Cidades
A DISPUTA PELA TERRA NO RIO - exposição para etapa avançada do Curso de Comunicação Popular
NPC 9/3/2013 - 14às 16h
Exposição Maria de Fátima Tardin Costa[i]
A DISPUTA PELA TERRA
Introdução
Em
minha trajetória político-profissional e militante vivenciei uma experiência
compreendida nos limites do que se convencionou chamar de luta pela Reforma Urbana
(RU) no Brasil. Assim, estabeleci uma relação orgânica com esse campo
político-intelectual da RU e com movimentos de luta por terra e moradia na
cidade.
Essa
experiência levou a que eu me defrontasse com o fracasso da lógica desse
movimento articulado em torno do projeto da RU no sentido de pensar uma
alteridade radical ao Capital, ou, ao menos, no sentido de fazer o
enfrentamento contra as desigualdades sócio-territoriais da produção
capitalista da cidade. No intuito de obter uma compreensão da problemática
urbana e na tentativa de buscar embasamento teórico para essa minha intuição
militante, me dediquei, nos últimos 10 anos, também aos estudos acadêmicos:
Especialização no IPPUR UFRJ (2001 – 2002), Mestrado em Direito da cidade na
UERJ (2003 – 2005) e, Doutorado em Psicologia social da UERJ, (2008-2012). A compreensão que adquiri com
essa busca de crescimento intelectual, de que esta forma de dissolução passiva
a que chegamos, na sociedade capitalista, em progressivo processo de incremento
da urbanização do planeta, não nos leva muito longe, entretanto, torna mais
apurada a percepção diante do que está acontecendo de deformação desastrosa no
real. Não existe mais a expectativa de que o progresso técnico seja a condição
para a emancipação humana, pois o tão desejado crescimento econômico já não
produz nada além de destruição, ou seja, para o bem e para o mal, o capitalismo
já cumpriu seu papel histórico. Esta exposiçã[ii]o
está orientada para, de forma sintética, atender às questões apresentadas pela
organização deste curso:
Quem são os donos da terra no Rio de Janeiro?
De fato, para os
propósitos deste debate, não importa muito quem são os donos da terra, mas sim
como o Estado controla e disponibiliza o uso e ocupação do solo urbano no Rio
de Janeiro. Não só no Rio de Janeiro, mas em todo o país. Aliás, o que
interessa compreender é que na produção capitalista da cidade, a cerca jurídica
da terra, a legislação urbanística e ambiental e o planejamento urbano, têm
sido apenas instrumentos que o Estado detém para legitimar os interesses especulativos
do mercado imobiliário. Exemplos recentes no Rio de Janeiro são: o Projeto da
Zona Portuária; os casos da Vila Autódromo, na Barra; da Vila das Torres, em
Madureira e; de comunidades “removidas” ao longo da Via Transoeste como foi a
Vila Harmonia. (mostrar imagens de projeto da Transoeste/Vila Harmonia)
Qual o espaço destinado aos pobres no
Rio de Janeiro?
Este
tempo, neste mundo sistêmico em que vivemos, merece ser pensado em sua
particularidade, ele tem algo de novo que não repete o passado e, para
responder a esta pergunta, aproprio-me do conceito de “sem-propriedade”, modo
pelo qual Elizete Menegat[iii]
denomina aquele que se contrapõe ao proprietário moderno, “o seu Outro”, o que
é “excluído do espaço privado e do espaço público, do urbano e do rural” na
sociedade moderna. Nas palavras da autora, “ao recriar a propriedade privada, o
proprietário moderno criou o seu Outro, o sem-propriedade”, fato vinculado à noção moderna de
ordem e desordem. Ainda segundo E. Menegat:“Na antiguidade, o sem-propriedade,
ao ser escravizado, ocupava um lugar na propriedade do seu senhor[iv]. Na
Idade Moderna, o sem-propriedade torna-se um vagabundo.”[v]
Esta
é uma particularidade deste tempo de barbárie civilizatória, que nos interessa
pensar de modo especial, afinal, “a
pobreza periurbana- (...) – é a nova face radical da desigualdade”[vi], e
“somente a favela continua a ser solução totalmente permitida para o problema
do armazenamento da humanidade excedente deste século.”[vii] Esta população de
sem-propriedades urbanos, cresce, por ano, 25 milhões de pessoas, de acordo com
o UN-Habitat. Embora este dado quantitativo seja assustador, o que Davis
denomina de Planeta Favela é resultado de uma história relativamente recente,
pois embora a primeira favela, no Rio de Janeiro - Morro da Providência -,
tenha surgido na década de 1880, “a maioria das megafavelas cresceu a partir da
década de 1960.”[viii]
O
crescimento generalizado de favelas em todos os continentes, como expõe Mike Davis,
virou objeto de pesquisa e estudo para instituições internacionais e de
previsões como as do Banco Mundial que, na década de 90, advertia para que a
pobreza urbana se tornaria ‘o problema mais importante e politicamente
explosivo do próximo século.”[ix]
Desde os primeiros registros em estudos científicos, no século XIX, as áreas
ocupadas pelos “sem-propriedade urbanos são identificadas com o crime, o lugar
onde habitava um ‘resíduo’ social incorrigível e feroz”[x] Não por acaso, slum area é favela em inglês, pois slum, segundo Davis, “é sinônimo de racket, ‘estelionato’ ou ‘comércio
criminoso’”[xi].
