[Por Luisa Santiago e Sheila Jacob]
O julgamento dos policiais militares Marcos Alves da Silva e Paulo Roberto Paschuini, acusados pelo assassinato do jovem Hanry Silva Gomes de Siqueira, de 16 anos estava marcado para o dia 12 de agosto de 2008. Entretanto, na data, manobras executadas pelo advogado do réu Marcos Alves da Silva fizeram com que o juiz adiasse a sessão.
Hanry foi assassinado quando voltava pra casa no Lins de Vasconcellos, Zona Norte do Rio, em 21/11/2002. Ele foi abordado por policiais que o seguiram pelo mato e o mataram com tiros à queima-roupa. Em sua versão, os policiais alegaram que havia acontecido troca de tiros e que haviam encontrado o corpo de Hanry já baleado. Foi a luta incansável de Márcia de Oliveira Jacintho, mãe de Hanry, que fez com que a versão dos policiais caísse em contradição. A partir daí, as farsas foram aparecendo. Um laudo pericial confirmou que Hanry foi baleado de cima para baixo. Um único tiro disparado de perto, atravessou seu coração e pulmão e o matou.
Na data do julgamento, o advogado de Marcos Alves enviou um estagiário ao fórum para entrar com uma petição, poucas horas antes da sessão, pedindo o adiamento da plenária. Aparentemente, o objetivo era fazer com que os policias fossem julgados em datas diferentes. Quando informado de que qualquer pedido de adiamento que não fosse por motivo de doença deveria ser requerido em plenário, o estagiário solicitou um tempo para que o advogado chegasse até o local, mas ninguém apareceu.
Logo depois, apareceu uma nova petição que passava a defesa do policial militar para outro escritório de advocacia, mas nada se esclareceu. O Ministério Público, então, solicitou adiamento do julgamento “a fim de manter a unidade processual”.
Nos corredores, a indignação e a revolta da mãe, Márcia Jacintho, de parentes e dos que acompanhavam o caso. Antes do início da sessão, a irmã Patrícia Silva Gomes dos Santos declarou que “o sonho é buscar justiça para o meu irmão, que foi covardemente assassinado por esses monstros, esses policiais. Algo que a gente vê acontecer muito por aí”.
O juiz adiou a sessão, pois se mantivesse o julgamento de um réu estaria acatando a manobra processual ocorrida. Ele afirmou ainda que repudia esse tipo de atitude. Segundo ele, alguns advogados ainda não se conscientizaram da importância do seu trabalho. Afirmou ainda que determinará que se oficie à Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) um pedido de medidas disciplinares, que o órgão julgar cabíveis, a serem aplicadas a este advogado.
Após anunciada e decisão do juiz, a defensoria pública encarregada da defesa de Paulo Roberto Paschuini, pediu que esta fosse reconsiderada e que o julgamento apenas deste réu prosseguisse. O juiz então reafirmou que não poderia dar continuidade a sessão pelos motivos acima citados e marcou uma nova data para o julgamento, dia 02 de setembro de 2008.
Na saída era visível o desespero de Márcia. Seu filho foi assassinado há quase seis anos e até hoje a justiça não foi cumprida. Mas sua luta não pára. Com o apoio de familiares e amigos, esta mãe vai até o final para ver a condenação dos assassinos de seu filho.