Oficialmente, a escravidão foi abolida no Brasil em maio de 1888. Porém, quase 120 anos após o fim da escravatura, o país ainda convive com a vergonha do trabalho escravo. A partir de 1995, ação conjunta dos auditores fiscais do trabalho e entidades defensoras de direitos humanos tem contribuído para localizar e denunciar empresas e latifundiários que auferem lucros à base da exploração de trabalhadores humildes e desprotegidos, submetendo homens, mulheres e crianças à condição análoga de escravos. Como resultado desse esforço, em dez anos, mais de 15 mil trabalhadores foram libertados com base em denúncias de entidades nacionais e internacionais como a Comissão Pastoral da Terra (CPT) e a Organização Internacional do Trabalho (OIT). A maior parte das denúncias refere-se ao Mato Grosso e Pará, mas há registros também no Maranhão e outros estados. Em conseqüência, em maio de 2005 mais de 60 empresas assinaram um pacto para eliminar o trabalho escravo de suas cadeias produtivas.

Este vídeo, realizado pela Associação Nacional dos Procuradores do Mato Grosso e pelo Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais do Trabalho, documenta assim o trabalho dos "abolicionistas contemporâneos" – auditores do trabalho e ativistas dos centros de defesa dos direitos humanos – e registra o processo de aliciamento dos trabalhadores, as condições indignas a que são submetidos, as ameaças, os espancamentos, as torturas e até assassinatos de que são vítimas. O papel da mulher na luta comunitária e a função dos alto-falantes como meios de comunicação no processo de denúncia e libertação também estão contemplados neste documentário, que traz entrevistas com vítimas do trabalho escravo e com representantes de entidades de defesa dos direitos humanos, entre estes, religiosos como o bispo dom Pedro Casaldáliga e o padre Ricardo Resende, da CPT.

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