Eduardo Paes e o projeto do capital para o Rio de Janeiro
A
contenção dos conflitos estruturais do capitalismo despolitiza a economia e,
consequentemente, despolitiza também o campo da política. Neste contexto, a
oposição da esquerda foi excluída da esfera oficial da política, como se
assiste a cada disputa eleitoral. A pós-política democrática substitui o
confronto ideológico entre “partidos” com plataformas políticas diferentes, por
convergências e negociações de interesses. Dentro desta lógica, as diferenças
entre esquerda e direita desaparecem e a despolitização da economia é regra,
pois o objetivo é gerenciar a crise
social para maximizar a acumulação de capital. Neste sentido, os liberais, a esquerda soft e os conservadores, enfim, todos aqueles que reconhecem no
capitalismo o horizonte último e insuperável da humanidade, revezam-se nos
governos, limitando-se a apresentar formas concorrentes de administrar as
crescentes desigualdades sociais, a impiedosa destruição da natureza e o
desemprego estrutural, enfim, toda a barbárie pós-moderna.
O que ocorre no Rio de Janeiro é reflexo
disso: o governo de coalizão, em que o Prefeito, tem origem política na
tradição conservadora da direita e o PT, em uma das secretarias que ocupa, a de
Habitação, cumpre o papel de gerenciar, desde 2009, as remoções de milhares de
moradores pobres de suas comunidades. Mas este não é um fenômeno específico
desta cidade. O mesmo vem ocorrendo em diversas cidades brasileiras: Belo
Horizonte, Porto Alegre, Salvador, etc. Em São Paulo, por exemplo, matéria
divulgada em Carta Maior em outubro passado dizia que as “Remoções podem afetar
mais de 100 mil pessoas na capital paulista.” O levantamento é do Observatório
de Remoções feito em apenas sete casos de obras públicas.[xii]
Rio de Janeiro
Foi no recenseamento de 1950 que o IBGE definiu a favela como
uma categoria nacional. Dados do IBGE também demonstram que nas regiões
metropolitanas de São Paulo e Rio de Janeiro, nas décadas de 1950 e 1960, a migração foi a principal responsável
pelo crescimento demográfico e, a localização das favelas seguiu o caminho da
industrialização, ou seja, a população se amontoava em áreas próximas ao
mercado de mão de obra “não-qualificada” onde os negócios imobiliários ainda
não se apresentavam tão lucrativos. Segundo Chico de Oliveira, foi em 1956, a primeira vez que a renda do
setor industrial superou a da agricultura[xiii]
Até
o início da década de 1950, no Rio de Janeiro, a orla da zona sul da cidade, ainda não havia sido objeto de
especulação imobiliária e era ocupada por “habitantes da cidade que ali
construíram suas habitações precárias, sem água ou esgoto”[xiv].
