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Impactados pela Vale denunciam violação de direitos no Brasil e no mundo
Publicado em 17.4.13
Foto: Gerhard Dilger
Na manhã desta quarta-feira, atingidos pela Vale no Brasil e no mundo estiveram
em uma manifestação em frente à sede da empresa no Centro do Rio. Eles denunciaram
impactos ambientais e violações dos direitos em diversos países. A ideia foi apresentar as reivindicações aos acionistas, que fariam uma assembleia hoje no centro, mas a reunião foi transferida para a Barra da Tijuca. “A estratégia da empresa foi tirar a assembleia daqui, o que mostra que estamos incomodando. Podemos considerar uma vitória parcial nessa situação tão desoladora”, analisa a economista Sandra Quintela, do PACS e Jubileu Sul. Ela explica que a denúncia é importante para se conseguir justiça. “Nossa luta é para que possamos ter territórios livres dessa mega mineração. Para que possamos cultivar alimentos e respeitar as minas de água”. Ela lembra ainda que o dia é simbólico porque se completam 17 anos do Massacre de Eldorado dos Carajás, quando 19 sem-terra foram mortos por policiais no Pará. “A manifestação hoje é importante também porque tudo indica que a Vale financiou a repressão em Eldorado dos Carajás. No presente, assim como no passado, é a vida humana que está em risco por esse modelo de desenvolvimento”, avaliou.
No Brasil, por exemplo, a Vale quer transformar a Serra do Gandarela (MG) em uma grande mina, destruindo o aquífero que abastece cinco municípios; em Piquiá de Baixo, no Maranhão, pessoas vivem com sérias doenças respiratórias e de pele por causa das siderúrgicas; em Santa Cruz, Zona Oeste do Rio, a população respira dia e noite poeira de ferro da TKCSA, que pertence à Vale. Além das denúncias de precarização da saúde em nosso país, outras nações também sofrem impactos da empresa brasilera, como os
Estados Unidos, Peru, Moçambique e no Canadá, onde, no ano passado, dois
trabalhadores foram soterrados em uma mina da Vale. Denúncias se contrapõem à propaganda da
empresa
O chileno Cesar Padilla, coordenador do Observatório de Conflitos de Mineração da América Latina, explicou
que a importância do ato de hoje é denunciar os efeitos das políticas da Vale para
se contrapor à propaganda da empresa. “A Vale tem uma política de relações muito
poderosa, que divulga uma imagem de atividades de mineração sustentável,
respeito aos direitos humanos, economia verde e responsabilidade social. Mas uma
realidade totalmente diferente está sendo apresentada aqui: impactos de
contaminação, questão de saúde, falta de respeito aos direitos trabalhistas, é
uma lista grande de violações em vários países”, destacou Padilla. Um dos casos
mais emblemáticos é o do Peru, onde os camponeses de Cajamarca conseguiram,
mobilizados, impedir que a empresa destrua suas terras e polua o meio ambiente.
Foto: Gerhard Dilger
A
moçambicana Gizela Zunguze, da Organização Justiça Ambiental, também esteve
presente para denunciar a violação dos direitos fundamentais em seu país. “Na província
de Tete, a Vale desalojou 1365 famílias de suas zonas férteis e cultiváveis.
Agora essas famílias estão distantes em uma aldeia sem água, sem transporte, em casas muito pequenas e precárias”, informou. Ela também contou que, em 10 de
janeiro de 2012, a população protestou contra a péssima condição de vida a que
muitas famílias estão sujeitas pela Vale, mas o ato foi duramente reprimido
pela polícia. “O Brasil é o novo imperialista na África. Que pena”, concluiu.
Em janeiro de 2012, a Vale foi eleita a pior empresa do mundo pelo prêmio Public Eye Awards, justamente por causar problemas trabalhistas, além de problemas ambientais e sociais.
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