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Luta estudantil marca cursos de Comunação do Sudeste

Da Redação do Comunique-se

Por uma educação pública e de qualidade Caixão, velas, sal grosso e uma cruz marcaram o ato simbólico do enterro do curso de Jornalismo da Universidade de São Paulo (USP), realizado em agosto deste ano. Além de buscar mais qualidade para sua graduação, um dos objetivos dos alunos foi desconstruir a imagem de que a instituição é um centro de excelência sem falhas. "Eu não acho que o Jornalismo é levado a sério pela USP. Falta infraestrutura, professores e boa vontade dos docentes. Eles confundem a necessidade de uma formação generalista como um pretexto para tirar a seriedade do curso", disse Eliane Scardovelli, aluna do 7º semestre da universidade.

Caso emblemático de descaso, Eliane aponta um episódio que ocorreu em uma turma alguns anos mais antiga que a sua. No semestre em que fizeram o Jornal do Campus, veículo-laboratório mais importante do curso, um aluno da classe estava fazendo intercâmbio na Europa, não compareceu a nenhuma aula e mesmo assim foi aprovado com nota acima da média e 100% de freqüência. Segundo ela, porém, os alunos também têm sua parcela de culpa, alimentando um "pacto de mediocridade" com os docentes. "Existe vista grossa por parte dos alunos e dos professores.
Um finge que aprende e o outro finge que ensina. Às vezes você está meio atarefado e deixa a faculdade em segundo plano. É perfeitamente possível ir levando sem esforço", atesta.

Na Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), foi a negligência do próprio departamento que lançou as bases para um protesto estudantil. Por incapacidade de tramitar na burocracia da instituição, não foram realizados concursos para a contratação de professores e em algumas
disciplinas as aulas apenas começaram no meio do período letivo. Para responder ao descaso os alunos realizaram uma assembléia, que resultou em um ato no campus e na entrega da pauta de reivindicações para a direção. Segundo Bruna Mesquita Gatti, aluna do 5º semestre de
Comunicação Social com habilitação em Jornalismo, a direção se comprometeu a repor as aulas perdidas e a avaliar o novo currículo do curso, que apenas recentemente formou sua primeira turma.

Entre as instituições pesquisadas, foi na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) que os alunos conseguiram os melhores resultados com seus protestos. Em junho de 2006, cerca de 150 estudantes vestidos de preto anteciparam a manifestação da USP, realizando o cortejo fúnebre e o enterro do curso, com direito a vela e oração, protestando principalmente contra o uso excessivo de professores substitutos, sem dedicação integral e com salários de cerca de R$ 400. O grupo foi
atendido pelo reitor, que ouviu suas colocações e se comprometeu a agir: R$ 200 mil foram destinados para a instalação de um laboratório novo de Rádio e TV para o Jornalismo. A contratação de professores, porém, ficou para 2007 e deve percorrer o lento trâmite burocrático
das universidades públicas brasileiras.

Teoria...
Clarice Tenório é aluna do 6o período da PUC-Rio, a última turma a ainda ter sua grade baseada no currículo antigo, reformulado com o objetivo de imprimir um caráter mais prático ao curso. "A grande critica que existe sobre o currículo antigo é que ele é muito teórico, mas na minha opinião isso não é um ponto negativo. A parte prática a gente vai aprender no mercado, então acho importante termos matérias como filosofia ou antropologia", aponta.

Segundo ela, uma das principais vantagens de sua faculdade é a oferta de horários e professores diversos para a mesma disciplina, ficando a cargo dos alunos escolher os que melhor lhe convêm. Ela reconhece que existem professores ruins, mas afirma que com um pouco de pesquisa é
possível montar uma grade de aulas satisfatória.

A dificuldade da UFMG em renovar seus laboratórios e oferecer disciplinas práticas para seus alunos fez com que, na avaliação de Lívia Furtado, do 10o semestre, o curso assumisse um caráter eminentemente teórico. "Temos professores que escrevem textos e livros que são indicados em outras faculdades por aqui. Então o que o nosso curso oferece é esse conhecimento", diz a aluna, apontando o absurdo que é sua graduação não possuir um jornal laboratório.

Apesar disso, ela aponta a revista laboratório Outro Sentido como uma experiência enriquecedora: "Ela coloca outro tipo de jornalismo em questão, buscamos um padrão diferente das revistas semanais. Por exemplo, fiz uma matéria sobre uma varredora de rua com a proposta de contar a história daquela personagem. Quando uma semanal aborda esse tipo de questão é estereotipado, fazem as perguntas mais bestas, não conhecem a realidade da pessoa e não tentam se aproximar. Conseguem a fala que eles querem e só", avalia.

