G�nero
Há 102 anos, 129 operárias morreram no incêndio na fábrica de tecidos em Nova Iorque
[Por Bruno Ruivo - 25.03.2013] Há 102 anos atrás, 129
trabalhadoras e dezessete trabalhadores morreram e outras 71 ficaram gravemente
feridas com o ijnfame Incêndio na Fábrica Triangle de Corpetes (Triangle
Shirtwaist Factory Fire), uma indústria de indumentárias femininas que ocupava
os três últimos andares do Asch Building, na esquina de Greene Street e
Washington Place na cidade de Nova Iorque. O "Triangle Shirtwaist Factory
Fire" foi a um só tempo o terceiro desastre mais mortal da História de
Nova Iorque, um das maiores tragédias operárias da pródiga virada do século XIX
para o XX nos EUA, e verdadeiro divisor de águas do movimento feminista
norte-americano.
A esmagadora maioria das vítimas eram mulheres judias e
italianas, jovens e recém-imigradas para os EUA atrás de oportunidades de vida.
Mas a oportunidade que encontraram em Triangle Shirtwaist Factory estava em
grosseira violação de medidas mínimas de segurança trabalhista que efetivamente
não estavam consolidadas pelo Direito estadunidense, ainda vivendo os
estertores da febre "laissez-faire" da galopante industrialização que
viveu no último terço do século XIX (sobretudo entre 1873 e 1893, a chamada
"Era Folheada a Ouro"). A partir do Incêndio na Fábrica Triangle de
Corpetes o movimento sindicalista ganhou tanto fôlego e galvanizou tantos
corações e mentes que o Estado de Nova Iorque se tornou a vanguarda das lutas
populares da chamada "Era Progressista".
Uma das principais líderes do feminismo proletário que tomou
o país de assalto após aquele fatídico dia 25 de março de 1911 foi a líder
judia Rose Schneiderman, uma ideólogoa socialista e um dos maiores ícones do
sindicalismo americano. Ela disse numa homenagem de sétimo dia na Metropolitan
Opera House no dia 2 de abril de 1911:
"Eu seria uma traidora a esses pobres corpos queimados
se eu viesse falar da boa irmandade. Nós julgamos vocês do público e nós
avaliamos uma insuficiência. Nós julgamos vocês cidadãos; estamos julgando-os
agora, e vocês tem alguns dólares para mães, irmãos e irmãs em prantos por meio
de caridade. Mas cada vez que os trabalhadores vêm à tona da única maneira que
sabem para protestar contra as condições que nos são insuportáveis é permitida
que a mão forte da lei nos soterre sob seu peso.
Oficiais públicos nos oferecem somente palavras de
advertência--advertências que devemos ser intensamente pacíficos, e eles têm as
oficinas por trás de todas as suas advertências. Quando nos erguemos, a mão
forte da lei nos esmurra de volta às condições que tornam a vida intolerável.
Não dá pra falar de boa irmandade nessas condições. Sangue
demais foi derramado. Eu sei por experiência própria que só a própria classe
trabalhadora poderá se salvar. A única maneira com a qual podem se salvar é com
um forte movimento da classe trabalhadora."
Fica aqui minha homenagem às vítimas e
sobreviventes do Incêndio da Fábrica Triangle de Corpetes, à toda classe
trabalhadora internacional, a todas as mulheres do mundo, e sobretudo às
mulheres socialistas como Rose Schneiderman que lideram o proletariado na
construção de sindicatos fortes e honestos que consigam disputar a pauta
política de uma sociedade.
Núcleo
Piratininga
de Comunicação
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