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Entrevistas
Entrevista com Ademar Bogo - 01.12.2006

Por Marcela Figueiredo

piratiningaAdemar Bogo, coordenador nacional de formação do MST, foi o palestrante convidado pelo NPC para discutir a importância da cultura na sociedade.  

Entre as várias questões abordadas, Ademar falou também sobre a histórica perseguição que os movimentos sociais sofrem. Segundo ele, hoje é o parlamento quem vem atacando mais ferozmente os movimentos sociais.  

Uma outra questão colocada pelo palestrante foi que os movimentos sociais têm que atrair a população para a luta social e mostrar as pessoas que elas também serão beneficiadas.  

Ao finalizar o debate, Ademar Bogo esclareceu como tem sido os ataques que os movimentos sociais vêm sofrendo e como a população pode ser atraída para a luta.

Marcela – Gostaria que você exemplificasse como o parlamento está atacando os movimentos sociais, em particular o MST.

Bogo – Veja, o parlamento tem a função de fazer leis. A bancada ruralista que é representada por quase cem deputados, permanentemente vem procurando buscar formas de apresentar novas leis que bloqueiem o avanço da reforma agrária. Esse é o primeiro aspecto. Então, pela lei, a reforma agrária começa a ter dificuldades de avanços. O segundo aspecto é com relação às comissões parlamentares de inquérito, que significa uma investigação sobre o movimento social e da sua relação com o Estado primeiramente. Mas não necessariamente fica nesse campo. Fazem com que através de invenções e mentiras, criminalizem o movimento social dizendo que são corruptos e desviam verbas, como outros convênios, outros projetos que são feitos pelos próprios fazendeiros. Há uma perseguição aos movimentos sociais a partir do governo Lula pelo congresso. Antes era o executivo. Era função do presidente da república com o ministério da reforma agrária perseguir o movimento social. Mudou de governo, o governo Lula que não tem a determinação de perseguir os movimentos sociais, mas o congresso assumiu essa responsabilidade e é por isso que faz esse jogo todo para criminalizar.   

Marcela – Como seria uma luta dos movimentos sociais que atraia a população?

A luta tem que ser de beneficio não somente dos movimentos sociais. A luta precisa também beneficiar a sociedade que também sofre problemas. Então nós procuramos sempre intercalar essas lutas com outras reivindicações. Que não sirva apenas para o movimento dos sem terra, que sirva também para as outras pessoas. Nós reivindicamos a não privatização do patrimônio público; nós lutamos contra a ALCA, porque seria entregar o Brasil para o mercado internacional e todas as nossas riquezas, que seriam exploradas sem ter o mínimo controle; nós lutamos contra o uso das sementes transgênicas, porque afeta não só o problema da agricultura, mas afeta também o problema da alimentação na cidade, porque esta envenenando os alimentos. Então nós procuramos juntar as nossas reivindicações com as reivindicações  da sociedade para que assim consiga convencer a sociedade de que a luta pela terra não é apenas daquele que precisa da terra, mas é uma luta para o benefício da sociedade.

Bogo - 

“A luta pela terra não é apenas daquele que precisa da terra, mas é uma luta para o benefício da sociedade”.


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 NPC - Núcleo Piratininga de Comunicação * Arte: Cris Fernandes * Automação: Micro P@ge