... E prática
O Canal da Imprensa é uma revista eletrônica que acredita que a mídia deve prestar contas à sociedade de tudo aquilo que divulga, veicula ou publica. Além disso, ele também é um dos laboratórios produzidos pelos alunos do Centro Universitário Adventista de São Paulo (Unasp),
instituição onde Evanildon Dias cursa seu 5º semestre e que considera possuir um caráter muito mais prático do que teórico. Ele critica sua graduação, apontando a deficiência das disciplinas teóricas, uma vez que na primeira metade da graduação os alunos de Jornalismo e Publicidade compartilham as mesmas aulas. Assim, querendo suprir necessidades diversas, Dias avalia que muitas aulas acabam não conseguindo alcançar satisfatoriamente nenhuma delas, resultando na
baixa qualidade do conteúdo transmitido.

Assim como a PUC-Rio, a UFES está passando por uma reestruturação de seu currículo em busca de mais prática e menos teoria. "O currículo novo traz disciplinas claramente voltadas para o mercado que mais  cresce no Espírito Santo, que é a assessoria de imprensa e a  comunicação organizacional. Não que isso seja um problema em si, esse conteúdo tem que ser trabalhado, mas ao mesmo tempo em que ele é enfatizado a gente não tem disciplinas que trabalhem a questão de
assessorias para instituições sociais ou da comunicação comunitária, por exemplo", cobra Bruna Gatti.


A aluna acredita que o embasamento teórico oferecido por sua faculdade, não só na comunicação, mas em todas as áreas de humanidades, é insuficiente. Segundo ela, pelo papel que um comunicador social desenvolve, um acúmulo de conhecimento maior do que o oferecido pela UFES é fundamental. Além disso, a aluna critica também a falta de apoio da universidade para os projetos de extensão, afirmando que geralmente eles são iniciativas dos próprios estudantes,
que se organizam independentemente. A maioria dos projetos não tem verba e cabe aos alunos levantá-la, acusa também.

Com a palavra, os alunos
Muitas vezes temos uma visão errada do que é um projeto de extensão. Ele é uma troca de conhecimento e não uma inserção de conhecimento nas comunidades. No Jornalismo isso tem sido muito bem feito e esses projetos é que dão vitalidade para o curso, porque não podemos
depender da estrutura deficiente dos laboratórios. Participei do Projeto Manuelzão, que trabalha a comunicação e a preservação junto à comunidades ao redor da bacia do Rio das Velhas, um dos mais poluídos de Minas.
- Lívia furtado 10º semestre da UFMG

Aprendi muito mais no estágio, tive que me virar para aprender o que não foi ensinado em sala. Muitas vezes já liguei para a faculdade e peguei professores nos corredores para tirar dúvidas. Acredito que o aluno não deve depender somente da universidade, temos que buscar
coisas além dela. Se ficarmos esperando aprender tudo que o mercado precisa dentro de uma sala e aula, nunca seremos bons profissionais.

- Evanildon Dias, 5o semestre da Unasp

A maioria dos alunos tem a postura de assistir aula, pegar seu diploma e ir para o mercado do trabalho, sem vivenciar a universidade. Eu acho que é exatamente ai que o CA [Centro Acadêmico] cumpre um papel importante. Geralmente os estudantes se mobilizam mais quando é uma pauta que os atinge em seu cotidiano, como falta de professores. Falta muito, falta criar uma certa consciência pra que os alunos vejam a importância de se mobilizar e se organizar para conseguir de fato um objetivo.
- Bruna Mesquita Gatti, 5º semestre da UFES

Fiz um semestre de Produção Cultural na UFF [Universidade Federal Fluminense] e lá eu era muito mais engajada do que na PUC. Não consigo dizer por que, talvez por lá ser uma universidade pública e enfrentar muitos problemas que não tem aqui. As turmas também são bem diferentes, aqui entram 400 alunos por semestre em jornalismo e lá eram 30.
- Clarice Tenório, 6o semestre da PUC-Rio

A formação do Jornalismo na USP é aquém, não acho suficiente o embasamento teórico oferecido. Não me sinto especialista, não sinto que minha formação acadêmica é sólida e por isso eu penso em fazer uma pós ou até outro curso. Quero ter mais conhecimento de sociologia.
- Eliane Scardovelli, 7o semestre da USP


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 NPC - Núcleo Piratininga de Comunicação * Arte: Cris Fernandes * Automação: Micro P@ge