Segundo Santos, havia:
(...) quatro
favelas totalizando mais de 13 mil moradores [que] ocupavam todo o espaço da
encosta da Rua Sacopã até a Catacumba e parte da Gávea e do Leblon, local onde
hoje fica o Clube de Regatas do Flamengo. As margens da Lagoa, na Avenida
Borges de Medeiros eram ocupadas por barracos de madeira, que ficavam perto do
clube Piraquê e da Hípica. A favelização desta área nobre da cidade ocorreu a
partir da década de 1930 e terminou no final dos anos 1960, com a remoção da
favela da Ilha das Dragas.[xv]
Na
década de 1960, a repressão contra as favelas do Rio de Janeiro tornou-se tão
grave que foi criada “uma alternativa de organização autônoma dos favelados
para resistir ao remocionismo” [xvi],
política de remoção de favelas do governo do Estado da Guanabara, conduzida
diretamente pelo Governador Carlos Lacerda e sua Secretária de Serviços
Sociais, Sandra Cavalcanti. Conforme registra Santos:
Durante o processo de remoção da favela
do Pasmado, vinte e oito associações surpreenderam os poderes públicos num
processo de disputa pelo espaço urbano, quando resolveram se organizar em
federação e empreender uma luta contra o remocionismo. Dessa forma foi criada,
em junho de 1963, a Federação das Associações de Moradores do Estado da
Guanabara (FAFEG) com o objetivo de organizar a luta contra as remoções de
favelas.[xvii]
Santos também registra que
“naqueles momentos que antecederam o golpe civil-militar de 1964 e a
implantação da ditadura militar no país” as discussões sobre as reformas de
base preocupavam os setores dominantes e animavam os classes populares,
“incluídos os favelados da Guanabara”. Para a autora, estava claro que haveria
“uma grande alteração das forças políticas” e que, daí, “emergiria uma nova
realidade social no país”.[xviii]
O primeiro semestre de 1963 foi de total efervescência para o movimento de
favelados do Rio de Janeiro, que se organizou para enfrentar a repressão do
Governo Lacerda que queria “acabar com a desordem urbana” eliminando as favelas
do “cenário da cidade”. [xix]
Historicamente,
as favelas brasileiras são alvos de “remoções”, promovidas pelo Estado para
atender a interesses privados. Hoje, as justificativas são variadas: da
necessidade de preservação ambiental, de garantia da ‘ordem’ e de “área de
risco” ou, quando não cabe nenhuma dessas justificativas, muitas vezes, à
força, a base do constrangimento e cooptação de moradores e do uso de máquina
pública, conforme denunciava, em 2007, a publicação “A luta por moradia e a
política urbana no Rio de Janeiro.”[xx]
Para
uma crítica na perspectiva de superação desta realidade, é necessário
enxergá-la para além das aparências, pois este tempo tem algo de novo que não
cabe nas concepções reformistas de uma visão de esquerda, limitadas ao Estado
burguês e funcionalista. Nos termos do que expõe Kurz, “antes de mais nada”, o
que importa é elaborar um:
(...) novo princípio
de emancipação social, firmá-lo sobre os pés e explicitá-lo em suas qualidades
antieconômicas e antipolíticas, em vez de abandonar a questão da crítica
radical e da emancipação ao descompromissado plano metafórico e continuar a
pensar e agir dentro de antigas categorias reais e conceituais do mercado e da
política.[xxi]
É
fundamental salientar, neste contexto, o papel preponderante que tem a Imprensa
na legitimação, pelo discurso da racionalidade técnica, da ideia de que a
favela constitui um risco para a sociedade. A imprensa tem um papel decisivo “na
disseminação de uma representação social historicamente construída concernente
às categorias “favela” e “favelado” que as associavam à falta de higiene e à
marginalidade.” [xxii]
Nos últimos oito anos, em especial, a partir de 2005, pelo menos no Rio de
Janeiro, o discurso favorável à remoção de favelas voltou a ser assumido
publicamente pelo Estado e pela Imprensa[xxiii], em manchetes
rotineiras.
Dessa
forma, considerando a lógica de barateamento do custo de reprodução capitalista
da cidade um dos modos de acumulação por espoliação urbana e, considerando o
recrudescimento das remoções de favelas, faz sentido dizer que tais áreas tem
se constituído como reserva de terra para o capital especulativo. Mas o que
haveria de diferente nas remoções de favelas da década de 1960 em relação às
remoções deste século, visto que elas continuam sendo promovidas, pelo Estado,
para atender a interesses privados (expulsando os pobres para áreas mais
distantes e assim criar novas oportunidades para o mercado imobiliário)?
Cabe
dar destaque a dois fatores que as diferenciam: hoje, pelo esgotamento do
capitalismo, o nível de espoliação urbana é muito maior e, neste caso, estas
favelas em áreas valorizadas se constituíram como reserva de terra para a
expansão do capital especulativo, o que deixa a população inempregável e
descartável em situação de maior fragilidade social para permanecer no local;
e, uma segunda questão é que há um refinamento na estratégia de governo ao
promovê-las. Tais remoções são viabilizadas por políticas de segurança com a
"pacificação" das UPP’s e se utilizando de instrumentos como a
regularização fundiária[xxiv],
o que facilita a inserção dos moradores no mercado[xxv] "legal" de
imóveis. Este é um excelente exemplo de Gestão da barbárie civilizatória que o
governo brasileiro[xxvi]
vem fazendo e da perversidade que esta situação pode alcançar[xxvii].
