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Movimento das Mães de Maio luta por justiça e contra impunidade
Por Sheila Jacob
Em 2006, o Estado de São Paulo foi palco de uma das maiores chacinas cometidas em nosso país. Entre os dias 12 e 20 de maio, policiais e grupos paramilitares de extermínio assassinaram cerca de 500 jovens das periferias paulistas. A imprensa da época divulgou o massacre como uma “resposta” aos ataques do Primeiro Comando da Capital (PCC), mas o que ocorreu foi uma verdadeira matança de trabalhadores pobres, negros e moradores de periferias, vítimas históricas da violência do Estado brasileiro. Para lutar contra a injustiça e a impunidade dos responsáveis pela tragédia que ocorreu na semana em que se comemora o Dia das Mães, familiares e amigos das vítimas se organizaram no movimento das Mães de Maio.
“Hoje somos mães do ano todo e do país inteiro, já que a violência estatal contra a população negra, pobre e contra os movimentos sociais ainda é uma triste realidade”, analisa Débora Silva Maria, uma das principais lideranças do movimento. Débora é mãe de Édson Rogério, um jovem de 29 anos que trabalhava como gari em Santos (SP) e foi assassinado no dia 15 de maio de 2006. Após fi car muito debilitada com a perda do filho, ela resolveu unir-se a outros familiares e gritar por memória e justiça. “Um dia eu era uma simples dona de casa e no outro me tornei mãe de vítima dos crimes de maio, quando a polícia matou e a sociedade aplaudiu. Foi então que entrei na luta por um país mais justo”, conta Débora.
Apesar da impunidade dos responsáveis pelo massacre, desde sua criação o movimento tem conseguido dar alguns importantes passos. “Talvez uma de nossas principais vitórias tenha sido rebatizar o episódio. Mudamos de ‘crimes do PCC’ para os ‘crimes de maio de 2006’, pois não foi o PCC que matou nossos filhos. A tal retaliação da polícia veio na forma de crime contra a periferia, porque sabiam que não haveria punição”, relata Débora.
Hoje, as principais reivindicações das Mães de Maio são a federalização dos crimes; o julgamento dos responsáveis pela matança de 2006; a desmilitarização da polícia; e o fim do registro de auto de resistência, que vem justificando inúmeras mortes. Outra bandeira é a criação, no mês de maio, de um Dia Nacional das Vítimas do Estado, lembrando crimes que nunca devem ser esquecidos para que não continuem ocorrendo.
* Texto publicado na Agenda NPC de 2013
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