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Entrevistas
Hamilton de Souza: “O jornalista interfere na realidade, pode mudar a vidas das pessoas”

Por Marcela Figueiredo

piratiningaBoletimNPC - Você iniciou sua fala dizendo que os membros dos movimentos sociais não podem ser ingênuos...

Hamilton de Souza– Quem está neste processo e trabalha na área de comunicação não pode se dar a este luxo. Tem que conhecer, tem que estudar, tem que procurar verificar qual o tipo de sistema que existe. Identificar, caracterizar pra poder lutar.

Um exemplo.  Hoje, os veículos de comunicação concorrem entre si. São todos sócios entre si. A Folha de S.Paulo é sócia de O Globo no jornal Valor. A Abril é sócia da folha no UOL. Tem-se uma situação onde esses veículos, mesmo que eles disputem espaço de mercado, têm o mesmo programa comum. O programa deles é comum.

BoletimNPC -  Onde se daria,então a concorrência?

Ela não se dá na pauta, não se dá no enfoque.  Se dá apenas na disputa pelos leitores.

Voltando ao tema da ingenuidade. É ingenuidade, por exemplo, dizer que nós vivemos numa total democracia. Bom, então qual é a rádio que é ligada ao operariado? Qual a rádio ou a TV que tem haver com a luta dos negros, dos índios ou das mulheres? Qual a rádio ou a TV que defende uma dessas posições contrárias ao neoliberalismo, ao modelo econômico existente? Então não existe democracia na comunicação. Foi isso que eu quis dizer com ingenuidade.

BoletimNPC - Existe jornalistas que criticam a atual forma de organização social, de dominação, de manipulação e mesmo assim se enquadram nesse sistema.

Hamilton – Você tem uma questão que é o mercado de trabalho. Não dá pra impedir, desmotivar ou falar pra alguém: olha você não vai trabalhar para uma empresa capitalista. Porque é um mercado de trabalho que existe. Então, não dá pra cortar isso.

O que, naturalmente, seria o ideal é que você possa conciliar a tua atividade de comunicador, dizendo isso dentro de uma associação, dentro de um sindicato, dentro de uma fundação que não visa lucro.

Existem meios de você tentar sobreviver corretamente, ganhar o seu salário sem ser no mercado tradicional da burguesia. Agora, lógico que o ideal é que nós tivéssemos uma democratização dos veículos de comunicação.

Por exemplo, tem sete mil processos de rádios comunitárias parados no Ministério das Comunicações. Se essas rádios forem liberadas elas abrem, naturalmente, um espaço de trabalho pra muita gente. Você tem as rádios e TVs universitárias que são bloqueadas. Você tem um monte de espaço, que mesmo nesse sistema não são liberadas e que poderiam servir de mercado de trabalho pra muita gente.

BoletimNPC - E quanto à formação do profissional de comunicação que muitas vezes é mais técnica do que capacitador de uma consciência crítica?

Hamilton – A gente critica. Eu e o Arbex, lá na PUC, no departamento de jornalismo da PUC, a gente critica muito isso. A gente caminha por esse lado. A formação que propormos procura, principalmente, a formação humanística, procura fazer com que todo mundo tenha senso crítico, tenha compromisso com o social, procura atuar com ética.

Lógico que não abrimos mão do ensinamento do conhecimento técnico, só que ele não é preponderante. O jornalismo é uma atividade essencialmente política. Você atua e quando você produz algo, que você escreve, que você publica, você está interferindo, você está mudando as pessoas, está causando algo. Você interfere na realidade. O jornalismo não é apenas técnica.

BoletimNPC - Qual a importância de os movimentos sociais terem seus próprios meios de comunicação?

Hamilton – Eu sempre defendi isso. Acho que todos os sindicatos, todas as associações, todas as ONGs, todos os movimentos têm que ter seus próprios meios de comunicação. Se você não produz, você não forma a categoria, você não se relaciona com a categoria, você deixa a categoria entregue ao que os outros veículos da imprensa burguesa colocam.

A produção dos movimentos sociais primeiro tem esse papel, que é unificar o movimento, ensinar as propostas do movimento. Segundo tem um papel externo que é dizer pra sociedade o que esse movimento pensa, deseja e quer. Também ajuda na formação da sociedade. Então, eu defendo essa idéia há muito tempo. Acho que todo movimento tem que fazer um esforço pra ter mesmo que seja um boletim, um site, qualquer veículo que unifique o movimento em torno daquele processo de comunicação.


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 NPC - Núcleo Piratininga de Comunicação * Arte: Cris Fernandes * Automação: Micro P@ge