Um primor, pelo planejamento e pelo "amplo" apoio que vem conseguindo
da sociedade!
Para
nortear nossa reflexão a respeito desse processo de exclusão social
contemporâneo, buscamos apoio em Schwarz que, em entrevista, fala dos excluídos
de hoje e da “trivialidade” dos “desvios” nos “campo da norma e da infração”,
em nossa formação: “Assim, a irregularidade e o salve-se-quem-puder em que vivem
os pobres é um lado da moeda; o outro é a prerrogativa que têm os ricos de
abusar e transgredir, “legitimada” às vezes pelo exemplo popular.”[xxviii]
Em continuidade, o autor conclui
Dito isso, a
exclusão não é a mesma em nossos séculos XIX e XXI, embora haja em comum a
falta de dinheiro e de direitos. Num caso, o contexto era a sociedade
escravista, que a certa altura se torna abolicionista e, decênios depois,
desenvolvimentista, aspirando à dignificação do trabalho e à superação da
herança colonial; no outro, o contexto é a vitória avassaladora do capital
sobre os movimentos operários, carregada de consequências sociais regressivas,
entre as quais uma certa desmoralização de alto a baixo, proveniente da nova
unilateralidade. Com idas e vindas, abolicionismo e desenvolvimentismo eram
ascensionais; ao passo que o movimento atual, a despeito de dois presidentes
originários da esquerda, participa da vaga mundial de aprofundamento do
capitalismo e de sua destrutividade social.[xxix]
Nesse
contexto, faz sentido que Brito, em sua tese – “Acumulação (democrática) de
escombros” -, tenha, como delimitação espacial da sua pesquisa, “uma atenção
especial ao Rio de Janeiro”[xxx],
para expor o uso da “articulação de mecanismos coercitivos e compensatórios” na
“gestão’ das contradições e conflitos sociais”, no atual contexto de crise
estrutural do capitalismo. O caso do Rio de Janeiro é emblemático no sentido de
expor a dinâmica excludente imanente do capital[xxxi]: cidade onde,
especialmente, como destaca Schwarz, “a massa sem ocupação certa, obrigada a
levar a vida ao acaso dos serviços, dos favores, das proteções e das gatunagens
criou um modo de ser próprio”[xxxii]
e; em especial, na contemporaneidade, em seu modo de acumulação capitalista por
espoliação urbana. De grande importância história e política para o País;
capital por quase 200 anos, até 1960; cidade de muitos planos urbanísticos[xxxiii];
o Rio de Janeiro passou por várias “reformas urbanas”[xxxiv] e; onde, ainda no século
XIX, não por acaso, surgiu a primeira favela que se tem registro, o Morro da
Providência.[xxxv]
Também não é por acaso que esta favela está, hoje, inserida no projeto de
“revitalização” do Porto do Rio e submetida ao processo de gentrificação
decorrente.[xxxvi]
No contexto da atualidade da crise estrutural do capitalismo global e de
acumulação por espoliação e consequente intensificação de disputas pelo
território em áreas valorizadas pelo mercado imobiliário, no Rio de Janeiro, o
aspecto da desordem e da insegurança urbanas são supradimensionados. Neste
ambiente, o planejamento urbano e a regulação urbanística, tradicionalmente,
reprodutores das desigualdades e privilégios da cidade, transformam-se em
instrumentos fundamentais para o apoio às políticas coercitivas e
compensatórias na gestão das contradições e conflitos sociais[xxxvii].
Referências complementares
HARVEY, David. O
enigma do capital: e as crises do capitalismo. Tradução de Alexandre Peschanski.
São Paulo, Boitempo, 2011a.
KURZ,
Robert. Razão Sangrenta. Ensaios sobre
a crítica emancipatória da modernidade capitalista e de seus valores ocidentais.
Tradução de Fernando R. de Moraes Barros. São Paulo: Hedra, 2010.
______. O nome do sujeito: o sujeito na sociedade
burguesa é o capital, no comunismo será a sociedade autoconsciente. In: Ecos da IX Jornada do Trabalho. Revista
Pegada. Vol. 9 n.2. Dez, 2008. p.2. Disponível em: http://www4.fct.unesp.br/ceget/PEGADA92/02MARILDO.pdf.Acessado
em 5/11/2011.
