio, que deu voz às lutas e estabeleceu um processo democrático de construção da nova Constituição. Discutir outras formas de integração dos países latino-americanos, como o Banco do Sul”.
Assim como Michael Löwy, Emir Sader pensa que outro mundo só será possível se for construído pelos movimentos sociais, com o apoio de governos progressistas e anti-neoliberais.
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