OLIVEIRA, Francisco de.
Os direitos do antivalor. A
economia política da hegemonia imperfeita. Vozes, Petrópoles, Rio de Janeiro, 1998.
SCHWARZ, Roberto. Cultura e política, 1964-1969. In SCHWARZ, Roberto. Cultura e Política. São Paulo:
Paz e Terra, 2009.
[i]
Arquiteta, Urbanista, Mestre em Direito da Cidade e Doutora em Psicologia
Social
[ii]
Principalmente, a partir dos estudos desenvolvidos para o doutorado no
PPGPS/UERJ, no Projeto de Pesquisa – História
Oral da Reforma Urbana e na elaboração da tese Ideologia e utopia no ocaso da reforma urbana no Brasil.
[iii]
Apoiada no conceito de Engels - “classe não proprietária” -, a “classe operária” pela
posição que ocupa na divisão do espaço social. MENEGAT, Elizete. Limites do Ocidente: um roteiro para o
estudo da crise de formas e conteúdos urbanos. Tese (Doutorado). IPPUR/UFRJ, Rio
de Janeiro, 2003
[iv] Na
condição jurídica de servo, lhe “era assegurada a sua reprodução –mesmo que
indignamente - na propriedade privada” de seu senhor, já “o sem-propriedade
moderno não encontra lugar definido no espaço do Ocidente”. MENEGAT, E.
2003.p.22
[v]
MENEGAT, E., 2003, p. 162.
[vi]
DAVIS, Mike. Planeta Favela. Trad.
Beatriz Medina. São Paulo: Boitempo, 2006. p. 201.
[vii]
DAVIS, 2006, p. 200.
[ix]
DAVIS, 2006, p. 31-33.
[xiii]
OLIVEIRA, Francisco. Crítica à razão dualista. O
ornitorrinco. São Paulo. Boitempo, 2003.p. 35
[xiv]
SANTOS. Eladir Fátima Nascimento dos. E
por falar em
FAFERJ... Federação das Associações de Favelas do Estado do
Rio de Janeiro (1963 – 1993) – memória e história oral. Dissertação
(Mestrado em Memória
Social), Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro,
Rio de Janeiro, 2009.p.57
[xvi]
Os anos 60, período de violência contra as favelas localizadas em bairros
cariocas que passaram a ser considerados nobres pelo mercado imobiliário,
entrou para a história e virou uma referência simbólica da luta por moradia.
Carlos Lacerda e Sandra Cavalcanti, na memória de militantes e pesquisadores,
até hoje, “são identificados como ‘removedores’ de favelados e autores de
incêndios criminosos em favelas”, conforme demonstra Santos em sua dissertação. SANTOS, 2009.p.51
[xvii] A entidade
passa a ser designada como FAFERJ, a partir abril de 1975, quando ocorreu “a
fusão do estado da Guanabara com o estado do Rio de Janeiro, ato que acarretou
o desaparecimento da Guanabara como estado da federação”. SANTOS.2009.p20
[xx]
FÓRUM POPULAR DE ACOMPANHAMENTO DO PLANO DIRETOR, IPPUR/UFRJ; SARJ. A Luta por Moradia e a Política Urbana no
Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: IPPUR/UFRJ, 2007
[xxi] KURZ, Robert. Os últimos combates.
Petrópolis, RJ: Vozes, 1997. p. 338-339.
[xxiii]
Em 22 de setembro de 2005, o Editorial de O Globo era favorável à remoção de
favelas
[xxiv] Digo isso,
porque as áreas ocupadas pelos sem-propriedades, publicas ou privadas, ainda
hoje, por ocuparem áreas frágeis (beiras de rios, lagoas, mananciais e
encostas) estão protegidas por legislação ambiental e urbanística e são
non-aedificandi ou com legislação muito restritiva, em sua maioria. Portanto não
seriam potencialmente de interesse ao mercado imobiliário. A diferença é que,
hoje, paralelamente, fundamentado pelos instrumentos do Estatuto da Cidade,
estas áreas também estão sob o "regime" de uma política de
segurança -UPP- e, em processo de regularização urbanística e fundiária, o que
permite sua inserção no "mercado".
[xxvi]
A política de remoções vem sendo feita travestida de política habitacional
através dos programas governamentais Minha Casa Minha Vida, Morar Carioca, PAC
e, muitas vezes, com a mediação de Comissão de Mediação de Conflitos que conta
em sua composição com companheiros de movimentos populares que reivindicam a
Reforma Urbana.
[xxvii]
Cito alguns casos de favelas removidas recentemente, ou em processos de
remoção, por estarem inseridas em áreas de abrangência de obras públicas,
necessárias à realização de grandes projetos que representariam a modernização
e benefícios para todos.: Providência/ Porto maravilha; Vila Autódromo/ Jogos
Olímpicos; Favela do Metrô e Belém – Belém/ Copa do Mundo; Vila das Torres/ Parque
Madureira; Vila Recreio/ Via Transoeste
[xxviii]
SCHWARZ. Agregados
antigos e modernos. (Entrevista). In: Martinha versus Lucrécia. Entrevista e ensaios. 1ª edição. Companhia das
Letras, São Paulo, 2012.p.175
[xxix]
SCHWARZ.2012.p.175-176.
[xxx]
BRITO, Felipe Mello da Silva. Acumulação
(democrática) de escombros. Tese (Doutorado) - Serviço Social UFRJ, 2010.p.14
[xxxi]
Caio Prado, em especial no capítulo “Vida social”, de sua obra “Formação do Brasil contemporâneo”,
expõe “as condições gerais em que se constitui a massa popular” que vivia “à
margem da ordem social” aliada ao “sistema econômico da produção colonial” e
que forma, nas cidades e no campo, “a casta numerosa de ‘vadios’”. Como
descreve o autor: “Nas cidades, os vadios são mais perigosos e nocivos, pois
não encontram, como no campo, a larga hospitalidade que lá se pratica, nem
chefes sertanejos prontos a engajarem sua belicosidade. No Rio de Janeiro era perigoso transitar só e desarmado em lugares
ermos, até em pleno dia.” (grifo nosso) (PRADO JÚNIOR, Caio. Formação
do Brasil contemporâneo. São
Paulo: Brasiliense, 2008. p. 282)
[xxxii]
Segundo Schwarz, como analisa Antonio Candido em “Dialética da malandragem.”
SCHWARZ.2012.p.175
[xxxiii]
Uma leitura de densidade sobre os planos e a evolução urbana do Rio de Janeiro,
ver ABREU, M. de A. A evolução urbana do
Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: IPP, 2008 e REZENDE, Vera. Planejamento urbano e ideologia: quatro
planos para a cidade do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira,
1982)
[xxxiv]
Há consenso entre autores de que há uma relação estreita entre as reformas
urbanas e o adensamento da população nos morros do Rio de Janeiro. (COSTA, M.
de Fátima Tardin; VAZ, Cibele Mariano. A ocupação espacial da cidade como
produtora de segregação sócio-territorial: a subjetividade construída na
desigualdade. Anais de II. Congresso
Latino-americano de Estudantes de Psicologia. COLAEPSI. Paraguai. 7 a
11/10/2009)
[xxxv] Segundo
Valladares (2000) o Morro da Providência alçado como arquétipo da favela,
passou a inspirar todo o pensamento e a percepção, relativos a esse espaço,
apreendido como precário, desordenado, temporário e o contraponto da cidade.
(COSTA; VAZ, 2009 e BARBOSA, J. L. O ordenamento territorial urbano na era da
acumulação globalizada. In: Território,
Territórios. Ensaios sobre o ordenamento territorial. DP&A Editora,
2006)
[xxxvi]
“O termo “gentrificação”, sinônimo de “enobrecimento urbano”, ainda não consta
nos dicionários de português e designa um conjunto de processos de
reorganização e revitalização do espaço urbano. Esses planos, organizados pelos
governos e a iniciativa privada, costumam provocar, entre outras coisas, a
expulsão de milhares de moradores das classes subalternas de seus espaços
tradicionais, que, depois disso, passam a ser muito mais valorizados. A
especulação imobiliária, um dos fenômenos mais visíveis da crise estrutural do
capital, é evidentemente a alavanca desse “enobrecimento” de nossas degradadas
metrópoles.”. OLIVEIRA, Maurício. A Persistência do Mesmo na Inquietude
Turbulenta do Mundo: Fredric Jameson e o Ocaso da História na Pós-modernidade.
Dissertação de Mestrado Serviço Social UFRJ. 2008.p.104-105
[xxxvii]
Há quatro anos, a cidade do Rio de Janeiro tem um governo de coalizão de
“esquerda”, de alianças interpartidárias, alinhado nas três instâncias de poder
do Estado (federal, estadual e municipal) e articulado em um pacto federativo e
socioterritorial para desenvolver uma política nacional de desenvolvimento
urbano.
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